sexta-feira, 17 de maio de 2024

ONU mapeia potenciais parceiros para reparação de danos morais coletivos em Maceió


O UNOPS, organismo da ONU especializado em gestão de projetos e programas, lançou um chamado público para lideranças comunitárias, coletivos e Organizações da Sociedade Civil (OSCs) interessadas em colaborar com a reparação de danos morais coletivos em Maceió.

A ação integra o Programa Nosso Chão, Nossa História, que busca reparar os danos extrapatrimoniais decorrentes do afundamento do solo ocorrido em cinco bairros da capital alagoana, como consequência da extração de sal-gema pela mineradora Braskem.

O mapeamento busca dimensionar o trabalho dos grupos que executam projetos de interesse social e verificar qual a demanda por formalização e capacitação, para que se aumente a participação da sociedade civil organizada.

Legenda: Imagem do bairro Pinheiro, um dos cinco bairros afetados pelo afundamento do solo. 
Foto: © Jonathan Lins/Prefeitura de Maceió


O Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS) lançou, nessa quinta-feira (2), um chamado público para lideranças comunitárias, coletivos e Organizações da Sociedade Civil (OSCs) interessadas em colaborar com a reparação de danos morais coletivos em Maceió, em função do afundamento de cinco bairros da capital alagoana. O objetivo é criar um banco com informações sobre possíveis parceiros para a implementação do programa de reparação, batizado de Nosso Chão, Nossa História

O programa foi instituído pelo Comitê Gestor dos Danos Extrapatrimoniais (CGDE), grupo criado no âmbito do acordo socioambiental firmado em 2020, que responsabilizou a Braskem pela reparação dos danos morais coletivos causados pelo afundamento nos bairros Pinheiro, Bom Parto, Mutange, Bebedouro e Farol. Serão implementados R$150 milhões em quatro anos, por meio do programa operacionalizado pelo UNOPS, cujas prioridades são definidas pelo Comitê Gestor.  

O mapeamento dos potenciais parceiros é etapa fundamental para a implementação do programa. "Com esse banco de dados, teremos contatos e informações sobre as áreas de atuação de organizações da sociedade civil e grupos que atuam em Maceió, para saber como eles podem apoiar a execução do Nosso Chão, Nossa História, destaca Dilma Marinho de Carvalho, presidenta do CGDE. A expectativa é que os primeiros editais para a implementação de projetos sejam lançados em junho.

Os interessados devem preencher o formulário com informações sobre sua área de atuação, histórico de trabalho e participação social. É necessário também fornecer dados sobre a relação com os bairros atingidos. "Encorajamos a participação de  coletivos e lideranças comunitárias, independentemente de seu registro formal. Isso porque, no futuro, o programa deve oferecer capacitações e fomento a organizações da sociedade civil, para garantir uma ampla representação", afirma o gerente do programa pelo UNOPS, Bernardo Bahia. 

Com esse mapeamento, o UNOPS e o Comitê Gestor esperam dimensionar o trabalho das OSCs e outros grupos para executar projetos, classificando-os por área de atuação e capacidade técnica. Além disso, espera-se verificar qual a demanda por formalização e outros tipos de capacidades, para promover atividades que aumentem a participação da sociedade civil organizada. 

"O desastre da mineração de sal-gema causou intensos danos morais coletivos, cuja reparação está sendo endereçada segundo os anseios da própria comunidade, representada pelo Comitê Gestor. Com o mapeamento das organizações da sociedade civil locais, será possível viabilizar o engajamento dos munícipes na execução das ações reparatórias, garantindo assim a participação direta da população nesse processo de reconstituição de vidas e superação de dores", diz Juliana Câmara, procuradora da República do Ministério Público Federal de Alagoas, responsável pelo acordo que permitiu o repasse dos recursos.


Programa Nosso Chão, Nossa História

Resultado da ação civil pública nº 0806577-74.2019.4.05.8000 representada pelo Ministério Público Federal de Alagoas, que responsabilizou a Braskem pela reparação dos danos ocorridos a partir do afundamento de cinco bairros de Maceió, as atividades e projetos do Programa Nosso Chão, Nossa História são definidos pelo Comitê Gestor dos Danos Extrapatrimoniais (CGDE) e operacionalizados pelo UNOPS. A iniciativa busca reparar danos coletivos extrapatrimoniais (relacionados, por exemplo, à memória, à saúde mental coletiva e ao empreendedorismo), com incentivo ao desenvolvimento. Em breve, o programa terá site e Instagram, para divulgação das ações e editais.


Serviço

Chamada para mapeamento de lideranças, coletivos e OSCs - Programa Nosso Chão, Nossa História
Quando: a partir do dia 2 de maio
Como: https://forms.gle/hqRGyebXBv2oi4BfA 
Em caso de orientações e dúvidas, as pessoas poderão entrar em contato no (82) 99334-2949

Sistema das Nações Unidas no Brasil
••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••
Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável  Site da ONU Brasil  Instagram  Twitter  YouTube  Vimeo  Facebook  Cadastro


El Niño e impactos das mudanças climáticas afetam a América Latina e o Caribe em 2023


Um duplo choque de El Niño e mudanças climáticas de longo prazo atingiu a América Latina e o Caribe em 2023, de acordo com um novo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM). 

Seca, calor e incêndios florestais, chuvas extremas e um furacão recorde tiveram grandes impactos na saúde, segurança alimentar e energética e no desenvolvimento econômico.

A elevação do nível do mar ameaça áreas costeiras e acelera o recuo das geleiras.

Região da América Latina e Caribe fica para trás na prestação de serviços meteorológicos e climáticos, mas estratégias integradas de clima e saúde estão progredindo.

Seca no Amazonas, Brasil, em 2023.Legenda: Seca no Amazonas, Brasil, em 2023. Foto: © Agência Brasil/Rafa Neddermeyer


Um duplo choque de El Niño e mudança climática de longo prazo atingiu a América Latina e o Caribe em 2023, de acordo com um novo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM). Seca, calor e incêndios florestais, chuvas extremas e um furacão recorde tiveram grandes impactos na saúde, segurança alimentar e energética e no desenvolvimento econômico.

O relatório Estado do Clima na América Latina e no Caribe 2023 da OMM confirmou que o ano passado foi de longe o mais quente registrado. O nível do mar continuou a subir a uma taxa mais alta do que a média global em grande parte da porção atlântica da região, ameaçando áreas costeiras e pequenos Estados insulares em desenvolvimento.

"Infelizmente, 2023 foi um ano de riscos climáticos recordes na América Latina e no Caribe", disse a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo.

"As condições de El Niño durante a segunda metade de 2023 contribuíram para um ano recorde de calor e exacerbaram muitos eventos extremos. Isso se combinou ao aumento das temperaturas e eventos extremos mais frequentes e intensos devido às mudanças climáticas induzidas pelos seres humanos", disse ela.

"O furacão Otis se intensificou rapidamente antes de chegar à terra, atingindo Acapulco, no México, como um devastador furacão de Categoria 5, com dezenas de mortes e vários bilhões de dólares em danos. Inundações causaram miséria em muitas partes da região. Uma intensa seca reduziu o Rio Negro, em Manaus, na Amazônia brasileira, para seu nível mais baixo em mais de 120 anos de observações, e interrompeu severamente o transporte através do Canal do Panamá", disse Celeste Saulo.

O relatório Estado do Clima na América Latina e no Caribe, acompanhado de um mapa de histórias interativo, complementa o principal relatório Estado do Clima Global da OMM. Ele embasa decisões sobre mitigação das mudanças climáticas, adaptação e gerenciamento de riscos em nível regional.

O relatório destaca a necessidade de mais investimentos nos Serviços Meteorológicos e Hidrológicos Nacionais para fortalecer previsões e alertas precoces que salvam vidas. Na América Latina e no Caribe, 47% dos Estados-membros da OMM fornecem apenas serviços meteorológicos "básicos ou essenciais". Apenas 6% fornecem serviços "completos ou avançados" para apoiar a tomada de decisões em setores sensíveis ao clima.

Avanços na integração de dados meteorológicos à vigilância da saúde (com foco em doenças) refletem um movimento em direção a estratégias de saúde pública mais fortes. Mas ainda há muito espaço para melhorias diante dos crescentes riscos relacionados ao clima para a saúde. Isso inclui ondas de calor, poluição do ar, insegurança alimentar e doenças transmitidas por mosquitos como a dengue, de acordo com um capítulo especial no relatório.

O relatório inclui contribuições dos Serviços Meteorológicos e Hidrológicos Nacionais, centros climáticos regionais, parceiros das Nações Unidas, universidades e institutos de pesquisa e especialistas da OMM.


Mensagens-chave

 

Tendências de temperatura para as sub-regiões do Caribe, México, América Central e América do Sul, para períodos de 30 anos. As barras coloridas mostram a tendência média calculada para cada período a partir de seis conjuntos de dados internacionais. As linhas verticais pretas indicam os intervalos das seis estimativas.Legenda: Tendências de temperatura para as sub-regiões do Caribe, México, América Central e América do Sul, para períodos de 30 anos. As barras coloridas mostram a tendência média calculada para cada período a partir de seis conjuntos de dados internacionais. As linhas verticais pretas indicam os intervalos das seis estimativas.


Temperatura: A temperatura média de 2023 foi a mais alta já registrada, 0,82°C acima da média de 1991–2020 e 1,39°C acima da base de 1961–1990. O México experimentou a taxa de aquecimento mais rápida na região, cerca de 0,3°C por década, de 1991–2023.

Precipitação: A transição de La Niña para El Niño no meio do ano causou uma grande mudança nos padrões de chuva, com muitas áreas mudando de seca/inundações relacionadas à La Niña para o extremo oposto. O Brasil foi um exemplo disso.

Inundações e deslizamentos de terra levaram a intensas perdas de vidas e econômicas. Em São Sebastião, Brasil, 683mm de chuva acumularam em 15 horas em fevereiro, desencadeando um deslizamento de terra que resultou em pelo menos 65 mortes. Muitas outras cidades no Brasil também foram atingidas por chuvas excepcionais durante o ano, causando deslocamentos e grandes perturbações.

Uma perturbação tropical se moveu pelo Caribe em 17 de novembro, trazendo chuvas torrenciais para Jamaica, Haiti e República Dominicana, com pelo menos 21 pessoas perdendo a vida na República Dominicana, que registrou um novo recorde de precipitação diária de 431mm.

Secas intensas e severas, exacerbadas por ondas de calor, afetaram grandes áreas da América Latina durante 2023, incluindo grande parte da América Central. No final do ano, 76% do México estava experimentando algum grau de seca.

A seca tornou-se cada vez mais generalizada na metade norte da América do Sul conforme o ano avançava e o El Niño se estabelecia. As chuvas de junho a setembro ficaram bem abaixo da média em grande parte da Bacia Amazônica. Oito estados brasileiros registraram sua menor precipitação de julho a setembro em mais de 40 anos. O Rio Negro na Amazônia atingiu o nível mais baixo desde o início das observações em 1902.

No Canal do Panamá, os baixos níveis de água restringiram o tráfego de navios a partir de agosto. Um novo estudo do Grupo de Atribuição do Clima Mundial afirmou que a demanda crescente e o El Niño, e não as mudanças climáticas, foram os principais fatores.

A seca de longo prazo continuou no sul subtropical da América do Sul. Durante a primeira metade do ano, os efeitos de La Niña ainda eram visíveis. A falta de água na Bacia do Prata afetou Uruguai, norte da Argentina e sul do Brasil com mais intensidade. No Uruguai, o verão de 2023 foi o mais seco dos últimos 42 anos, reduzindo o armazenamento de água a níveis criticamente baixos. 

Índice de Precipitação Padronizado (SPI), calculado a partir da base nos dados Climate Hazards Group InfraRed Precipitation with Station data (CHIRPS) e do índice de saúde da vegetação do Center for Satellite Applications and Research (STAR/NOAA).Legenda: Índice de Precipitação Padronizado (SPI), calculado a partir da base nos dados Climate Hazards Group InfraRed Precipitation with Station data (CHIRPS) e do índice de saúde da vegetação do Center for Satellite Applications and Research (STAR/NOAA).

 

calor extremo e as ondas de calor afetaram o centro da América do Sul de agosto a dezembro. As temperaturas em partes do Brasil excederam 41°C em agosto, enquanto a América do Sul foi atingida por um clima escaldante no meio do inverno austral.

Países como Brasil, Peru, Estado Plurinacional da Bolívia, Paraguai e Argentina registraram suas temperaturas mais altas em setembro. Grandes incêndios florestais queimaram em muitas das regiões afetadas pelo calor.

O verão boreal de 2023 foi excepcional para o calor extremo sobre o México. Temperaturas superiores a 45°C foram registradas em muitas estações, com uma máxima de 51,4°C em 29 de agosto.

A saúde humana, os ecossistemas e a vida selvagem sofreram. No Lago Tefé, na Amazônia brasileira, a temperatura da água atingiu um recorde, e mais de 150 botos foram encontrados mortos.

elevação do nível do mar está acelerando: A taxa de elevação do nível médio do mar aumentou a uma taxa mais alta do que a média global no Atlântico Sul e no Atlântico Norte subtropical e tropical. Isso ameaça uma grande parte da população da América Latina e do Caribe que vive em áreas costeiras, contaminando aquíferos de água doce, erodindo litorais, inundando áreas baixas e aumentando os riscos de ondas de tempestade.

Glaciares: Há aproximadamente 4.000 glaciares nos Andes ao longo da fronteira entre o Chile e a Argentina, com um número menor nos Andes tropicais. Segundo o Serviço Mundial de Monitoramento de Glaciares (WGMS), o glaciar Echaurren Norte - um glaciar de referência - perdeu cerca de 31 metros equivalentes de água (m e.a.) de 1975 a 2023. O recuo se acelerou neste século.


Impactos e Riscos Relacionados ao Clima

De acordo com o Centro de Pesquisa na Epidemiologia de Desastres (CRED) e o Banco de Dados Internacional sobre Desastres (EM-DAT), houve 67 desastres reportados relacionados à meteorologia, hidrologia e clima na região em 2023. Destes, 77% foram eventos relacionados a tempestades e inundações. O prejuízo econômico estimado de 21 bilhões de dólares reportado ao EM-DAT foi principalmente devido a tempestades (66%), incluindo os 12 bilhões de dólares de danos associados ao Furacão Otis (dados acessados em 21 de fevereiro de 2024).

A dimensão real dos danos é provavelmente pior devido à subnotificação e porque dados sobre os impactos não estão disponíveis para alguns países. Isso é especialmente verdadeiro para eventos extremos relacionados ao calor.

A agricultura e a segurança alimentar foram gravemente afetadas por desastres e mudanças climáticas. Em 2023, foi relatado que 13,8 milhões de pessoas sofreram de crises alimentares agudas de fase 3 ou acima, especialmente na América Central e no Caribe.

As condições de El Niño contribuíram para as secas prolongadas no Corredor Seco da América Central e no norte da América do Sul, e para chuvas intensas e inundações ao longo das costas do Equador e Peru. Isso afetou a produção agrícola e exacerbou a insegurança alimentar, especialmente em comunidades dependentes da agricultura para seus meios de vida. Os impactos provavelmente serão sentidos em 2024 e além.

O aumento da temperatura do mar ligado ao El Niño também reduziu a pesca em países como Peru e Equador.

Saúde: A região da América Latina e Caribe enfrenta riscos de saúde aumentados devido à exposição da população a ondas de calor, fumaça de incêndios florestais, poeira e poluição do ar, levando a problemas cardiovasculares e respiratórios, além de crescente insegurança alimentar e desnutrição.

A exposição a ondas de calor está aumentando. De acordo com um estudo recente, isso está associado a um aumento na mortalidade relacionada ao calor de 140% do período de 2000-2009 ao período de 2013-2022. Na América Latina e no Caribe, estima-se que 36.695 mortes anuais em excesso relacionadas ao calor ocorreram entre 2000 e 2019. Isso provavelmente é uma subestimação.

A poluição do ar, muitas vezes agravada pelas mudanças climáticas, é uma séria ameaça à saúde, com mais de 150 milhões de pessoas na região vivendo em áreas que excedem as diretrizes de qualidade do ar da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Padrões de chuva em mudança e temperaturas crescentes estão expandindo a distribuição geográfica de doenças como a malária. Em 2019, foram relatados mais de 3 milhões de casos de dengue nas Américas, o maior número registrado até então. Esse número foi superado nos primeiros 7 meses de 2023.

A prestação de serviços climáticos é fundamental para aprimorar a tomada de decisões e ação em diversos setores. Apesar de algum progresso, apenas 38% dos estados membros da OMM na região indicaram fornecer produtos climáticos específicos para o setor de saúde.

No entanto, esforços estão sendo feitos para aumentar a resiliência do setor de saúde às mudanças do clima. Doze dos trinta e cinco países das Américas estão desenvolvendo Planos Nacionais de Adaptação em Saúde. Uma pesquisa de 2021 da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) mostra que 17 países estão integrando dados meteorológicos à vigilância da saúde, focando em doenças e impactos extremos do clima. Isso reflete uma tendência em direção a estratégias de saúde pública mais fortes.

 

Panorama das capacidades globais de prestação de serviços climáticos (não específicos do setor). A informação da figura corresponde a 32 membros da OMM cujos dados foram validados por auditores certificados internacionalmente.Legenda: Panorama das capacidades globais de prestação de serviços climáticos (não específicos do setor). A informação da figura corresponde a 32 membros da OMM cujos dados foram validados por auditores certificados internacionalmente.


Mais informações:
 entrar em contato com: Clare Nullis, oficial de mídia da OMM, cnullis@wmo.int ou media@wmo.int, Tel +41-79-7091397.

Veja aqui o relatório na íntegra.  



Sistema das Nações Unidas no Brasil
••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••
Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável  Site da ONU Brasil  Instagram  Twitter  YouTube  Vimeo  Facebook  Cadastro


ONU: Tráfico de vida selvagem afeta mais de 4.000 espécies em todo o mundo


Relatório Global sobre a Vida Selvagem e os Crimes Florestais alerta que o tráfico de vida selvagem não foi substancialmente reduzido no decorrer das duas últimas décadas, apesar dos sinais positivos na redução dos impactos do tráfico de algumas espécies icônicas, como elefantes e rinocerontes. 

Lançado nesta segunda-feira (13) pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), o Relatório destaca que é necessária uma aplicação mais consistente da lei para lidar com a oferta e a demanda, a implementação eficaz da legislação, incluindo leis anticorrupção, bem como um monitoramento e uma investigação mais fortes.

Relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime aponta 4 mil espécies de plantas e animais traficados entre 2015 e 2021 em 162 países e territórios; muitas destas espécies estão ameaçadas de extinção; grupos poderosos do crime organizado operam em ecossistemas como Amazônia e Triângulo Dourado.

Legenda: Relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime aponta 4 mil espécies de plantas e animais traficados entre 2015 e 2021 em 162 países e territórios.
Foto: © konmesa/Getty Images Pro

Relatório Global sobre a Vida Selvagem e os Crimes Florestais 2024, lançado nesta segunda-feira (13) pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), destaca que - apesar dos sinais positivos na redução dos impactos do tráfico de algumas espécies icônicas, como elefantes e rinocerontes - o tráfico de vida selvagem não foi substancialmente reduzido no decorrer das duas últimas décadas. 

A entidade das Nações Unidas alerta que é necessária uma aplicação mais consistente para lidar com a oferta e a demanda, a implementação eficaz da legislação, incluindo leis anticorrupção, bem como um monitoramento e uma investigação mais fortes.

"Os crimes contra a vida selvagem causam danos incalculáveis à natureza e também ameaçam os meios de subsistência, a saúde pública, a boa governança e a capacidade do nosso planeta de combater as mudanças climáticas", disse a diretora executiva do UNODC, Ghada Waly

"Para combater esse crime, precisamos acompanhar a adaptabilidade e a agilidade do comércio ilegal de animais silvestres. Isso requer intervenções consistentes e direcionadas tanto no lado da demanda quanto no lado da oferta da cadeia do tráfico de animais silvestres, esforços para reduzir os incentivos e os lucros criminosos e maior investimento em dados, análises e capacidades de monitoramento", explica a alta funcionária da ONU. 

terceira edição do Relatório Global sobre Crimes contra a Vida Selvagem e as Florestas explora as tendências, os danos, os impactos e os fatores que impulsionam o tráfico de animais selvagens protegidos. Ele também avalia a eficácia das intervenções para combater o comércio ilegal e fornece recomendações de políticas.

A escala e os danos do crime contra a vida selvagem

O escopo e a escala global do crime contra a vida selvagem continuam substanciais, de acordo com o Relatório, com apreensões entre 2015 e 2021 indicando comércio ilegal em 162 países e territórios, afetando cerca de 4.000 espécies de flora e fauna. 

Aproximadamente 3.250 dessas espécies estão listadas na Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestres (CITES).

Entretanto, algumas das espécies mais afetadas - como orquídeas raras, suculentas, répteis, peixes, aves e mamíferos - recebem pouca atenção do público, embora o tráfico de vida selvagem tenha desempenhado um papel importante em sua extinção local ou global.


O relatório indica que o crime contra a vida selvagem está interligado com as atividades de grupos poderosos do crime organizado que operam em alguns dos ecossistemas mais frágeis e diversos do mundo, da Amazônia, na América do Sul, ao Triângulo Dourado, na Ásia.

Legenda: O Relatório indica que o crime contra a vida selvagem está interligado com as atividades de grupos poderosos do crime organizado que operam em alguns dos ecossistemas mais frágeis e diversos do mundo, da Amazônia, na América do Sul, ao Triângulo Dourado, na Ásia.
Foto: © Michel VIARD/Getty Images.

Além da ameaça direta que o tráfico de animais silvestres representa para as populações de espécies, o crime também pode prejudicar ecossistemas sensíveis e suas funções e processos, inclusive sua capacidade de ajudar a estabilizar o clima e atenuar a mudança climática.

O crime contra a vida selvagem também ameaça os benefícios socioeconômicos que as pessoas obtêm da natureza, inclusive como fonte de renda, emprego, alimentos, medicamentos, cultura, entre outros. Esses crimes também corroem a boa governança e o Estado de Direito por meio da corrupção, da lavagem de dinheiro e dos fluxos financeiros ilícitos.

Como os traficantes de vida selvagem operam?

O crime contra a vida selvagem está interconectado com as atividades de grandes e poderosos grupos de crime organizado que operam em alguns dos ecossistemas mais frágeis e diversificados do mundo, da Amazônia ao Triângulo Dourado, no sudeste asiático. 

O Relatório observa que os grupos do crime organizado transnacional desempenham uma variedade de funções ao longo da cadeia de comércio, incluindo exportação, importação, corretagem, armazenamento, manutenção e propagação de espécimes vivos ou gerenciamento da interface com os processadores. Os traficantes exploram inconsistências e pontos fracos na regulamentação e na aplicação da lei, adaptando continuamente seus métodos e rotas para evitar a detecção e a ação judicial.

A corrupção desempenha um papel fundamental no enfraquecimento das medidas de regulamentação e aplicação da lei contra o comércio ilegal de animais selvagens, embora os casos de crimes contra a vida selvagem raramente sejam processados como delitos de corrupção. O Relatório do UNODC argumenta que mais atenção deveria ser dada ao julgamento de traficantes de animais silvestres de acordo com as leis anticorrupção, que geralmente oferecem mais poderes de investigação e penalidades mais altas do que as previstas na legislação ambiental.

Progresso e perspectivas futuras

Análises recentes de duas espécies emblemáticas, elefantes e rinocerontes, mostram que uma combinação de esforços dos lados da oferta e da demanda, aliada à atenção política de alto nível, a restrições de mercado mais rígidas e à perseguição de traficantes de alto nível pelas autoridades policiais, produziu resultados positivos. Na última década, a caça ilegal, os níveis de apreensão e os preços de mercado diminuíram consideravelmente para os produtos de ambas as espécies.

Entretanto, para manter e ampliar esses ganhos, o Relatório argumenta que a qualidade e a cobertura dos dados de apreensão de animais silvestres devem ser melhoradas, tanto geograficamente quanto em termos das espécies envolvidas. É necessário mais e melhor investimento para desenvolver a capacidade analítica e de dados em nível nacional e internacional.

Enquanto isso, o investimento contínuo no monitoramento e na análise das tendências emergentes nos mercados ilegais de vida selvagem e nas atividades criminosas relacionadas é fundamental para adaptar e melhorar as respostas ao tráfico de vida selvagem.

Mais informações:

Acompanhe a cobertura da ONU News em português: https://news.un.org/pt/tags/unodc 

O Relatório Global sobre a Vida Selvagem e os Crimes Florestais 2024 está disponível em inglês em: https://www.unodc.org/unodc/en/data-and-analysis/wildlife.html


Os dados mais recentes sobre espécies traficadas apreendidas de 2015 a 2021 em 162 países e territórios indicam que o comércio ilegal afeta cerca de 4 mil espécies de plantas e animais. Destas, aproximadamente 3.250 estão listadas na Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção.

Legenda: Os dados mais recentes sobre espécies traficadas apreendidas de 2015 a 2021 em 162 países e territórios indicam que o comércio ilegal afeta cerca de 4 mil espécies de plantas e animais. Destas, aproximadamente 3.250 estão listadas na Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção.
Foto: © UNODC

Para saber mais, siga @unodcprt nas redes! 


Sistema das Nações Unidas no Brasil
••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••
Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável  Site da ONU Brasil  Instagram  Twitter  YouTube  Vimeo  Facebook  Cadastro


Projeto fortalecerá a resiliência climática de mais de 250 mil pessoas no Ceará

Primeiro estado a implementar o projeto Sertão Vivo, que busca promover a gestão sustentável da terra em áreas altamente vulneráveis à mudança climática no Nordeste do Brasil. 

O projeto fortalecerá a resiliência climática de mais de 250 mil pessoas em 72 municípios cearenses, com um investimento de 252 milhões de reais. 

O Sertão Vivo foi lançado nesta quarta-feira (15) pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) das Nações Unidas, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Governo do Estado do Ceará.  


O Sertão Vivo chega em um momento crítico para a segurança alimentar no Brasil.

Legenda: O Sertão Vivo chega em um momento crítico para a segurança alimentar no Brasil.
Foto: © Manuela Cavadas / FIDA

O Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) das Nações Unidas, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Governo do Estado do Ceará apresentaram nesta quarta-feira (15), em Fortaleza, um projeto que fortalecerá a resiliência climática de mais de 250 mil pessoas em 72 municípios do Estado do Ceará, com um investimento de 252 milhões de reais (US$ 54 milhões).

O Ceará é o primeiro estado a implementar o Sertão Vivo, um projeto que permitirá a gestão sustentável da terra no Nordeste do Brasil, em áreas altamente vulneráveis à mudança climática. Originalmente, o projeto deveria ser implementado em quatro estados, com um investimento de R$ 1 bilhão (US$ 217 milhões), mas o escopo foi ampliado para nove estados e R$ 1,775 bilhão (US$ 386 milhões), chegando a 1,8 milhão de pessoas, priorizando a participação de mulheres, jovens e comunidades tradicionais. 

O projeto promoverá a criação de sistemas agroflorestais integrados que aumentem a fertilidade do solo e o conteúdo de carbono; e promoverá práticas de coleta, armazenamento e uso de água que sustentem as plantações e a pecuária para resistirem a padrões irregulares de chuva e secas prolongadas. Essas atividades evitarão a emissão de 11 milhões de toneladas métricas de poluição por dióxido de carbono na atmosfera, o que equivale aproximadamente a 339.000 pessoas voando de São Paulo a Manaus, no Brasil.

O Sertão Vivo chega em um momento crítico para a segurança alimentar no Brasil. De acordo com a Rede PENSSAN, uma rede acadêmica brasileira, mais da metade da população do país experimentou insegurança alimentar em algum momento de 2022; um número que chegou a 63% entre a população rural. Nas regiões Norte e Nordeste, quatro em cada dez famílias disseram estar preocupadas com o acesso a alimentos em curto prazo e com a qualidade dos alimentos disponíveis. De acordo com a pesquisa, 2,4 milhões de pessoas passam fome no Ceará.

"A agricultura familiar é essencial para mudar essa realidade, pois produz a maior parte dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros e emprega três quartos da força de trabalho agrícola. É fundamental que apoiemos esses agricultores para fortalecer sua resiliência e produtividade em um ambiente de mudança climática, ao mesmo tempo em que promovemos novas formas de produção sustentável. A agricultura familiar pode e deve desempenhar um papel fundamental na redução da fome e da pobreza no país", disse Rossana Polastri, diretora regional do FIDA para a América Latina e o Caribe.

"Com essa suplementação no valor previsto inicialmente, o BNDES reafirma o compromisso com o enfrentamento da crise climática, que tem gerado tragédias cada vez maiores e frequentes. Essa novo montante vai permitir que os benefícios da iniciativa cheguem a todos os estados da região Nordeste, contemplando a preservação dos mais diversos biomas", explicou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.


Lançamento do projeto Sertão Vivo, em Fortaleza. Até o momento, 13 projetos foram implementados com apoio do FIDA no Brasil, com um investimento total de US$ 1,18 bilhã

Legenda: Lançamento do projeto Sertão Vivo, em Fortaleza. Até o momento, 13 projetos foram implementados com apoio do FIDA no Brasil, com um investimento total de US$ 1,18 bilhão.
Foto: © Thiago Gaspar / Governo do Ceará

O financiamento conjunto do FIDA, do Fundo Verde para o Clima (GCF), do BNDES e do próprio estado também construirá ou restaurará infraestruturas de pequena escala, como cisternas, que provaram funcionar bem durante décadas de projetos apoiados pelo FIDA na região Nordeste. 

Para o FIDA, a iniciativa representa um novo modelo operacional, combinando financiamento em larga escala de diversas fontes com investimentos focados no meio ambiente e na mudança climática como forma de reduzir a pobreza rural.

O FIDA vem investindo no Brasil desde 1980 com o objetivo de aumentar a renda dos pequenos agricultores, fortalecer as cooperativas, promover o desenvolvimento de grupos e cultivar novos mercados para a agricultura familiar e produtos sociobiodiversos. Até o momento, 13 projetos foram implementados com um investimento total de US$ 1,18 bilhão, dos quais US$ 297 milhões foram financiados pelo FIDA para apoiar 615.400 famílias.

Para saber mais, siga @ifad_org nas redes e visite a página do FIDA (em espanhol ou inglês): https://www.ifad.org/es/ 

Sobre o FIDA

O FIDA é uma instituição financeira internacional e uma agência especializada das Nações Unidas. Com sede em Roma - o centro de alimentos e agricultura das Nações Unidas - o FIDA investe na população rural, capacitando-a a reduzir a pobreza, aumentar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e fortalecer a resiliência. Desde 1978, fornecemos mais de US$ 24 bilhões em doações e empréstimos a juros baixos para financiar projetos em países em desenvolvimento. 

NOTA PARA EDITORES

Uma grande variedade de fotografias e conteúdo de vídeo com qualidade de transmissão do trabalho do FIDA em comunidades rurais está disponível para download no Banco de Imagens

Contato para a imprensa:


Sistema das Nações Unidas no Brasil
••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••
Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável  Site da ONU Brasil  Instagram  Twitter  YouTube  Vimeo  Facebook  Cadastro


ONU Livres & Iguais lança campanha mundial para celebrar pessoas aliadas à comunidade LGBTIQ+

Daniela Mercury se junta a artistas da Índia e Cabo Verde para convocar pessoas aliadas a se juntarem à luta pela igualdade LGBTIQ+. 

A campanha foi lançada para marcar o Dia Internacional contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia, assinalado em todo o mundo nesta sexta-feira, dia 17 de maio. 


A campanha #AliadosEmAção traz diferentes vozes que usam suas plataformas para defender a igualdade LGBTIQ+

Legenda: A campanha #AliadosEmAção traz diferentes vozes que usam suas plataformas para defender a igualdade LGBTIQ+.

A igualdade não pode ser conquistada apenas pela comunidade LGBTIQ+. 

É por isso que neste Dia Internacional contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia, a ONU Livres & Iguais - a campanha global das Nações Unidas para a igualdade LGBTIQ+, lança um chamado mundial para que pessoas aliadas se juntem à luta por um mundo com igualdade, liberdade e justiça para todas as pessoas, independentemente de quem sejam ou de quem amem.

A campanha #AliadosEmAção traz diferentes vozes que usam suas plataformas para defender a igualdade LGBTIQ+. A atriz e ex-Miss Índia Celina Jaitly, a cantora cabo-verdiana Mayra Andrade e Márcia Mercury, filha da cantora brasileira Daniela Mercury e Malu Verçosa Mercury, falam sobre o papel da pessoa aliada.

Desde os tempos de escola, Márcia tem sido uma forte aliada das mães, desafiando estereótipos negativos sobre famílias LGBTIQ+ sempre que tinha oportunidade.


Desde os tempos de escola, Marcia tem sido uma forte aliada de suas mães @maluvercosa e @DanielaMercury, desafiando estereótipos negativos sobre #RainbowFamilies sempre que tinha a chance.

Legenda: Desde os tempos de escola, Marcia tem sido uma forte aliada de suas mães Malu e Daniela Mercury, desafiando estereótipos negativos sempre que tinha a chance.
Foto: © ONU Livres & Iguais

A página da campanha lista oito ações simples que cada pessoa pode fazer para começar a ser uma aliada, incluindo ao compartilhar conteúdo positivo sobre pessoas LGBTIQ+ e ao usar redes sociais para combater mitos e estereótipos negativos. 

Acesse: https://www.unfe.org/pt/what-we-do/our-campaigns/alliesinaction

Sobre a ONU Livres & Iguais

As Nações Unidas defendem direitos iguais e tratamento justo para todas as pessoas, sem distinção. 

A ONU Livres & Iguais é uma iniciativa de informação pública do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que promove campanhas e parcerias para garantir os direitos fundamentais das pessoas LGBTIQ+ em todo o mundo.

A campanha combate o discurso de ódio e os estereótipos negativos relacionados à população LGBTIQ+ e, para isso, foca no primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que completou 75 anos em 2023: "Todos os seres nascem livres e iguais em dignidade e direitos".


A Livres & Iguais foi lançada no Brasil em 2014 durante a 18ª Parada do Orgulho LGBTIQ+, em parceria com a Prefeitura de São Paulo.

Legenda: A Livres & Iguais foi lançada no Brasil em 2014 durante a 18ª Parada do Orgulho LGBTIQ+, em parceria com a Prefeitura de São Paulo.
Foto: © ONU Brasil/Felipe Siston.

Para mais informações, acesse https://www.unfe.org/pt/ e siga @free.equal, @onuderechoshumanos e @onubrasil nas redes sociais. 

Contatos para imprensa:

  • Diêgo Lôbo, Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio): contato@onu.org.br
  • Gabriel Alves de Faria, Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH): alvesdefaria@un.org 

Sistema das Nações Unidas no Brasil
••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••
Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável  Site da ONU Brasil  Instagram  Twitter  YouTube  Vimeo  Facebook  Cadastro