segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Projeto que autoriza retirada de recursos da educação pública para a militarização é aprovado em primeira discussão


Professores(as) e funcionários(as) de escola protestaram através da internet, mas a base de apoio do governador Ratinho Junior na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) aprovou nesta terça-feira (22) o projeto de lei n. 543/2020, que dispõe sobre a implantação de escolas cívico-militares na rede estadual de educação.

O presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão, lamentou o resultado da votação e criticou a iniciativa do governador. "É preciso debater as condições das escolas do Paraná e fazer os investimentos e ações que possam superar as dificuldades que existem, mas não com essa proposta que, de tão autoritária, está sendo votada em regime de urgência, em plena pandemia" disse.

O dirigente informa que a categoria continuará mobilizada para convencer os(as) deputados(as) a rejeitar a proposta. O projeto será votado em segunda discussão na próxima sessão ordinária da Alep. Na oportunidade, também poderão ser aprovadas emendas, alterando a redação original.

De acordo com o texto, o projeto autoriza o uso de recursos da educação para aplicação específica no modelo de militarização de escolas públicas, criando poucas unidades de excelência na rede estadual e reduzindo os recursos destinados para os programas de melhoria da educação pública em todos os colégios do estado.

R$ 40,3 milhões para uniformes

Segundo parecer do deputado Arilson Chiorato (PT), a Secretaria da Educação e do Esporte (Seed) informou que serão gastos R$ 65 milhões por ano. Desse montante, R$ 40,3 milhões vão apenas para aquisição de uniformes e R$ 25,5 milhões para o pagamento de diárias aos(às) militares.

O deputado explica que a priorização ou o privilégio para essas unidades vai "dividir e sugar os recursos limitados e restritos já destinados para a educação pública do Paraná", reduzindo as verbas previstas para áreas como a formação continuada dos(as) profissionais da educação, o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) e a realização dos Jogos Escolares.

Apesar da posição contrária do Sindicato e dos protestos da categoria, apenas os(as) deputados(as) Arilson Chiorato, Goura (PDT), Professor Lemos (PT), Luciana Rafagnin (PT), Requião Filho (PMDB) e Tadeu Veneri (PT) votaram contra a proposta. Outros(as) 45 parlamentares votaram favorável.

Eleição de direção das escolas

Na reunião de hoje também estava em pauta o projeto de lei 565/2020, outra proposta polêmica de autoria do governador, que altera a eleição das direções de escolas. A votação foi adiada para a próxima segunda-feira (28), após pedido de vista apresentado pelo deputado Tadeu Veneri.

Fonte: APP Sindicato

Com participação de ex-relator da ONU, organizações latino-americanas realizam debate sobre cenário de incentivos aos agrotóxicos

Atividade virtual ocorre logo após a fala evasiva do governo brasileiro na 45ª sessão da ONU às denúncias do ex-relator.

 

O cenário latino-americano de desregulamentações e flexibilizações em relação aos agrotóxicos, com destaque para o Brasil, é tema de debate online realizado nesta quinta-feira (24), às 10h (horário de Brasília). Na atividade desenvolvida pela Terra de Direitos e Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e Pela Vida conta com a participação de organizações e movimentos populares do Brasil, Argentina e México para relatos e reflexões sobre as conjunturas presentes nos diferentes territórios.

A atividade conta com a participação de Baskut Tuncak, ex-relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre substâncias e resíduos tóxicos, e de organizações sociais e movimentos populares da América Latina. Na atividade o ex-relator deve abordar as recomendações feitas ao Brasil (veja abaixo)

Os cenários mexicanos e argentino de uso dos agrotóxicos serão relatados por Fernando Bejarano, da Red de Acción sobre Plaguicidas y Alternativas e Fernando Cabaleiro, advogado na organização Naturaleza de Derechos, respectivamente.

A complexa conjuntura brasileira será abordada por pesquisadores, lideranças sociais e integrantes de organizações sociais e movimentos populares. A professora na área de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Cariri (UFCA), Ada Pontes Aguiar deve trazer aspectos vinculados aos impactos à saúde pelo consumo e exposição aos agrotóxicos. Karen Friedrich, biomédica e pesquisadora, integrante da Rede Irerê de Proteção à Ciência, também aborda a necessidade da valorização científica e de apoio aos pesquisadores e pesquisadores, especialmente no tema dos agrotóxicos.

Já a integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Antônia Ivoneide, aborda a adoção de uma política favorável ao agronegócio – de uso intenso de agrotóxicos, em detrimento de apoio à pequena agricultura e de base agroecológica.

O uso de agrotóxico como arma química será um dos pontos abordados por Nilce Pontes Pereira, da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas e Graciene Munduruku, Liderança indígena do CITA, Conselho Indígena Tapajós Arapiuns.

A atividade será conduzida pela assessora jurídica da Terra de Direitos e integrante da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e Pela Vida, Naiara Bittencourt.

"O objetivo do debate é contribuir com uma ponte regional de organizações de direitos humanos, movimentos sociais e pesquisadores para a denúncia de violações de direitos humanos causadas por agrotóxicos na América Latina, indicando trabalho em rede. O foco prioritário é desdobrar as discussões promovidas com a visita do ex relator especial da ONU sobre direitos humanos e substâncias e resíduos tóxicos, Baskut Tuncak, ao Brasil, dando visibilidade e acesso às recomendações para a sociedade civil brasileira", destaca Naiara.

Recomendações ao Brasil
Após visita ao Brasil em dezembro do último ano, o agora ex-relator entregou ao organismo internacional na semana passada um contundente relatório sobre como o país tem flexibilizado normativas e estimulado o uso dos agrotóxicos no Brasil, mesmo os de alta toxidade e proibido nos países de origem. "O enorme uso de agrotóxicos está resultando em graves impactos sobre os direitos humanos no Brasil", destaca um trecho do documento. Acesse aqui o relatório (documento em inglês).

Na ocasião da vinda ao país, a Campanha Permanente entregou um dossiê para Baskut sobre a grave problemática dos agrotóxicos no país. O documento sistematiza um conjunto de medidas recentes adotadas pelo governo e dados de intoxicação à população e contaminações ambientais. O material também relatava a obstrução de canais institucionais de diálogo entre a sociedade e o poder público, como o Consea, e a ocupação de assentos responsáveis pelo tema. Sob atual comando de Teresa Cristina, ruralista e ex-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) tem usado dos seus expedientes para avanço do registro desses produtos químicos.

Com mandato encerrado em meados deste ano, o relatório foi apresentado aos Estados-membros nesta segunda-feira (21) por Marcos Orellana, novo relator designado para o tema, durante a 45º sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Orellana voltou a recomendar a abertura de um inquérito de investigação sobre o país e a realização de uma sessão especial sobre proteção à Amazônia.

Evasivo, o governo não respondeu ao conjunto de denúncias sobre a política de estímulo ao uso dos agrotóxicos. A embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Farani Azevedo presente na sessão e representando o país declarou que o Brasil possui "regulações fortes" para a proteção do meio ambiente.

"Não é possível afirmar, como fez o governo brasileiro, que temos uma forte legislação de proteção ambiental. Só no caso de agrotóxicos, não são poucos os instrumentos de flexibilização que avançaram amplamente nos últimos anos, como é o caso das Resoluções Colegiadas da ANVISA de 2019 que alteram a classificação toxicológica dos agrotóxicos ou mesmo da Portaria 43/2020 do MAPA que visava o registro "tácito de agrotóxicos". Somente neste governo tivemos o registro de 818 produtos, muitos destes proibidos na União Europeia", declara Naiara. Destes mais de 800 registros liberados durante o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) mais de 300 novos registros ocorreram durante a pandemia, momento em que a atenção está fortemente dirigida para questões relacionadas à saúde e o papel do Estado.

"Esperava-se do governo brasileiro que trouxesse dados e elementos concretos que contrapusessem os dados de envenenamento da população por agrotóxicos. No mesmo sentido, o governo não foi capaz de contestar as recomendações elencadas, demonstrando o que tem feito para garantir a saúde e segurança da população contra a aprovação desenfreada de agrotóxicos", sublinha Naiara.

Ela ainda contesta a fala da embaixadora de que o relatório apresentado por Baskut não possui um caráter técnico, portanto, invalidando-o. "Desqualificar o documento, acusando-o de político ou questionando o seu inegável caráter técnico, é uma maneira equivocada que apenas demonstra a falta de compromisso do governo com direitos humanos das populações afetadas, especialmente agricultores familiares, trabalhadores rurais, indígenas e quilombolas", complementa.


Webinário Agrotóxicos e violações de direitos humanos na América Latina
Dia 24 de setembro, das 10h às 12h (horário de Brasília)

A atividade será em português e terá tradução simultânea para o inglês e o espanhol.Participe!
:: Inscrições pelo formulário: https://zoom.us/webinar/register/WN_aJdgXchHShKOihvftyEn_g

Acompanhe mais informações pelos perfis da Terra de Direitos e da Campanha Contra os Agrotóxicos:
:: https://www.facebook.com/terradedireitos
:: https://www.facebook.com/CampanhaContraOsAgrotoxicos

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Veneri vota contra o ensino militarizado no Paraná

📁 *"Esse projeto é inconstitucional.* É uma proposta discricionária, pois não esclarece os métodos de escolha dos municípios que irão sediar essas escolas, bem como o método de escolha dos profissionais da reserva que irão atuar nessas instituições. *Estão vendendo ilusões para a população. Por isso encaminhamos voto contrário"*

✖️ _Na sessão desta terça-feira, 21, o deputado estadual Tadeu Veneri encaminhou voto contrário ao projeto projeto 543/2020, que propõe a militarização do ensino público estadual com a criação das escolas batizadas de "cívico-militares"._

➡️ *Saiba mais:* https://bit.ly/3iWLiqN

#MandatoTadeuVeneri

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

INSCREVA-SE: Webinário Agrotóxicos e violações de direitos humanos na América Latina


INSCREVA-SE: Webinário Agrotóxicos e violações de direitos humanos na América Latina  

Participação especial de Baskut Tuncak, ex-relator especial da ONU sobre substâncias e resíduos tóxicos.

 

 

Layout boletim webinar resíduos tóxicos.jpeg
Inscreva-se

No dia 24 de setembro, às 10h (horário de Brasília), pesquisadoras da área da saúde, defensoras e defensores de direitos humanos e integrantes de movimentos populares camponeses do México, Argentina e sobretudo do Brasil relatam o cenário de desregulamentações e flexibilizações em relação aos agrotóxicos. Na atividade, Baskut Tuncak, ex-relator especial da ONU sobre substâncias e resíduos tóxicos deve abordar as recomendações feitas ao Brasil.

 

A atividade será em português e terá tradução simultânea para o inglês e o espanhol.

 

Participe!

 

Acompanhe pelas redes sociais:

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Campanha Contra os Agrotóxicos 

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Realização: Terra de Direitos e Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.  


terça-feira, 15 de setembro de 2020

PC do B e PT formam coligação em Irati

A convenção do PC do B realizada nessa terça feira dia 15 no Assentamento Mario Lago definiu-se a coligação majoritária do PC do B com o PT tendo o professor João Dreminski para prefeito e Claudete Basen vice. Abaixo o texto escrito pelo professor João:


Camaradas. 
Quero agradecer a todos pela bela convenção e a homologação do meu nome e da coligação com o PT e a indicação da Claudete. 

Foi muito simbólica a presença de todos. Muitos movimentos sociais representados e que darão o ritmo da campanha. #MOVIMENTA IRATI é pra quem não aceita mais tanta desigualdade e luta por dignidade. 
A convenção de hje foi um convite a militância para um grande embate que iremos enfrentar. Experiência e competência não faltam nesse grupo. 
Seguiremos firmes consolidando uma frente única de esquerda em Irati. 
Abraços companheirada

Frei Tito, 75 anos ( Frei Betto 09/09/2020)


Quando secar o rio de minha infância,
Secará toda dor.
Tito de Alencar Lima
A14 de setembro Frei Tito completaria 75 anos de idade. Ele faleceu em agosto de 1974, em L'Arbresle, no Sul da França, induzido ao suicídio em decorrência das torturas sofridas nos cárceres da ditadura militar.
Na dor de Tito gravou-se o que de mais hediondo produziu a ditadura militar brasileira e, nele, tornado símbolo das vítimas de torturas elencadas no livro Brasil, Nunca Mais (Vozes), reflete-se a indignação de quantos acreditam na política como mediação de utopias libertárias. Preso em novembro de 1969, em São Paulo, acusado de oferecer infraestrutura a Carlos Marighella, Tito foi submetido a palmatória e choques elétricos, no DEOPS, em companhia de seus confrades.
Em fevereiro do ano seguinte, quando já se encontrava em mãos da Justiça Militar, foi retirado do Presídio Tiradentes e levado para a Operação Bandeirantes, mais tarde conhecida como DOI-CODI, à rua Tutóia, na capital paulista. Durante três dias, bateram sua cabeça na parede, queimaram sua pele com brasa de cigarros e deram-lhe choques por todo o corpo, em especial na boca, "para receber a hóstia", gritavam os algozes.    
Fernando Gabeira, preso a lado, tudo acompanhou. Queriam que Tito denunciasse quem o ajudou a conseguir o sítio de Ibiúna para o congresso da UNE, em 1968, e assinasse depoimento atestando que frades dominicanos participaram de assalto a bancos. No limite de sua resistência, Tito cortou, com a gilete que lhe emprestaram para fazer a barba, a artéria interna do cotovelo esquerdo. Foi socorrido a tempo no hospital militar, no Cambuci.  
As incessantes torturas não abriram a boca do frade dominicano de 28 anos, mas lhe cindiram a alma. Cumpriu-se a profecia do capitão Albernaz, da Oban: "Se não falar, será quebrado por dentro, pois sabemos fazer as coisas sem deixar marcas visíveis. Se sobreviver, jamais esquecerá o preço de seu silêncio".
Em dezembro de 1970, incluído na lista de presos políticos trocados pelo embaixador suíço, Giovanni Bucher, sequestrado pela Vanguarda Popular Revolucionária, Tito foi banido do Brasil pelo governo Médici.


De Santiago do Chile rumou para Paris, sem jamais recuperar sua harmonia interior. Nas ruas da capital francesa ele "via" o espectro de seus torturadores. Transferido para L'Arbresle, próximo a Lyon, em seu estreito quarto no convento construído por Le Corbusier, Tito estremecia aos gritos do pai espancado no DOPS, gemia aos berros da mãe dependurada no pau-de-arara, arrepiava-se de pavor aos espasmos de seus irmãos eletrocutados, contorcia-se em calafrios sob o fantasma do delegado Fleury. Sua mente naufragava em delírios.
No dia 10 de agosto de 1974, um estranho silêncio pairou sob o céu azul do verão francês, envolvendo folhas, ventos, flores e pássaros. Nada se movia. Entre o céu e a terra, sob a copa de um álamo, balançava o corpo de Frei Tito, dependurado numa corda. Do outro lado da vida ele encontrara a unidade perdida. Deixou registrado em seus papéis que "é melhor morrer do que perder a vida".
O testemunho de Frei Tito, descrito em meu livro Batismo de sangue (Rocco), é um grito parado no ar nesses tempos obscuros de um Brasil governado por um genocida indiferente à morte de mais de 100 mil vítimas da Covid-19. Sob esse governo militarizado, mais interessado em fazer a apologia das armas que salvar vidas, relembrar Frei Tito é alertar a consciência brasileira de que é urgente condenar ao passado, com se fez com a ditadura, esse governo comandado por uma família de milicianos corruptos. Temos, sim, uma arma democrática nas mãos para honrar a memória de Frei Tito: votar, nas eleições municipais deste ano, em candidatos progressistas a vereador e prefeito, comprovadamente comprometidos com os direitos humanos e as causas populares.

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Mulheres Guardiãs da Agrobiodiversidade no Paraná: renda, sementes e solidariedade em tempos de pandemia


Foto: Hugo de Lima / Arquivo Asacom

A Rede Sementes da Agroecologia (ReSA), criada em 2015, no Paraná, envolve 25 organizações, dentre: movimentos sociais, sindicatos, cooperativas, ONGs e órgão públicos, além de professoras/es, estudantes, Guardiãs e Guardiões de sementes. Ela foi constituída e se desenvolve como espaço de troca de saberes, de articulação política e de ações voltadas à produção, à multiplicação e à preservação de sementes crioulas. A Feira Regional de Sementes Crioulas e da Agrobiodiversidade do Centro-Sul do Paraná, organizada anualmente pelo Coletivo Triunfo e pela AS-PTA, é uma das mais significativas atividades do calendário da Rede. Essa feira mobiliza agricultoras, agricultores e organizações da agricultura familiar de toda a região e é antecedida por festas e feiras locais que acontecem nos municípios e comunidades. No ano passado, a 17ª edição da Feira Regional recebeu aproximadamente 4.000 visitantes vindos de 60 distintos municípios.

Em 2020, a pandemia da Covid-19 impossibilitou a realização desses espaços coletivos de comercialização e de troca de sementes e saberes, o que colocou o duplo desafio de construir alternativas de renda para as famílias que não puderam comercializar seus produtos nas Feiras, e, ao mesmo tempo, manter aceso os trabalhos coletivos com as sementes crioulas.

Ao longo dos últimos dois anos, a ReSA tem avaliado a necessidade de fortalecer a participação das mulheres guardiãs. Foi com esse objetivo que a Rede estruturou um projeto de compra de sementes crioulas produzidas pelas mulheres guardiãs, que reúne um grupo de 18 guardiãs de 10 comunidades e quatro regiões do Paraná. São no total mais de 4.800 pacotes de sementes e mais de 1.400 mudas de plantas medicinais, flores e árvores da Mata Atlântica. André Emílio Jantara e Luiza Damigo (AS-PTA e Coletivo Triunfo) e Naiara Bittencourt (Advogada da Terra de Direitos e integrante do GT Biodiversidade da Articulação Nacional de Agroecologia), todos integrantes da ReSA, nos ajudam a contar a história desse projeto.

Antes disso, dona Iraci, Maria Terezinha, Andrea e a jovem Maria Jaqueline, guardiãs de sementes crioulas participantes do projeto, têm um recado para nós! Vamos ouvi-las.

Em primeiro lugar, elas destacam a satisfação de saber que as sementes que cultivam com tanto carinho chegarão às mãos de muitas outras famílias, que estão precisando desse apoio nesse momento de pandemia. Andrea, agricultora urbana, ressalta a importância das feiras para a troca de sementes e a recuperação daquelas variedades que foram perdidas e também para conhecer novos tipos de grãos, hortaliças, flores, frutas e plantas medicinais. Maria Terezinha, que participa de um grupo de mulheres que já recuperou diferentes tipos de sementes, disse que sente o seu trabalho e o de suas companheiras reconhecido e valorizado com esse projeto. Iraci é agricultora assentada da reforma agrária em Santa Catarina, com produção bastante diversificada, de leite e derivados, sementes, morango e pequenos animais, tudo orgânico, além de artesanato e bordados. Iraci nos conta de sua alegria ao ver um projeto só para as mulheres guardiãs. Maria Jaqueline, guardiã mirim ligada ao Coletivo Triunfo, uma articulação regional da agricultura familiar, espera que, assim como ela recebeu dos pais a missão de cuidar das sementes, que mais e mais famílias também sigam nesse caminho, garantindo que as sementes continuarão a ser passadas de geração em geração: "Entregamos as sementes com muito amor e esperamos que as famílias possam receber essas sementes com muito amor e multiplicar cada vez mais". Todas as guardiãs são unânimes em destacar a importância do projeto nesse ano em que as feiras de sementes não serão realizadas em decorrência da pandemia, em que até as visitas em casa diminuíram e estão todos mais isolados. Multiplicar as sementes e passá-las adiante é a forma de garantir que elas não serão perdidas. Como bem disse dona Iraci: "É vida que segue, é luta que continua". Clique aqui para ler a entrevista completa.

Fonte: Sementes Crioulas: por uma alimentação livre de transgênicos e agrotóxicos




domingo, 13 de setembro de 2020

Curso de Língua Ucraniana está com inscrições abertas

 


A Representação Central Ucraniano Brasileira/RCUB e O Núcleo de Estudos Eslavos/ NEES da UNICENTRO tem o prazer de anunciar que estão abertas as inscrições para o Curso de Língua Ucraniana. A data prevista para o início das aulas é 22/09/2020. O curso será na modalidade ONLINE, com atividades síncronas e assíncronas. A carga horária será de 30 horas.
PARA EFETIVAR A INSCRIÇÃO É NECESSÁRIO:

1) Preencher este formulário https://is.gd/cursodelinguaucraniana2020 até as 23h59min do dia 18/09/2020;

2) Aguardar confirmação de inscrição, que será encaminhada por e-mail pela Coordenação do Curso;

3) Após o recebimento da confirmação, efetuar o pagamento da matrícula (R$ 50,00) até dia 21/09, às 17h, e encaminhar a CÓPIA DO COMPROVANTE DE DEPÓSITO para o e-mail linguaculturaucraniana@gmail.com, com cópia para rcubras@gmail.com.

Para combater a Covid-19, Hemepar lança campanha de doação de plasma



Se você já foi infectado pelo coronavírus, pode ajudar no tratamento de outros doentes. É com este mote que o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar) iniciou nesta semana uma grande campanha para a doação de plasma convalescente pela população.

A ação integra o projeto-piloto que permite a utilização de plasma como procedimento experimental no combate ao mesmo coronavírus, causador da Covid-19. A intenção é conseguir de 10 a 15 doações por dia, em todas as 23 unidades que formam a rede do Hemepar no Estado.

O experimento consiste em utilizar o plasma convalescente (parte líquida do sangue) coletada dos pacientes que se recuperaram da infecção pela doença. A técnica utiliza este material para tratar pessoas que tenham sido contaminadas pelo vírus e estejam no início dos sintomas, ainda no quadro leve.

A injeção de plasma já com os anticorpos de quem se recuperou da infecção permite a criação de uma barreira protetora em quem recebe o sangue. O objetivo é evitar que a doença tenha um agravamento e, em muitos casos, a necessidade de uma transferência para unidade de terapia intensiva (UTI). Os estudos começaram a ser desenvolvidos pelo Hemepar em março.

“É mais uma ação aqui no Paraná que busca amenizar os efeitos da pandemia. A colaboração da ciência para ajudar no tratamento dos doentes, já que ainda não existe uma vacina ou um remédio comprovadamente eficaz para combater o coronavírus”, afirmou o governador Carlos Massa Ratinho Junior. “Precisamos muito que a população abrace essa campanha e colabore com a doação de sangue”, acrescentou.

O procedimento começou a ser colocado em prática no início do mês passado em Curitiba e, a partir de dia 25, passou a ser reproduzido também no Interior do Paraná. De acordo com o Hemepar, 40 pessoas já foram beneficiadas pela técnica, todos com um índice de 100% de reação positiva.

“Este trabalho do Hemepar faz parte das ações do Governo do Estado, por meio da Secretaria da Saúde, para viabilizar alternativas de tratamento e minimizar a gravidade dos casos de coronavírus no Paraná, com o objetivo de desafogar os serviços de saúde, salvar vidas e contribuir com as pesquisas científicas”, disse o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.

PROJETO – O Hemepar realizará exames em pacientes que estão curados da Covid-19 para confirmação de positividade para anticorpos. Após isso, será feito o agendamento para a coleta de plasma convalescente (plasma hiperimune).

Os doadores precisam ter sido diagnosticados com a doença por meio de exames (sangue ou RT-PCR) e aguardar um período de 45 dias depois da recuperação antes da doação para obtenção do plasma. O prezo máximo é de 180 dias após o fim da infecção.

O sistema imunológico da pessoa que foi contaminada pelo vírus, explicou a diretora-geral do Hemepar, Liana Andrade Labres de Souza, produz proteínas na corrente sanguínea para combater a doença – os chamados anticorpos. Sendo assim, após a recuperação do paciente infectado, os componentes sanguíneos com estes anticorpos podem ser coletados e utilizados em outras pessoas para auxiliar no tratamento.

“Conseguimos com isso dar um tempo para que o organismo que recebeu o plasma passa a produzir os seus próprios anticorpos. Com isso, podemos verificar a diminuição dos agravamentos e das internações, oferecendo melhores condições de atendimento à população”, ressaltou a diretora. “Não é a cura, mas uma técnica médica que tem se mostrado muito eficiente”, completou.

BANCO DE PLASMA – Liana reforçou, contudo, que para surtir o efeito esperado é necessário a doação de sangue por aqueles que se recuperaram do coronavírus. A intenção com a campanha é consolidar um banco de plasma suficiente para atender a população, ampliando a difusão da técnica. “Na quinta-feira (10), por exemplo, nosso estoque de plasma estava zerado”, contou.

Segundo ela, o processo de coleta pode ser feito de duas maneiras. Uma pela tradicional doação de 600 mililitros de sangue, que garante aproximadamente 200 mililitros de plasma.

Ou, se o doador tiver mais tempo, pode fazer a coleta em dois dias seguidos. Neste caso, são extraídos cerca de 600 mililitros de plasma. “É praticamente um por um, já que a injeção de plasma no infectado também é de 200 mililitros. Precisamos criar um fluxo, por isso a necessidade da campanha”, disse ela.

A seleção dos doadores de plasma é realizada presencialmente e os interessados devem fazer o agendamento pelo fone (41) 3281-4074, em Curitiba, ou nas unidades do Hemepar no interior do Estado.

Mais informações: www.saude.pr.gov.br/Pagina/Doacao-de-Sangue

NOTA TÉCNICA – As orientações aos estados para realização do procedimento estão na Nota Técnica nº 21/2020 assinada pelo Ministério da Saúde e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), intitulada: “Coleta e transfusão de plasma convalescente para uso experimental no tratamento de pacientes com Covid-19”.

O projeto da instituição conta com o apoio do Laboratório Central do Estado (Lacen/PR), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Complexo Hospitalar do Trabalhador (CHT) e Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde.

Fonte: Agência Estadual de Notícias do Paraná

Homem é encontrado morto à tiros no Jardim Santa Clara em Guaíra

Na manhã de hoje (13) foi encontrado o corpo de um homem  no na Estrada da Faixinha, no Bairro Jardim Santa Clara em Guaíra.

Junto ao corpo, foram encontrados cartuchos deflagrados de espingarda calibre 12. As equipes policiais se deslocaram até o local para procedimentos cabíveis e encaminhamento do corpo ao  Instituto Médico Legal (IML) de Toledo.

Duas pessoas são presas e 135 pedras de crack, maconha e uma arma de fogo apreendidas no Sudeste do estado

Marcia Santos - Jornalista Responsável


Policiais militares do 28º Batalhão de Polícia Militar (28º BPM), pertencente ao 4º Comando Regional da PM (4º CRPM), apreenderam 135 pedras de crack, um revólver e 625 gramas de maconha. As ações policiais aconteceram na tarde de quinta-feira (10/09) na cidade de Rio Negro, no Sudeste do estado.

De acordo com informações da auxiliar de Relações Públicas da unidade, soldado Sandra Caroline de Farias, os policiais militares prenderam duas pessoas e apreenderam 135 pedras de crack em uma situação e 625 gramas de maconha e um revólver em uma segunda ocorrência.


Diante dos fatos, as suas pessoas foram presas e encaminhadas, juntamente com a droga e a arma de fogo, à Delegacia de Polícia Civil para as medidas necessárias.

Fonte: Polícia Militar do Paraná

Carro com mais de 500 quilos de maconha é encontrado pela PM estacionado em Guaíra (PR)

Escrito por Marcia Santos - Jornalista Responsável - PM Paraná



Uma equipe do 19° Batalhão de Polícia Militar (19° BPM), do 5° Comando Regional da PM (5° CRPM), se deparou com um carro roubado lotado de maconha na tarde de quinta-feira (10/09), em Guaíra (PR). Nenhum suspeito estava no local no momento da abordagem dos policiais, e a droga acabou entregue à Polícia Civil para as medidas legais.
De acordo com as informações do Batalhão, uma equipe estava fazendo o policiamento na cidade quando viu o carro estacionado, e as características suspeitas levaram os policiais militares a fazer a abordagem. 
Ao verificar o interior, acabaram encontrando vários fardos de maconha. A droga foi pesada e totalizou 521 quilos. Além disso, os policiais constataram que o veículo estava com alerta de roubo desde o ano passado. Após os procedimentos no local, tudo foi encaminhado às medidas pertinentes.
Fonte: Polícia Militar do Paraná

Resultado da Mega Sena - Concurso 2298 (12/09/20)

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sábado, 12 de setembro de 2020

Live: A Luta Antifascismo com Mário Magalhães ocorrerá na próxima segunda-feira

 A live "A Luta Antifascismo" fará um bate papo super legal com Mário Magalhães ocorrerá na próxima segunda-feira (14/09) às 19:00 pela Página do Dep. Estadual Tadeu Veneri (PT) htpps://www.fb.com/tadeu.veneri




quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Turma da Mônica e ONU Brasil se unem para divulgar recomendações de proteção na pandemia


Iniciativa da campanha Verificado e da Mauricio de Sousa Produções traz orientações e recomendações de proteção diante da pandemia de COVID-19.

Turma da Mônica participa do projeto Verificado da ONU

Turma da Mônica participa do projeto Verificado da ONU

Com o compromisso de disseminar orientações e informações educativas sobre os cuidados que devem ser tomados para a proteção contra a COVID-19, a Turma da Mônica se une à campanha Verificado – iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) para combater a desinformação nesta pandemia. A partir de 3 de setembro, conteúdos ilustrativos da Mônica e seus amigos serão publicados em diversos canais de comunicação e nas redes sociais – Facebook, Twitter, Instagram e outras – da ONU Brasil e da Turma da Mônica.

A campanha Juntos Contra o Coronavírus, da Mauricio de Sousa Produções, mostra engajamento nesse tema desde o início da pandemia, com as histórias dos personagens infantis aliadas à colaboração e ao desenvolvimento de ações que podem, de alguma forma, trazer benefícios para todos os cidadãos. Ilustrações como a do personagem Cascão lavando as mãos viralizaram nas redes sociais. De acordo com Mauricio de Sousa, "a Campanha Verificado é mais uma necessária ação para a informação das crianças sobre os cuidados que devemos tomar diante desse vírus e que servirão para sempre daqui por diante. Nossa turminha não poderia ficar de fora de algo tão importante".

Com o mesmo propósito – o de ajudar a salvar vidas –, a ONU, que lançou o projeto Verificado para inundar os canais de comunicação com informações confiáveis, uniu-se à Turma da Mônica para aumentar ainda mais a divulgação de conteúdos importantes e educativos para a população brasileira. "A Internet é uma influência poderosa. É importante que a ONU permaneça como uma fonte de informações importantes e confiáveis por meio da campanha do Verificado", enfatiza Kimberly Mann, diretora do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio).

Redes Sociais – Turma da Mônica

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Sobre o projeto Verificado

O projeto Verificado é uma iniciativa global da ONU que tem o objetivo de combater a infodemia de desinformação em meio à pandemia, compartilhar informações que salvam vidas e orientações baseadas em fatos e histórias do melhor da humanidade. O site Verificado traz uma galeria de informações verificadas e transmitidas pelas Nações Unidas. Na busca de inundar os canais de comunicação, as mensagens são baseadas em três frentes:  Ciência – para salvar vidas, Solidariedade – para promover cooperação local e global, e Soluções – para defender o apoio a populações impactada. Acesse: www.compartilheverificado.com.br

Fonte: ONU BRASIL

Lições do HIV: UNAIDS alerta sobre perigos do desrespeito aos direitos humanos na resposta à COVID-19


Durante a resposta inicial à COVID-19, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) recebeu numerosos relatos sobre interrupções dos serviços de HIV e violações perturbadoras contra populações vulneráveis e marginalizadas. A experiência da resposta ao HIV tem provado que as violações dos direitos humanos durante uma pandemia minam a confiança, prejudicam os indivíduos e atrasam as respostas de saúde pública.

Durante a resposta inicial à COVID-19, o UNAIDS recebeu numerosos relatos sobre interrupções dos serviços de HIV e violações perturbadoras contra populações vulneráveis e marginalizadas. A experiência da resposta ao HIV tem provado que as violações dos direitos humanos durante uma pandemia minam a confiança, prejudicam os indivíduos e atrasam as respostas de saúde pública.

O secretário-geral das Nações Unidas solicitou a todas as entidades da ONU que apoiem os esforços da Organização Mundial da Saúde (OMS) em suas respectivas áreas de especialização.

Portanto, para contribuir com uma melhor resposta a partir de agora, o UNAIDS produziu um relatório sobre como as ordens e as restrições ao movimento relacionadas à saúde pública no contexto da COVID-19 impactaram a resposta ao HIV e aos direitos humanos.

As descobertas refletem tendências em todo o mundo e revelam violações significativas dos direitos humanos, interrupções nos serviços sociais e de saúde – colocando em risco a vida de muitas pessoas –, violência, abuso e discriminação focada em populações-chave, marginalizadas e pobres.

Este relatório foi elaborado para ajudar os governos a dar passos positivos na resposta às questões de direitos humanos no contexto em evolução da COVID-19. "É falsa a ideia de que pode haver uma compensação entre os direitos humanos e a saúde pública", disse Winnie Byanyima, diretora-executiva do UNAIDS. "Os direitos humanos não são apenas intrínsecos, mas também o meio pelo qual os governos podem vencer uma pandemia com sucesso."

Direitos em uma pandemia – lockdowns, direitos e lições do HIV na resposta inicial à COVID-19 é uma fotografia instantânea no tempo, com foco nos primeiros dias da pandemia, de fevereiro a meados de maio de 2020, chamando a atenção para as experiências de algumas das comunidades mais marginalizadas e vulneráveis.

As violações incluíram casos de policiais usando balas de borracha, gás lacrimogêneo e chicotes para impor o distanciamento físico, pessoas sendo presas, detidas e multadas por não usarem máscaras – as que não podiam pagar multas permaneceram na prisão por mais tempo do que aquelas que podiam pagar.

Médicos foram presos e detidos por se deslocarem de suas casas para unidades de saúde. Também foram recebidos relatos de mulheres grávidas que morreram depois que estritas restrições de movimento as impediram de chegar aos serviços de saúde – algumas morreram enquanto se encaminhavam para o hospital. Um relatório detalhou o caso de um motorista de moto-táxi que foi espancado até a morte pela polícia após levar uma mulher em trabalho de parto ao hospital durante o horário de toque de recolher.

O relatório Direitos na pandemia descreve dez áreas imediatas de ação para os governos no sentido de construir respostas à COVID-19 que sejam eficazes e baseadas em direitos. Isso inclui a tomada de medidas proativas para garantir que as pessoas, especialmente as de grupos vulneráveis, possam ter acesso ao tratamento e aos serviços de prevenção do HIV, designando e apoiando trabalhadores essenciais, incluindo organizações de liderança comunitária, e implementando medidas para prevenir e enfrentar a violência de gênero.

"Este relatório chega em um momento crítico", disse Felicita Hikuam, diretora da AIDS and Rights Alliance para a África do Sul. "Infelizmente, parece que não aprendemos a lição que o HIV tentou nos ensinar: as epidemias expõem e agravam as injustiças existentes e o impacto mais negativo sobre aquelas pessoas que já são marginalizadas."

Uma grande preocupação tem sido a segurança durante os bloqueios, especialmente para as pessoas mais afetadas pelo HIV, incluindo mulheres e meninas, crianças e populações-chave, entre elas profissionais do sexo, lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersexuais. Em muitos países, os incidentes relatados de violência de gênero aumentaram de 40% a 70%, com picos ainda maiores em certas cidades e regiões.

Pessoas trans foram perseguidas e presas por deixarem suas casas no "dia errado" sob as políticas de bloqueio de gênero. As trabalhadoras do sexo perderam renda e, em grande parte, não eram elegíveis para apoio financeiro. Como o UNAIDS afirmou repetidamente: a violência contra as populações-chave e mulheres e meninas aumenta a vulnerabilidade ao HIV.

"O relatório dá visibilidade no contexto desta pandemia para aqueles de nós que são empurrados para a margem", disse Elena Reynaga, secretária-executiva da Rede de Mulheres Profissionais do Sexo da América Latina e do Caribe. "Do ponto de vista dos direitos humanos, precisamos que os governos ouçam e implementem essas recomendações, que representam um passo importante para acabar com a AIDS até 2030, sem deixar ninguém para trás."

Em maio, o UNAIDS alertou sobre o risco de o acesso aos serviços de HIV ser interrompido durante a pandemia de COVID-19. Uma modelagem inicial mostrou que uma interrupção severa no tratamento do HIV poderia resultar em 500 mil mortes adicionais relacionadas à AIDS na África Subsaariana.

Este novo relatório mostra que os serviços de prevenção e tratamento do HIV foram interrompidos em dez dos 16 países analisados. Alguns países relataram reduções nas retiradas de medicamentos de até 20% em algumas áreas. Houve vários relatos de pessoas que vivem com HIV e que não tinham medicamentos antirretrovirais suficientes para um período de lockdown de mais de 60 dias, bem como relatos de pessoas que abandonaram o tratamento para o HIV por falta de comida.

Além de aprender lições com a resposta ao HIV, a pandemia do HIV não deve ser esquecida durante esta crise. "Comunidades de pessoas que vivem e são afetadas pelo HIV, mais uma vez se encontraram na encruzilhada da injustiça e da discriminação direcionada na esteira da pandemia de COVID-19", disse Rico Gustav, diretor executivo do GNP +.

"Como uma rede global de pessoas vivendo com HIV, pedimos que a aplicação da lei seja baseada em direitos e que respeite e reconheça a necessidade das comunidades marginalizadas de se moverem livremente para ter acesso ao medicamentos para o HIV e outras enfermidades, bem como a implementação de dispensação de medicamentos antirretrovirais para vários meses."

No entanto, existem muitos exemplos positivos. Em 15 dos 16 países analisados, os governos libertaram pessoas de prisões para reduzir a superlotação e conter a transmissão de COVID-19.

Onde os governos estabeleceram parcerias com a sociedade civil e o setor privado, as respostas à COVID-19 foram mais positivas e inclusivas. Em alguns países, foi fornecido transporte gratuito para atendimento médico de emergência durante o toque de recolher e, em outros, a polícia distribuiu máscaras em vez de multas.

Alguns países forneceram abrigos temporários para desabrigados e suprimentos de alimentos para pessoas que viviam em campos para pessoas deslocadas. Outros declararam que o abastecimento de água não poderia ser suspenso por falta de pagamento das contas e colocaram uma moratória nas ações de despejo ou investiram pesadamente em alimentos.

"As instituições nacionais de direitos humanos, como a que eu lidero, têm um papel crítico a desempenhar no rastreamento e na proteção dos direitos humanos de todas as pessoas, tanto as vulneráveis quanto as prósperas, especialmente em tempos de crise e de pandemias como as de COVID- 19 e de HIV ", disse Anthony Ojukwu, secretário executivo da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Nigéria.

"Este relatório nos abre a oportunidade de trabalhar com instituições em todo o mundo para fazer cumprir os freios e contrapesos em vigor em nossos próprios países a fim de corrigir excessos, como os do pessoal de segurança durante os primeiros dias do bloqueio."

O UNAIDS também recebeu relatos de países que expandiram a distribuição de medicamentos para o HIV por vários meses para suprimentos de três ou seis meses e de outros implementando partos domiciliares ou entrega comunitária de medicamentos.

"O UNAIDS reconhece os passos positivos que foram dados. É provável que a COVID-19 fique conosco por muito tempo ", disse Byanyima. "Temos o compromisso de defender os mais vulneráveis, mesmo no ambiente difícil em que a COVID-19 nos colocou. Usaremos este relatório para convocar governos, comunidades e parceiros a fim de abrir um diálogo e encontrar um caminho para a reforma de leis, políticas e práticas e para proteger os direitos humanos."

O relatório baseia-se no guia Direitos em tempos de COVID-19, lançado pelo UNAIDS em março de 2020, que exortou os países a adotar uma abordagem de direitos humanos ao responder à COVID-19, em linha com as melhores práticas destes 40 anos de resposta ao HIV.

Clique aqui para acesso ao relatório em inglês

UNAIDS

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

No PR, famílias do MST atingem 430 toneladas de alimentos doados durante a pandemia

Família Giovani, doações de alimentos em Congonhinhas, Paraná. Foto: Igor de Nadai
Por Setor de Comunicação do MST no Paraná
Da Página do MST

Os alimentos frescos e orgânicos cultivados pela agricultora Irani Vieira, no acampamento Maria Rosa do Contestado, em Castro (PR), chegaram até a mesa de famílias urbanas que enfrentam o desemprego e a falta de renda durante a pandemia da Covid-19. 
“Eu ajudei a semana inteira fazendo macarrão caseiro para doar. A gente também doou um saco de mandioca, um de batata e umas 20 cabeças de repolho”, lembra dona Irani sobre a partilha de 12 toneladas de alimentos feita pela comunidade em agosto, junto a outras áreas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) da região. 
Dona Irani, no acampamento Maria Rosa do Contestado. Foto: Thea Tavares
O acampamento de dona Irani foi um dos primeiros do Paraná a organizar doações durante a pandemia, ainda no mês de março. “Fica todo mundo feliz por poder ajudar quem não tem. Quando a gente estava na cidade, não podia ajudar ninguém, porque via do salário e era só aquilo”, resgata da memória os tempos em que vivia na capital. As famílias do Maria Rosa têm certificação de produção 100% agroecológica e lutam para permanecer no campo. 

De lavouras como as da comunidade Maria Rosa saíram cerca de 430 toneladas de alimentos doados a pessoas em situação de vulnerabilidade e entidades sociais, desde o início da pandemia da Covid-19. Até o final de agosto, as ações de solidariedade do MST no estado tiveram participação de 52 acampamentos e 120 assentamentos, além de pelo menos 20 comunidades e unidades de produção da Agricultura Familiar, cooperativas da Reforma Agrária e sindicatos de trabalhadores rurais. 
As iniciativas integram a campanha nacional do Movimento para a partilha de alimentos a quem mais precisa. Cerca de 3.300 toneladas já foram doadas em todo o país a partir de áreas da Reforma Agrária. 
A diversidade e a fartura da produção da Reforma Agrária ficaram expressas nas milhares de sacolas e kits de produtos doados. Foram mais de 80 tipos de alimentos, entre grãos, tubérculos, frutas, legumes, verduras, mel, ovos, pães, bolachas, leite, bebida láctea, queijo, macarrão caseiro, além de álcool 70 e sabão caseiro. 
Os alimentos chegaram a famílias em situação de vulnerabilidade de bairros periféricos, ocupações urbanas, hospitais públicos e Santas Casas, asilos de idosos, associações de moradores e de catadores, abrigos, pessoas em situação de rua e comunidades indígenas.
“Violência da fome”
Ceres Hadich, integrante da direção nacional do MST e assentada no norte do Paraná, conta que as doações ganharam intensidade já no início da quarentena, quando assentados e acampados perceberam a gravidade da crise. Ela lembra que já havia altos índices de desemprego e aumento da fome antes da pandemia. 
Quedas do Iguaçu e Rio Bonito do Iguaçu, onde ocorreu a maior doação, 80 toneladas, em 25 de julho. Foto Wellington Lenon
“O aprofundamento da crise da pandemia agrava também uma crise social e estrutural pela qual a gente vem passando. A violência da fome, que é muito mais antiga e vem de antes da pandemia, vem se agravando. Também piora a falta de renda nos lares”, frisa Hadich. 
No final de maio, o número de brasileiros desempregados chegava a 9,8 milhões. 
Até a primeira semana de agosto, mais de 12,5 milhões de pessoas estavam desempregadas – um aumento de 28,6%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A informalidade também é a realidade para  27,9 milhões de brasileiros. 
Em um contexto de falta de comida da mesa de milhares de famílias, a Reforma Agrária mostra os resultados do acesso à terra e indica ser uma saída para a fome no Brasil, como aponta Ceres Hadich. “A fartura das doações mostra a força da Reforma Agrária e nos renova a esperança de que é possível enfrentar essa pandemia juntos, fortalecidos, e com espírito de solidariedade junto à classe trabalhadora”. 
Apesar do papel da Agricultura Familiar e da Reforma Agrária na produção de alimentos no Brasil, o governo Bolsonaro vetou a maior parte dos pontos do Projeto de Lei 735, que socorre agricultores familiares durante a pandemia. Por outro lado, favorece o agronegócio com a chamada “Lei do Agro”, Medida Provisória (MP) 897, que cria facilidades para o acesso a crédito e financiamento de dívidas de grandes produtores rurais, entre outras benesses. 
Hortas comunitárias  
Para fortalecer a continuidade das ações de solidariedade, 15 hortas comunitárias e centros de produção de alimentos saudáveis foram inaugurados em acampamentos do MST no Paraná. A maior parte dos espaços de produção foram iniciados no dia 2 de maio, em homenagem ao camponês Antônio Tavares, assassinado pela Polícia Militar do Paraná na BR 277. 
Horta comunitária Antonio Tavares, em Clevelândia. Foto Arquivo MST-PR
Os agricultores e agricultoras das comunidades Mãe dos Pobres e Terra Livre, de Clevelândia, sudoeste do Paraná, já completaram quatro meses de trabalho coletivo nas hortas orgânicas. Repolho, brócolis, alface, cenoura, beterraba, temperos estão entre os alimentos colhidos. Ao longo desses meses, seis doações já foram entregues em lares de idosos e para famílias em situação de vulnerabilidade nos bairros urbanos da região.
“Tem sido um processo riquíssimo em que as famílias se reúnem para produzir, com objetivo específico de doar, mas, para além disso compartilham conhecimento, mudas e sementes. No final, nosso sentimento é de muito orgulho de poder, de forma coletiva, produzir alimentos de qualidade para doação”, conta Bruna Zimpel, integrante da direção estadual do MST e acampada em Clevelândia. 
A agricultora reforça a origem dos alimentos: “Essas hortas estão implantadas em comunidades ainda sem regularização, em acampamentos, e as famílias ainda não têm recursos e incentivos para a produção, mas seguem produzindo e compartilhando os frutos da terra e da luta”.
Mutirão das “Marmitas da Terra”
Refeições com o gostinho da cultura camponesa e temperadas com a solidariedade e união entre o campo e cidade. Essas são as marcas da ação “Marmitas da Terra”, que começou por iniciativa do MST e atualmente envolve um coletivo de cerca de 70 pessoas voluntárias, entre elas integrantes de movimentos urbanos, mandatos populares, campanhas e estudantes. 
Produção das marmitas solidárias do MST em Curitiba. Foto: Joka Madruga / Terra Sem Males
Mais de 12.600 marmitas já produzidas e distribuídas gratuitamente para pessoas em situação de rua, trabalhadores de aplicativos e moradores/as de bairros da periferia de Curitiba e Região Metropolitana. Cerca de 700 marmitas são doadas todas as quartas-feiras, a partir de produtos vindos principalmente de áreas da Reforma Agrária e da Agricultura Familiar. 
Na próxima semana, 5 mil quentinhas serão distribuídas como parte do Gritos dos Excluídos, que traz como tema “Vida em primeiro lugar: Basta de miséria, preconceito e repressão! Queremos terra, trabalho, teto e participação”.
Além da produção das refeições, o grupo realiza mutirões de colheita e plantio de alimentos em unidades produtivas da Agricultura Familiar na área rural de São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba. O objetivo do Movimento é manter a produção semanal de marmitas até dezembro, e por isso lançou uma campanha de financiamento da ação.
Cerca de 2 mil embalagens de mel com açafrão também foram produzidas pelo Setor de Saúde do MST do estado e distribuídas junto com as marmitas. O composto é um potente aliado para melhorar a imunidade. Pelo menos 600 máscaras de tecido foram produzidas e doadas por agricultoras Sem Terra. 
*Editado por Fernanda Alcântara
Fonte: Jornal Brasil de Fato