A inação frente à emergência climática tem impactado desproporcionalmente mulheres, meninas e corpos feminizados. São elas as mais afetadas pelas mudanças climáticas e a discriminação que ainda sofrem em nível socioeconômico intensifica as consequências do aquecimento global sobre sua alimentação, casa e meios de vida. É neste sentido que ONU Mulheres Brasil, o escritório no Brasil da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e a representação no Brasil da Fundação Friedrich Ebert (FES) lançam o relatório "A dimensão de gênero no Big Push para a Sustentabilidade no Brasil: as mulheres no contexto da transformação social e ecológica da economia brasileira" nesta terça-feira (30/3). O evento será transmitido ao vivo a partir das 14h pelo YouTube da ONU Mulheres Brasil.
A transmissão terá um formato de bate-papo e pretende contribuir para um debate sobre políticas e medidas ligadas ao enfrentamento da mudança do clima, do ponto de vista da mitigação e da adaptação, que contribuam para alcançar a igualdade de gênero, com foco na divisão sexual do trabalho e na organização social do cuidado no Brasil. A discussão também abordará a perspectiva da interseccionalidade, destacando a importância de trazer as dimensões de raça e etnia e a diversidade das mulheres (negras, indígenas, quilombolas, periféricas) para o centro desta discussão.
O evento é aberto ao público, voltado principalmente para mulheres e homens jovens, com foco nas juventudes da periferia, afrodescendentes, grupos étnicos minoritários (indígenas, quilombolas, LGTBQI+). Este é o público que será mais impactado pelos efeitos da mudança climática infrene e também o grupo que poderá mais se beneficiar de políticas para a promoção de investimentos com sustentabilidade e igualdade.
Além das pesquisadoras e autoras do relatório, Margarita Olivera (Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ) e Maria Gabriela Podcameni (Instituto Federal do Rio de Janeiro), o evento contará com as presenças da cofundadora da Rede Brasileira de Mulheres na Energia Solar, Natália Chaves, da Oficial de Assuntos Econômicos da CEPAL-Brasil, Camila Gramkow, da ativista ambiental e representante do EngajaMundo, Darlly Tupinambá, e da jovem indígena da etnia Baré Rayanne Máximo. O evento terá a moderação da cientista social e youtuber Nátaly Nery. A programação inclui ainda depoimentos da diretora regional da ONU Mulheres para as Américas e Caribe, Maria-Noel Vaeza,.
O relatório traz a dimensão de gênero no contexto dos investimentos transformadores para a igualdade no âmbito da abordagem do Big Push (Grande Impulso) para a sustentabilidade. Ao mesmo tempo, o documento oferece subsídios para a formulação de políticas que promovam oportunidades de emprego e renda para as mulheres, consideradas na sua diversidade, e de melhoria da disponibilidade e da qualidade de serviços de cuidado, liberando o tempo delas e contribuindo para sua autonomia econômica.
O documento tem como co-autoras as pesquisadoras Maria Cecília Lustosa, da UFRJ e da Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais do Instituto de Economia (Redesist/UFRJ), e Letícia Graça, do Núcleo de Estudos e Pesquisas de Economia e Feminismos do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NuEFem/IE/UFRJ).
"É preciso superar os desafios estruturais que envolvem as emergências climáticas, em que as mulheres são as mais afetadas nos seus mais diversos contextos e realidades, principalmente as indígenas, agricultoras, quilombolas e ribeirinhas. Nesse sentido, é muito oportuno a soma de esforços para construir uma nova perspectiva de desenvolvimento, onde no centro estejam a igualdade de gênero e a sustentabilidade", ressaltou Anastasia Divinskaya, representante da ONU Mulheres no Brasil.
Geração Igualdade – O evento se insere no marco do Fórum Geração Igualdade, realizado pela ONU Mulheres na Cidade do México entre 29 e 31 de março. O Fórum contempla uma série de encontros que permitirão enfrentar os obstáculos estruturais e sistêmicos que impedem alcançar uma verdadeira igualdade de gênero e a garantia do exercício dos direitos humanos de mulheres e meninas em nível internacional. Esse Fórum representa uma oportunidade histórica para promover a plena implementação da Plataforma de Ação de Pequim no âmbito das comemorações do 25º aniversário, além de estar alinhado com a política externa feminista promovida pelo governo do México.
Assista ao evento aqui.
A íntegra do relatório está disponível aqui.
Fonte: ONU Brasil