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O Brasil deve cumprir suas obrigações internacionais e reforçar seus mecanismos nacionais de prevenção contra a tortura, disseram especialistas do órgão de prevenção à tortura da ONU ao concluir sua visita ao país com a terceira maior população carcerária do mundo.
"Pedimos ao Brasil que abandone sua decisão de desmantelar seu mecanismo nacional de prevenção à tortura", disse Suzanne Jabbour, que chefiou a delegação de três membros, que visitou o país no início de fevereiro.
"Apelamos também ao Brasil para que respeite seus compromissos internacionais de direitos humanos e consolide seus recursos e esforços para combater a tortura", acrescentou.
O Brasil tem a terceira maior população de pessoas privadas de liberdade do mundo, com mais de 750 mil detentos e prisões superlotadas.
Durante sua visita à capital, Brasília, a delegação da Subcomitê de Prevenção à Tortura e outros Tratamentos ou Punições Cruéis, Desumanos ou Degradantes (SPT) reuniu-se com a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, diversos parlamentares, inclusive com os presidentes das Comissões de Direitos Humanos da Câmara e do Senado, o Supremo Tribunal Federal, o procurador-geral da República e o procurador federal dos Direitos do Cidadão, entre outras entidades.
A delegação também realizou reuniões com o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT), órgão de vigilância da prevenção da tortura no país, bem como com seus pares estaduais nos quatro estados onde existem, bem como com representantes de organizações da sociedade civil ligadas à prevenção da tortura.
"Todas as altas autoridades com as quais nos reunimos concordaram que um mecanismo preventivo independente e que funcione bem é absolutamente essencial, tanto no nível federal quanto no estadual", disse Jabbour.
"Os mecanismos preventivos do Brasil estão enfrentando desafios críticos. Apesar da falta de recursos e apoio, eles vêm fazendo um trabalho notável", acrescentou.
Espera-se nas próximas semanas uma decisão do Supremo Tribunal Federal para decidir sobre a legalidade do Decreto Presidencial de 2019 que enfraqueceu seriamente o sistema. Sob o controverso Decreto, os membros do MNPCT não serão mais remunerados e deverão trabalhar de forma voluntária. Além disso, a administração decidiu unilateralmente diminuir severamente o apoio profissional e de secretariado ao mecanismo.
"Continuaremos a nos envolver com os mecanismos de prevenção do Brasil e autoridades, instituições e sociedade civil relevantes e apoiar seus esforços para estabelecer um sistema de monitoramento forte, funcional e independente para prevenir a tortura no país", disse Jabbour.
Os Estados Partes do Protocolo Opcional da Convenção contra a Tortura (OPCAT) são obrigados a estabelecer mecanismos preventivos nacionais funcionais e independentes. Esses órgãos realizam visitas regulares a locais onde as pessoas são privadas de liberdade, como parte dos esforços para prevenir a tortura e os maus-tratos e melhorar as condições de detenção. O Brasil estabeleceu um sistema nacional de prevenção da tortura em 2013, mas apenas quatro dos 26 estados criaram um órgão preventivo.
A delegação do SPT era composta por Suzanne Jabbour (Líbano), chefe da delegação e presidente do SPT; Juan Pablo Vegas (Peru), chefe da equipe regional do SPT para a América Latina e relator para o Brasil; e Nora Sveaass (Noruega), integrante da delegação do SPT que visitou o Brasil em 2015.
Contexto - O Subcomitê de Prevenção da Tortura monitora a adesão dos Estados Partes ao Protocolo Opcional da Convenção contra a Tortura, que até o momento foi ratificado por 91 países. O Subcomitê é composto por 25 membros que são especialistas independentes em direitos humanos provenientes de todo o mundo, que atuam a título pessoal e não como representantes dos Estados Partes. O Subcomitê tem mandato para visitar os Estados que ratificaram o Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura. O Subcomitê comunica suas observações e recomendações aos Estados por meio de relatórios confidenciais, que incentiva os países a tornarem públicos.
Via ONU Brasil
"Vence o discurso de que vale tudo para produzir mais soja, enquanto o povo passa fome na fila do osso", enfatiza Alan Tygel, integrante da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.
A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira (09), o projeto de lei conhecido como "Pacote do Veneno" (PL 6299/2002), Em menos de 4 horas de debate entre a aprovação do pedido de urgência e a votação do projeto de lei e sem participação popular, o placar contabilizou 301 parlamentares favoráveis à proposta e 150 contrários. O projeto agora segue para apreciação pelo Senado.
O projeto flexibiliza ainda mais o uso de agrotóxicos no país e substitui o atual marco legal (Lei 7.802), vigente desde 1989. Com violação a diversos artigos da Constituição e acordos e tratados que o Brasil ratificou, o projeto prevê a liberação de agrotóxicos cancerígenos; maior poder ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), e desautorização da Anvisa e Ibama; e abre espaço para uma "indústria" de Registros Temporários.
Documentários:
A aprovação do PL na Câmara marca um retrocesso histórico, diante do contexto de crise econômica e de crescimento da fome pelo qual o Brasil atravessa. Mais de 116,8 milhões de brasileiros estão em situação de insegurança alimentar, segundo o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, organizado pela Rede PENSSAN.
Para Alan Tygel, integrante da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, a aprovação do Pacote do Veneno é "uma verdadeira derrota civilizatória". E completa: "Num momento em que o mundo está buscando menos poluição, menor uso de recursos naturais, menos contaminação e emissões de produtos poluentes e tóxicos, o que fazemos aqui? O oposto: libera geral para os agrotóxicos. Vemos um grupo de supostos representantes da população decidindo algo completamente oposto ao verdadeiro desejo da sociedade. Além disso, vence o discurso de que vale tudo para produzir mais soja, enquanto o povo passa fome na fila do osso. Somos os campeões da soja e da fome. A quem interessa isso?", questiona Tygel.
A posição da maioria das e dos parlamentares ignora dezenas instituições científicas públicas, órgãos técnicos, entidades representantes do Sistema Público de Saúde, e de organizações da sociedade civil, que se manifestaram contra o PL 6299 por meio de notas públicas ao longo dos últimos dois anos. Entre elas estão a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Instituto Nacional do Câncer (INCA), Organização das Nações Unidas (ONU), Defensoria Pública da União, Ministério Público Federal e do Trabalho.
Karen Friedrich, pesquisadora da Fiocruz e membro GT Saúde e Ambiente da Abrasco, afirma que as modificações previstas no PL permitirão a liberação de agrotóxicos ainda mais danosos sejam autorizados no Brasil. "Agrotóxicos com maior risco de câncer, de problemas reprodutivos e hormonais e malformações em bebês terão mais facilidade para serem registrados. Os danos são imprevisíveis, para quem mora próximo das lavouras ou de indústrias fabricantes e principalmente para quem trabalha nesses locais".
Modernização às avessas
O PL avança em um contexto de aumento recorde de liberação de agrotóxicos durante o governo Bolsonaro, parte deles extremamente tóxicos e muitos proibidos na União Europeia. Foram mais de 1.500 novos produtos liberados desde o início da gestão, 641 apenas em 2021.
Nilto Tatto, deputado federal pelo PT-SP, enfatizou a ineficácia do aumento do uso de veneno na agricultura: "Depois de liberado mais de 1500 agrotóxicos, o curto prazo para a produção de agrotóxicos continuar aumentando".
O parlamentar questiona quem, de fato, se beneficia do avanço do PL: "Eu pergunto para os liberais que querem aprovar:, vocês querem atender aos interesses do povo brasileiro ou das grandes corporações e dos grandes latifúndios, que é quem ganha dinheiro com a agricultura brasileira?" São esses grandes produtores que se apropriam de 60% do Pronaf [Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar] e utilizam na produção de soja para exportação, e não para a produção de alimentos". Os produtores e distribuidores de veneno receberam cerca de R$ 4,2 bilhões em incentivos fiscais em 2021, por meio da Lei Kandir, de 1996.
O pedido de urgência para a votação do PL partiu dos parlamentares Aécio Neves (PSDB-MG), Wolney Queiroz (PDT-PE), Reginaldo Lopes (PT-MG), Adolfo Viana (PSDB-BA), Alex Manente (CIDADANIA-SP), Wellington Roberto (PL-PB), Efraim Filho (DEM-PB) , Bira do Pindaré (PSB-MA), Cacá Leão (PP-BA), Vinicius Carvalho (REPUBLIC-SP), Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL).
O PL da comida de verdade
Centenas de outros projetos foram apensados ao original, proposto há 20 anos. Parte deles buscava ampliar o controle sobre o uso de substâncias tóxicas na produção de alimentos e incentivo à redução do uso. No entanto, a versão votada nesta quarta é amplamente focada na ampliação do uso de agrotóxicos.
Entre os projetos que ainda não ganharam espaço na Câmara está o que propõe a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos, a PNARA (PL nº 6.670/2016). Construída por centenas de entidades do campo e da cidade, ligadas à produção e à defesa da agroecologia, da saúde pública, da ciência e da natureza, a PNARA vai na contramão do Pacote do Veneno.
O PL 6.670 quer a redução gradual do uso de agrotóxicos e o estímulo à transição orgânica e agroecológica; a reavaliação periódica de registro das substâncias (na legislação atual, o registro é eterno); a proibição da aplicação de veneno próximo a áreas de proteção ambiental, de recursos hídricos, de produção orgânica e agroecológica, de moradia e de escolas; e a redução da pulverização aérea.
Fonte: Terra de Direitos
Dia 19/02 (sábado), a partir das 8h acontecerá a primeira edição do Rio+Limpo/2022 na Praia do Paracaí em São Jorge do Patrocínio/PR.
Vamos juntos promover um "arrastão" as margens do arquipélago do Parque Nacional de Ilha Grande, recolhendo resíduos e demais materiais que degradam e poluem os rios que banham as ilhas.
Para informações e inscrições das embarcações entre em contato com a Secretaria de Meio Ambiente e Turismo ou pelo telefone (44)3634-8064.
Fonte: CORIPA
No começo de 2021, a Vila Residencial de Faxinal do Céu, situada em Pinhão (PR) e pertencente à Copel foi desativada e a Companhia decidiu vendê-la. Fomos contra! Desde o início o nosso Mandato motivou a discussão sobre os patrimônios estruturais, culturais, históricos e social do local, que incluem: residências, teatros, escolas, refeitórios e o jardim botânico de Faxinal do Céu.
A decisão foi unilateral e motivou inclusive uma Audiência Pública da Comissão de Direitos Humanos da Alep, encabeçada pelo nosso Mandato. Tínhamos dois caminhos possíveis: que a Copel assumisse o Jardim Botânico ou então que houvesse um tombamento. Diante da recusa da Copel, restou-nos o tombamento, que não é um processo simples.
Participamos de uma reunião junto com o Ministério Público do Estado e demais autoridades, e agora o processo de tombamento tem prazo para seguir, que termina no dia 12 de fevereiro, mas esbarra em burocracias municipais.
De tudo isso, é importante mencionar que estamos acompanhando esse trâmite e que o nosso Mandato teve (e ainda tem) papel determinante para aglutinar os diversos atores e manter o Jardim Botânico de Faxinal do Céu como patrimônio do Paraná e da cidade de Pinhão.
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O progresso do desenvolvimento global não leva automaticamente a mais sensação de segurança. É o que afirma o relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) sobre segurança humana divulgado nesta terça-feira (8).
Pelos dados e análises contidos no informe Novas Ameaças à Segurança Humana no Antropoceno, a sensação de segurança das pessoas está em queda em quase todos os países, inclusive nas nações mais ricas do mundo, apesar de anos de desenvolvimento ascendente. Aqueles que se beneficiam de alguns dos mais elevados níveis de bons resultados em saúde, riqueza e educação estão relatando nível de ansiedade ainda mais alto do que há 10 anos.
Para enfrentar o descompasso entre o desenvolvimento e a percepção de segurança, o relatório pede mais solidariedade além-fronteiras e uma nova abordagem ao desenvolvimento, que permita às pessoas viverem livres de carência, medo, ansiedade e indignidade.
"Apesar de a riqueza global ser maior do que nunca, a maioria das pessoas está apreensiva com o futuro, e esse sentimento provavelmente se exacerbou com a pandemia", afirma o administrador mundial do PNUD, Achim Steiner.
"Em nossa busca por crescimento econômico desmedido, continuamos a destruir o mundo natural, enquanto as desigualdades aumentam, tanto dentro dos países quanto entre países. É hora de reconhecer os sinais de sociedades que estão sob imenso estresse e redefinir o que realmente significa progresso. Precisamos de um modelo de desenvolvimento sob medida, construído em torno da proteção e restauração de nosso planeta, com novas oportunidades sustentáveis para todas e todos", completa Steiner.
Solidariedade contra ameaças - O imperativo de agir agora nunca foi tão claro, pois novas descobertas também mostram que a expectativa de vida global ao nascer está caindo pelo segundo ano consecutivo por causa da COVID-19, assim como os índices gerais de desenvolvimento humano. Em 2021, apesar do maior PIB global da história e das vacinas contra a COVID-19 estarem mais prontamente disponíveis em alguns países, a expectativa de vida global diminuiu pelo segundo ano consecutivo, caindo cerca de um ano e meio em média em comparação com o mundo pré-COVID.
Além disso, a mudança do clima provavelmente se tornará uma das principais causas de morte em todo o mundo. Mesmo com mitigação moderada das emissões, cerca de 40 milhões de pessoas podem morrer por causa da alteração nas temperaturas antes do fim do século.
O relatório examina um conjunto de ameaças que se tornaram mais proeminentes nos últimos anos, incluindo as de tecnologias digitais, desigualdades, conflitos e a capacidade dos sistemas de saúde de enfrentar novos desafios, como a pandemia de COVID-19.
Enfrentar essas ameaças, argumentam os autores do relatório, exigirá que os formuladores de políticas considerem proteção, empoderamento e solidariedade lado a lado, para que a segurança humana, as considerações planetárias e o desenvolvimento humano atuem juntos e não a despeito uns dos outros. Isso significa que as soluções para um problema não devem exacerbar outros problemas.
"Um elemento-chave para a ação prática destacada no relatório é a construção de um maior senso de solidariedade global com base na ideia de segurança comum. A segurança comum reconhece que uma comunidade só pode estar segura se as comunidades adjacentes também estiverem. Isso é algo que vemos muito claramente com a atual pandemia: as nações são em grande parte impotentes para impedir que novas mutações do coronavírus cruzem as fronteiras", afirma o secretário-geral adjunto da ONU e diretor do Escritório de Crise do PNUD, Asako Okai.
O relatório também observa a forte associação entre níveis decrescentes de confiança e sentimentos de insegurança. Pessoas com níveis mais elevados de insegurança humana percebida são três vezes menos propensas a considerar as outras pessoas confiáveis.
Outros achados - O relatório também traz dados sobre as desigualdades relacionadas ao clima, conflitos e sistemas de saúde.
Segundo o documento, os países mais desenvolvidos tendem a capitalizar mais os benefícios das pressões planetárias e sofrer menos suas consequências, evidenciando como a mudança global do clima está aumentando ainda mais as desigualdades.
O estudo mostra ainda que cerca de 1,2 bilhão de pessoas vivem em áreas afetadas por conflitos hoje, com quase metade delas (560 milhões) em países que geralmente não são considerados frágeis. Isso indica que as ideias tradicionais sobre quais países são mais vulneráveis a conflitos precisam ser revisitadas.
Outro dado é sobre as grandes e crescentes lacunas existentes nos sistemas de saúde entre os países. De acordo com o novo Índice de Universalismo da Saúde do relatório, entre 1995 e 2017, a desigualdade no desempenho da saúde entre países com desenvolvimento humano baixo e muito alto se agravou.
Segurança humana - O conceito de segurança humana, introduzido pela primeira vez no Relatório de Desenvolvimento Humano de 1994 do PNUD, sinalizou um afastamento radical da ideia de que a segurança das pessoas deve ser avaliada observando apenas a segurança territorial, ao enfatizar a importância das necessidades básicas das pessoas, sua dignidade e sua segurança para viver vidas seguras.
ONU BRASIL