"Qual o percentual de estudantes que estão tendo acesso ao EaD? Qual o percentual de alunos excluídos do EaD das escolas do campo? Permanecendo o calendário escolar, como o Senhor avalia a qualidade do EaD na preparação dos alunos para o ENEM e vestibulares?". A pergunta é da deputada estadual Luciana Rafagnin (PT-PR) e foi dirigida ao secretário de estado da Educação e do Esporte, Renato Féder, durante a sessão da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) desta segunda-feira (27).
As respostas do secretário à deputada, longe de convencerem ou de tranquilizarem os paranaenses só reforçam o processo excludente da educação à distância no estado. "Quando admite que 10% dos estudantes não têm acesso a nenhuma tecnologia para acompanhar as aulas à distância, que não terão em nenhum momento e que esses casos ocorrem em maior número no meio rural, o governo do estado confirma e até reforça a desigualdade social e de oportunidades no Paraná, com uma aceitação do problema que é revoltante. Estamos falando de, no mínimo, 110 mil alunos", disse a deputada Luciana.
Esses dados, no entanto, também são questionáveis, comenta a deputada. Luciana pondera que estabelecer uma quantidade de estudantes que conseguem acompanhar as aulas com base apenas no número de acessos às plataformas digitais e ao canal do YouTube, por exemplo, não mede com precisão o tamanho nem do público atendido e muito menos do que é excluído. "Qualquer pessoa, não necessariamente estudantes, pode acessar as aulas por meio das plataformas disponibilizadas e essas pessoas estariam entrando na conta que o governo faz de atendimento, quando diz que 60% têm acesso?", questiona.
"Uma vez mantido o calendário escolar no Paraná, sob estas condições, o EaD da exclusão vai impactar e reforçar ainda mais a desigualdade na preparação dos estudantes ao ENEM e aos vestibulares. Isso também não podemos admitir", acrescenta a deputada. Para ela, no entanto, o que mais chama a atenção é a demonstração de ausência de preocupação por parte do gestor público com a saúde das pessoas nessa pandemia, com as condições impostas aos professores e às famílias com a EaD e, consequentemente, com a qualidade desse ensino. "Não vi, em momento algum, o secretário demonstrar preocupação com os professores nesse sistema de EaD, com a qualidade do ensino, e nem se os estudantes de fato conseguirão aprender alguma coisa. Muito menos com a saúde. Está preocupado apenas em cumprir o calendário escolar!", conclui Luciana Rafagnin.
Por Thea Tavares - Assessoria de Comunicação
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