domingo, 31 de maio de 2020

Projeto apoia agricultores familiares durante pandemia da COVID-19 em Sergipe



Em Sergipe, agricultores familiares de 15 municípios com Índice de Desenvolvimento Humano muito baixo contam com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para superar as dificuldades econômicas geradas pela pandemia da COVID-19.
Durante as medidas de isolamento social, o projeto "Dom Távora" – financiado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) – está se adaptando para seguir fornecendo apoio consultivo e de capacitação a pequenos agricultores familiares que não podem interromper suas atividades, uma vez que são essenciais para garantir a segurança alimentar na região.

Projeto Dom Távora atua em 15 municípios do Sergipe. Foto: Arquivo PNUD

Em Sergipe, o menor estado em extensão territorial do Brasil, agricultores familiares de 15 municípios com Índice de Desenvolvimento Humano muito baixo contam com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para superar as dificuldades econômicas geradas pela pandemia da COVID-19.
Durante as medidas de isolamento social, o projeto "Dom Távora" – financiado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) – está se adaptando para seguir fornecendo apoio consultivo e de capacitação a pequenos agricultores familiares que não podem interromper suas atividades, uma vez que são essenciais para garantir a segurança alimentar na região.
Quarenta e nove porcento dos beneficiários do projeto são mulheres rurais. A agricultora Ana Maria Santos, membro da Unicapri Cooperativa da Agricultura Familiar, diz que o programa continua prestando o apoio necessário mesmo à distância. "Nestes tempos de pandemia, nós agradecemos muito a assistência técnica que estamos recebendo através dos nossos meios de comunicação, porque precisamos muito dela".
Treinamento à distância
Ana Maria refere-se à consultoria por meio de tecnologias digitais. A Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca de Sergipe (SEAGRI) e a equipe de 30 consultores do projeto as adotaram com sucesso para ajudar as famílias de agricultores e suas organizações a acessar mercados de insumos, produtos, serviços e mão-de-obra.
Mesmo nas áreas com conexão de internet instável, o WhatsApp está sendo usado como uma ferramenta para fornecer orientações individuais, compartilhar informações rapidamente e coordenar ações conjuntas por meio de grupos temáticos maiores, criados e facilitados pelos consultores.
A assistência técnica baseada em fotos, vídeos e mensagens de áudio compartilhadas ajuda, ainda, a monitorar e apoiar os processos de produção, manutenção e reparos de equipamentos e infraestrutura, a realizar verificações das entregas, etc.
O agricultor José de Jesus explica que o consultor ajuda mesmo quando os agricultores enfrentam um parto mais complicado de algum animal. "O projeto de ovinocultura é muito importante para a nossa comunidade. Fomos capacitados pelo técnico e sempre que pinta alguma dúvida, entram em contato com a gente, os beneficiários da comunidade, e a gente busca esse apoio com ele. Graças ao projeto, estamos mantendo o nosso rebanho".
Durante este período de isolamento social, um agricultor solicitou e recebeu orientações via WhatsApp durante a realização de uma cirurgia veterinária; especialistas em contabilidade foram capazes de inspecionar à distância os equipamentos agrícolas entregues pelos fornecedores que concluíram o processo de aquisição; e mulheres envolvidas na avicultura receberam treinamento em vídeo sobre como construir sistemas de alimentação e rega com materiais já disponíveis em suas propriedades.
Fortalecendo o comércio local
A equipe do projeto também usa smartphones e WhatsApp para reuniões semanais com compradores a fim de discutir a disponibilidade e a comercialização dos produtos locais. Isso tem sido essencial para garantir o acesso a mercados durante a pandemia.
Um dos principais desafios que os agricultores estão enfrentando é vender seus produtos enquanto os mercados agrícolas estiverem fechados. Em resposta, os consultores do projeto trabalharam com os agricultores em duas frentes:
1. Identificar e adotar novas formas de marketing e vendas, incluindo ferramentas online e de redes sociais que poderão ser mantidas no futuro. Isso ajudou a trazer de volta as vendas para 50-60% da produção, em comparação com apenas os 10-20% vendidos em março. A equipe projetou um mecanismo de certificação participativa em que os produtores inspecionam o trabalho uns dos outros para garantir a qualidade da produção e gerar marketing coletivo com todos os responsáveis por manter a qualidade acordada dos produtos.
2. Redirecionar produtos que não foram vendidos de volta às comunidades, a fim de complementar o suprimento de alimentos, que foi restringido quando a circulação de pessoas e bens na região foi significativamente reduzida. Como resultado, os criadores de frango conseguiram comercializar praticamente todas as aves e ovos. Se as restrições continuarem por muito mais tempo, o próximo passo será garantir trocas intermunicipais como forma de diversificar a dieta das comunidades locais.
"Espero que o marketing on-line de ovos e galinhas, iniciado devido às limitações impostas pela pandemia da COVID-19, aumente significativamente nas próximas semanas e seja mantido também posteriormente", afirmou o consultor Daniel Nakabayashi.
Foto: PNUD

Agente Jovem
O projeto já estava trabalhando no apoio às mulheres e jovens do campo, priorizando as empresas pertencentes a elas. Uma iniciativa chamada Agente Jovem foi projetada e testada na cadeia de valor de ovinos e caprinos nos últimos dois anos.
Como resultado do aumento do uso de tecnologias para mitigar os efeitos do isolamento social, os jovens locais se tornaram muito mais envolvidos nos processos de produção e marketing, ajudando seus pais a lidar com os desafios relacionados à tecnologia e à COVID-19.
Agora, essa dinâmica está sendo expandida para outras cadeias produtivas, oferecendo aos jovens trabalhadores agrícolas e filhos de pequenos agricultores treinamento em sustentabilidade, novas tecnologias, acesso a mercados e outros tópicos identificados na iniciativa piloto. Como resultado, eles poderão ajudar não apenas seus pais, mas também outros agricultores de suas comunidades, durante e depois da crise da COVID-19.
Mulheres do campo
Como já foi apontado, a pandemia afetou desproporcionalmente as mulheres, tanto em termos econômicos e de carga de trabalho quanto em termos de segurança. Sergipe não é diferente nesse sentido.
Enquanto outros subsetores agrícolas mantiveram parte da receita e até recuperaram grande parte dela com a implementação de apoio adicional à comercialização, as mulheres artesãs e as cooperativas de artesanato perderam praticamente toda a sua renda. Em resposta a esta situação, os consultores do projeto ajudaram a definir as especificações, o processo de produção, o custo de produção e o preço final para a fabricação de máscaras, bem como a vender esses produtos para as instituições estaduais que, posteriormente, as distribuíram gratuitamente aos mais necessitados.
Foto: PNUD

A líder comunitária Xifroneze Santos, do Quilombo Caraíbas, diz que a produção de máscaras teve um resultado positivo para garantir renda em tempos de pandemia. "É um momento muito difícil, mas precisamos resistir para poder existir".
Por fim, em resposta ao aumento relatado de violência doméstica entre os beneficiários do projeto, os temas de gênero e violência de gênero foram integrados nos planos de treinamento para as 22 associações produtivas rurais. O objetivo é incentivar a autonomia financeira das mulheres.
Assista aqui ao vídeo sobre o projeto.
ONU BRASIL

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