segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Como o garimpo ilegal dominou o Rio Madeira e por que é tão difícil acabar com ele

Via Brasil de Fato.
 Você deve ter visto esta semana imagens de dezenas de balsas de garimpeiros em uma corrida pelo ouro no Rio Madeira, no Amazonas. Com a repercussão, uma operação federal apreendeu diversas embarcações e contribuiu para dispersar a aglomeração. Depoimentos de garimpeiros colhidos pelo Brasil de Fato em agosto demonstram por que ações repressivas como essa não são capazes, por si só, de livrar a região dos crimes ambientais.
 
"Se hoje eu plantar, tipo, 500 pés de banana, vou tirar R$ 1 mil e pouco em cinco ou seis meses. Na balsa, se você trabalhar um mês, dependendo do ouro, você faz uns R$ 8 mil. Na roça você só se lasca", contou um ribeirinho de 28 anos que vive em uma comunidade perto do Município de Manicoré (AM).
 
O caso dele é comum: sem incentivos para permanecer na agricultura, ribeirinhos vêm trocando o roçado pelo garimpo, que oferece alta e rápida lucratividade. Só que, enquanto isso, produz graves danos socioambientais e acentua a desigualdade social.
 
A atividade garimpeira é ilegal e afasta os ribeirinhos do extrativismo e da conservação do ambiente, potencializando a poluição ambiental. Ela também abre espaço a outras ilegalidades, como o tráfico de drogas.
 
A área atingida pelo garimpo ilegal mais que dobrou entre 2007 e 2020. A principal responsabilidade sobre esse crescimento recai sobre o agronegócio, que injeta dinheiro no garimpo. Mas ele não age sozinho. Fica muito mais fácil quando o presidente da República encoraja a atividade predatória e o governo federal desmonta a fiscalização ambiental, como vem ocorrendo.
 
 
É mais difícil também de afastar a população do garimpo quando não há políticas públicas de incentivo à agricultura familiar ou acesso a direitos sociais como saúde e educação.
 
E aí não adianta queimar balsas em uma operação, já que os políticos locais também apoiam os garimpeiros. Ela não causa prejuízo significativo aos latifundiários e é como se aumentasse a vontade de ir desempenhar a atividade. Postagens em redes sociais mostram que a prática já começa a se recompor.
 

Fonte: Brasil de Fato   

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