segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Dino incomoda muita gente

Os sinais do presidente Lula de que resolveria em breve as nomeações para a PGR e o STF abriram a temporada de caça ao ministro Flávio Dino. Inicialmente, os favoritos para a vaga no Supremo eram Jorge Messias, advogado-geral da União e evangélico, e Bruno Dantas, presidente do TCU. Cada um com seu lobby, à esquerda e à direita. O nome de Flávio Dino foi levantado nas fileiras do PT como uma maneira de resolver o impasse, afinal é um nome de confiança de Lula, além de tirar um possível presidenciável dos holofotes e deixar vaga a prestigiosa cadeira do Ministério da Justiça. A possibilidade da sua indicação resultou num ataque coordenado por Flávio Bolsonaro, representando todas as dores do fracassado de 8 de janeiro, e o jornal Estado de São Paulo, que quis transformar a presença da esposa de um líder do Comando Vermelho no segundo escalão do Ministério, como representante de uma ONG, num escândalo nacional. O jornal apropriadamente ignorou que a mesma pessoa foi recebida também pelo Conselho Nacional de Justiça e pela Câmara dos Deputados. Para além da absoluta falta de empatia do Estadão pelo atual governo e o alinhamento ideológico com os Bolsonaros, o jornal também canalizou o descontentamento de parte da comunidade judaica com a postura do ministro no episódio dos supostos terroristas presos em São Paulo. E como atenta a Rede Brasil Atual, a denúncia ocorreu poucos minutos depois do CNJ apontar irregularidades nas contas da Operação Lava-Jato.  Por fim, com a possibilidade do secretário Ricardo Capelli, braço direito de Dino, herdar o Ministério, também parte do PT foi discretamente diminuindo o empenho para a indicação ao STF. Se, por um lado, o episódio não é suficiente para abalar a confiança de Lula em Dino, por outro, é provável agora que o presidente deixe a decisão da indicação para o próximo ano, durante o recesso do Judiciário.

Fonte: Jornal Brasil de Fato.

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