domingo, 4 de junho de 2023

Prêmio Queijos do Paraná condecora 98 derivados de lácteos

Premiação idealizada pelo Sistema FAEP/SENAR-PR, Sebrae-PR, IDR-Paraná e Sindileite-PR reconheceu produtos de pequenos queijeiros e também de grandes indústrias

Os queijos produzidos no Paraná foram elevados a uma posição de destaque, até então, sem precedentes. Em evento realizado no célebre Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, o Prêmio Queijos do Paraná se encerrou, condecorando 98 produtos com medalhas de bronze, prata, ouro e super ouro. Além disso, os jurados escolheram o melhor queijo do concurso: o Parmesão, da Frimesa, produzido em Marechal Cândido Rondon. Idealizada e produzida pelo Sistema FAEP/SENAR-PR, Sebrae-PR, IDR-Paraná e Sindileite-PR, a iniciativa não parou por aí: ao longo dos últimos nove meses, foram realizadas dezenas de ações, visando fortalecer o setor lácteo.


Confira a lista dos queijos bronze, prata e ouro


Veja a lista dos super ouro


"O objetivo deste prêmio é reconhecer os produtores rurais, que fazem um trabalho de excelência. Os queijos produzidos no Paraná têm padrão internacional. Estamos entre os melhores produtores do país. Precisávamos dar visibilidade a essa excelência. Foi isso que fizemos com esse prêmio", definiu o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette.


Dos 10 produtos premiados com a medalha super ouro, quatro vêm da pequena Santana do Itararé, cidade de 5 mil habitantes, localizada no Norte Pioneiro. Três desses queijos têm a assinatura do produtor Leomar Melo Martins – que, inclusive, já tinha sido premiado em concurso internacional. Ele também levou para casa outras cinco medalhas: quatro de ouro e uma de prata. No palco, Martins e sua mulher, Marisa, fizeram questão de levar a bandeira do município e manifestaram felicidade pelas premiações.


"Estamos carregados de emoção. Sabemos que esse prêmio consolida todo o trabalho que estamos fazendo ao longo do tempo. Essas três medalhas são uma conquista de toda minha família, que vive em uma pequena propriedade de 3,5 alqueires. Também não poderia deixar de registrar a importância do Sistema FAEP/SENAR-PR nesse trabalho", disse o queijeiro. "Essa premiação é motivo de orgulho. E também aumenta a responsabilidade na questão da qualidade e de representar o Estado do Paraná", acrescentou.


Outras três medalhas super ouro foram conquistadas por pequenos queijeiros vinculados à Associação de Produtores de Queijo e Derivados de Leite da Região Centro do Paraná (Aproleq). O presidente da entidade, Roberto Carlos de Oliveira, destacou que todos os medalhistas são agricultores familiares, que têm um histórico de gerações na pequena produção de leite e que viram nos queijos uma oportunidade de agregar valor aos seus produtos. Entusiasmado, ele acredita que os bons resultados obtidos devem incentivar os produtores, fomentando, inclusive, a formalização de queijeiros, que hoje atuam na informalidade.


"Somos 19 pequenos produtores, que se dedicam desde o nascimento do animal à finalização do queijo. Além das três medalhas super ouro, produtores da nossa associação levaram quatro ouro e uma prata. Isso fortalece muito a agricultura familiar e permite aos produtores aumentar a rentabilidade", disse Oliveira. "Foi uma festa! Nossos produtores ficaram muito felizes com os resultados. Eu cheguei no evento de manhã, como um desconhecido. À noite, depois da premiação, todo mundo queria falar comigo, pegar o contato dos produtores. Isso é um estímulo grande", contou.


Além disso, 30 participantes conquistaram a medalha de ouro, 30 ganharam a de prata e 28, a de bronze. Todos poderão utilizar em suas embalagens o selo da premiação, agregando valor ao produto. No total, 297 queijos foram julgados ao longo do concurso. Independentemente do resultado, todos receberão um relatório com apontamentos técnicos, detalhando os pontos fortes do produto e aspectos que podem ser melhorados.


Avaliação em três etapas


Para avaliar os candidatos, a avaliação se dividiu em três etapas. Na primeira delas, 60 jurados se dividiram em 20 mesas. Em cada uma, foram julgados queijos inscritos em uma mesma categoria. Toda a análise foi feita "às cegas", ou seja, o júri não tinha informações sobre qual queijo estava degustando. A análise levou em conta critérios técnicos e sensoriais dos concorrentes, em que se observavam quesitos, como aparência, aroma e textura dos produtos. Os jurados também avaliaram desde como o queijo se processa no paladar até a emoção que o produto provoca em quem o degusta. A avaliação foi feita no Salão de Vidro do MON – um espaço isolado, mas que pôde ser observado pelos visitantes através da vitrine.


De acordo com esses critérios, para cada queijo, foram atribuídos pontos de 0 a 20. No total, 30 candidatos fizeram 18 pontos ou mais e foram condecorados com a medalha de ouro; 30 queijos atingiram pontuação de 16 pontos, premiados com a medalha de prata; e outros 28 produtos ficaram com o bronze, após conseguirem fazer 14 pontos, na avaliação dos jurados. Para garantir padrão técnico na avaliação, todos os jurados passaram por um curso de formação promovido pelo próprio Prêmio Queijos do Paraná.


Na segunda fase, já no período da tarde, os jurados voltaram a avaliar os 30 queijos que tinham conquistado medalha de ouro. Entre estes, foram selecionados os 10 super ouro, que foram habilitados à etapa final. O júri provou um dos queijos por vez, atribuindo a nota na hora – exibindo-a em uma plaquinha. Além disso, cada jurado foi destacado para defender um dos concorrentes, falando sobre as qualidades do produto. Só então foram revelados os vencedores, sob aplausos do público que lotava o auditório.


"O que a gente anseia é que iniciativas como esta estimulem os produtores a desenvolver sua criatividade, criando receitas próprias, provocando novas sensações, não caindo numa padronização ou reproduzindo produtos já criados", disse a queijista Flávia Rogoski, uma das juradas do concurso.


União das entidades impulsiona desenvolvimento do setor


Lançado em agosto do ano passado, o Prêmio Queijos do Paraná não se restringiu à avaliação e premiação dos concorrentes. A iniciativa reuniu 28 entidades apoiadoras, entre universidades, instituições públicas e associações ligadas à cadeia produtiva dos lácteos. Juntos, todos levaram a campo dezenas de ações voltadas ao desenvolvimento do setor lácteo, com a qualificação de produtores de leite, de produtores artesanais de queijo e de indústrias lácteas. Além disso, também houve eventos promocionais, oficinas, minicursos e conferências online, direcionados ao público consumidor e a empórios e lojas especializadas em queijos.


O prêmio faz jus à importância do setor leiteiro estadual: há produção de leite em todos os 399 municípios do Paraná. O Estado é o segundo maior produtor de leite do país, com 12 milhões de litros/dia, dos quais 5 milhões são destinados à fabricação de queijos. É um derivado que, além de ter valor nutricional, permite agregar valor à matéria prima, fortalecendo o setor e gerando empregos e renda. A data da premiação – 1º de junho – não foi escolhida por acaso: na ocasião, se celebrava o Dia Mundial do Leite.


"O que temos de produção no Paraná não perde para nenhum Estado do Brasil. A união das instituições vem para mostrar o que é produzido no Paraná e valorizar esse trabalho que é feito e que estamos premiando. É uma vitrine para que o Brasil veja, conheça e consuma os prêmios do Paraná", disse o diretor-superintendente do Sebrae/PR, Vitor Tioqueta.


Ao final da premiação, o presidente da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite da FAEP, Ronei Volpi, anunciou que a iniciativa terá continuidade: em 2025, haverá a 2ª edição do Prêmio Queijos do Paraná. Até lá, as entidades permanecerão unidas em torno do desenvolvimento do setor, levando adiante o trabalho que tem surtido bons resultados. "Vamos continuar com essa iniciativa de sucesso e de união", afirmou Volpi.


Minicursos e palestras


Além da avaliação e premiação, a programação do Prêmio Queijos do Paraná incluiu cinco palestras com profissionais e especialistas do setor de lácteos, realizadas no auditório do museu. Os temas abordados foram: cultura para queijos, inovações em tecnologias em lácteos, oportunidades no mercado de lácteos, biopreservação de queijos e oportunidade para exportações de lácteos. Também foram realizados cinco minicursos, em parceria com o SENAR-PR: três sobre montagem de tábuas de queijos, um sobre harmonização de queijos e vinhos e um sobre harmonização de queijos e cervejas.

Coordenação de Comunicação Social

Sistema FAEP/SENAR-PR



Consultoria Ambiental?


segunda-feira, 29 de maio de 2023

ONU busca jovens líderes para treinamento sobre mundo livre de armas nucleares


Jovens participam de atividades no Escritório das Nações Unidas para Assuntos de Desarmamento
Legenda: Jovens participam de atividades no Escritório das Nações Unidas para Assuntos de Desarmamento
Foto: © UNODA

O "Fundo de Líderes Jovens para um Mundo sem Armas Nucleares", administrado pelo Escritório das Nações Unidas para Assuntos de Desarmamento  (UNODA) e viabilizado por contribuição financeira do Japão, está oferecendo até cem bolsas de estudo para jovens de 18 a 29 anos de todo o mundo.

O treinamento tem o objetivo de equipar os líderes do futuro com o conhecimento, as habilidades e a rede de contatos para participar dos esforços globais para eliminar as armas nucleares, as mais perigosas do planeta.

O programa é destinado a jovens interessados ou atuando em assuntos internacionais ou com experiência em educação, academia, jornalismo e indústria, entre outras áreas.

As inscrições terminam dia 31 de julho. Mais informações aqui.

O Escritório das Nações Unidas para Assuntos de Desarmamento (UNODA) e o governo do Japão estão convocando jovens de 18 a 29 anos a se candidatarem a um programa de aprendizado inovador que os capacitará para contribuir para um mundo livre de armas nucleares. 

Estão abertas as inscrições para um novo programa de treinamento global chamado "Fundo de Líderes Jovens para um Mundo sem Armas Nucleares", administrado pelo UNODA e viabilizado por contribuição financeira do Japão, oferece até cem bolsas de estudo para jovens entre 18 e 29 anos. O treinamento tem o objetivo de equipar os líderes do futuro com o conhecimento, as habilidades e a rede de contatos para participar dos esforços globais para eliminar as armas nucleares, as mais perigosas do planeta.

Embora as armas nucleares tenham sido usadas apenas duas vezes em guerras - nos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki em 1945 -, cerca de 12.500 armas permanecem em nosso mundo atualmente e mais de 2.000 testes nucleares foram realizados até hoje. Uma arma nuclear pode destruir uma cidade inteira, potencialmente matando milhões de pessoas e colocando em risco o ambiente natural e a vida das gerações futuras por conta de seus efeitos catastróficos de longo prazo.

O programa está buscando jovens que estejam motivados a usar seus talentos para promover mudanças em prol de um mundo mais pacífico e seguro, sem armas nucleares. A intenção é reunir um grupo eclético e geograficamente diverso de defensores da não proliferação e do desarmamento nuclear. Além de jovens interessados ou atuando em assuntos internacionais, como organizações governamentais ou da sociedade civil, aqueles com experiência em educação, academia, jornalismo, indústria e outras áreas são incentivados a se inscrever. O programa está aberto a jovens de todo o mundo, tanto de Estados com armas nucleares quanto de Estados sem armas nucleares.

Ao longo de dois anos, os participantes selecionados receberão treinamento em princípios gerais de desarmamento nuclear, não proliferação e controle de armas por meio de cursos on-line, com um grupo selecionado fazendo uma viagem de estudos presencial de uma semana a Hiroshima e Nagasaki.

Os futuros líderes também trocarão ideias com especialistas em desarmamento de think tanks, organizações da sociedade civil, mídia e do campo diplomático, e desenvolverão o conhecimento prático para se envolver e contribuir com questões relacionadas ao desarmamento nuclear, à não proliferação e ao controle de armas.

Cartaz do programa Fundo de Líderes Jovens para um Mundo sem Armas Nucleares, do UNODA
Legenda: Cartaz do programa Fundo de Líderes Jovens para um Mundo sem Armas Nucleares, do UNODA
Foto: © UNODA

Os participantes aprenderão sobre as lições que os sobreviventes dos bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki, chamados de hibakusha, vêm compartilhando sobre o sofrimento inimaginável causado pelas armas nucleares. Com o envelhecimento dos hibakusha, é vital que suas histórias e apelos poderosos para eliminar as armas nucleares sejam levados adiante pela geração futura.

O programa terá início em 2023 e culminará em 2030, um ano com vários marcos, incluindo o 85º aniversário dos bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki e o 60º aniversário da entrada em vigor do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP).

Após a conclusão do programa, os ex-alunos desempenharão um papel fundamental no treinamento e orientação do próximo grupo de jovens defensores do desarmamento nuclear. Ao fim do programa de treinamento inaugural de 2023 a 2025 do Youth Leader Fund, serão realizadas mais três rodadas de treinamentos semelhantes, gerando um efeito cascata positivo e consolidando uma rede mundial de futuros líderes talentosos com o objetivo comum de salvar a humanidade das armas nucleares. Por meio de educação, treinamento de habilidades, orientação e outros tipos de apoio, espera-se que, depois do programa, os participantes continuem seu trabalho de desarmamento, paz e segurança em seu campo de interesse e especialização.

Nos últimos anos, o secretário-geral das Nações Unidas fez um grande esforço para capacitar os jovens, reconhecendo seu papel como força máxima para a mudança e observando que eles provaram seu poder em apoio à causa do desarmamento. Na décima Conferência de Revisão dos Estados Partes do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, o primeiro-ministro Fumio Kishida anunciou o compromisso de seu país em contribuir com US$ 10 milhões para que as Nações Unidas estabelecessem essa nova iniciativa de educação e mobilização para o desarmamento, que busca "levar as lições de Hiroshima e Nagasaki para o mundo, e o mundo para Hiroshima e Nagasaki".

As inscrições serão aceitas até o dia 31 de julho de 2023. Para mais informações, visite o site (em inglês): www.disarmamenteducation.org/ylf.    

Fonte: ONU Brasil

Filme “Escute: a terra foi rasgada” mostra a luta de povos indígenas contra o garimpo ilegal

Filme "Escute: a terra foi rasgada" mostra luta Kayapó, Yanomami e Munduruku contra o garimpo ilegal. Com estreia na 12ª Mostra Ecofalante de Cinema, o documentário da Aliança em Defesa dos Territórios e parceiros apresenta impacto nos territórios indígenas por quem sente a violência na pele.

O aumento do garimpo nas terras indígenas é alarmante. Segundo o projeto Mapbiomas, entre 2010 e 2020 a atividade cresceu 495% no interior dessas áreas protegidas — onde é ilegal. Para explicar esse fenômeno, a Aliança lançou, em 2023, o dossiê "Terra Rasgada: como avança o garimpo na Amazônia brasileira".

A invasão garimpeira nessas regiões provoca danos socioambientais devastadores, e de diversas ordens. Além dos impactos sobre o meio físico — florestas, rios, igarapés —, há também  o desmatamento, a poluição dos rios, a contaminação por mercúrio das comunidades locais, a disseminação de doenças – dentre elas a malária –, e a intensificação da violência no interior das terras indígenas. além de ataques violentos de garimpeiros.

A  Aliança em Defesa dos Territórios foi formada em agosto de 2021, durante o acampamento Luta Pela Vida, em Brasília, pelas lideranças das Terras Indígenas mais afetadas pelo avanço do garimpo ilegal. 



domingo, 28 de maio de 2023

Inscrições abertas: Mestrado em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável


🌱 Processo seletivo para ingresso de estudantes no Mestrado em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável (PPGADR), ofertado na UFFS 📌 Campus Laranjeiras do Sul - PR.

➡️ Inscrições gratuitas
➡️ Inscrições até 21 de junho de 2023
➡️ Curso gratuito
➡️ Até 18 vagas
➡️ Ingresso no segundo semestre de 2023.

📝 Mais informações no link: -https://www.uffs.edu.br/campi/laranjeiras-do-sul/noticias/mestrado-em-agroecologia-e-desenvolvimento-rural-sustentavel-divulga-seletivo-de-estudantes-para-ingresso-em-2023.1-






sábado, 27 de maio de 2023

Com “agroecologia na boca do povo” vem aí o XII Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA)


Nos dias 20 e 23 de novembro de 2023 acontecerá, na cidade do Rio de Janeiro/RJ, o XII CBA. Após um longo período de governos antidemocráticos e da pandemia de Covid-19, é chegada a hora de ocupar coletivamente os espaços públicos e de fazer ecoar nossa defesa das instituições públicas de ensino, pesquisa e extensão. O XII CBA é um convite ao exercício coletivo por uma ciência que tenha em sua episteme a promoção da justiça social. Denunciar os malefícios causados pelos transgênicos e agrotóxicos, a fome que assola 15% da população brasileira, a relação entre pandemias e agronegócio e, ao mesmo tempo, anunciar como desde os território se aprende a enfrentar e construir adaptações à crise climática, a defender a biodiversidade por meio do manejo de sementes crioulas e a cultivar alimentos diversos, é parte da produção do conhecimento da ciência da agroecologia e que tem encontro na 12ª edição do Congresso. A matéria especial é dedicada a partilha dessa construção.

Fonte: Boletim Sementes Crioulas - ASPTA


Animal silvestre não é PET

Feijoada da APAE será realizada no dia 25 de Junho em Laranjeiras do Sul-PR

Calendário de Feiras de Sementes Crioulas 2023 no Paraná

Festa na Comunidade Quilombola Rio do Meio em Ivaí-PR será realizada em Julho

terça-feira, 23 de maio de 2023

CNTE lança cartilha para orientar participação da categoria na consulta do Novo Ensino Médio

A cartilha disponibiliza a réplica das questões que integram a consulta pública e os comentários da CNTE sobre cada uma delas

Com a finalidade de articular respostas à consulta do Novo Ensino Médio e fazer com que o MEC escute a voz dos(as) educadores(as), a CNTE lançou uma cartilha com orientações para a categoria.

>> Baixe a cartilha em PDF aqui

"A luta pela revogação da Lei nº 13.415/2017 não tem sido fácil, e a consulta aberta pelo MEC – independentemente de concordarmos ou não com o método, a forma e o conteúdo dos processos de escuta – abre espaço para a disputa de um novo projeto para o Ensino Médio no país", avalia a entidade no documento.

A cartilha disponibiliza a réplica das questões que integram a consulta pública e os comentários da Confederação sobre cada uma delas, já formatados em até 500 caracteres, limite máximo permitido no Sistema Participa Mais.

Em violação ao júri popular, TJ-PR anula pela 4ª vez condenação de ruralista por assassinato de camponês


Em violação ao júri popular, TJ-PR anula pela 4ª vez condenação de ruralista por assassinato de camponês

Sebastião Camargo foi assassinato há 25 anos. Diante de impunidade do ruralista e lentidão da justiça brasileira, Comissão Interamericana de Direitos Humanos recomendou a responsabilização dos envolvidos.


A 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) acolheu, nesta quinta-feira (18), um recurso da defesa do ex-presidente da União Democrática Ruralista (UDR) do Paraná, Marcos Prochet, acusado do assassinato do trabalhador rural Sem Terra Sebastião Camargo, morto em 1998, em Marilena (PR). Com isso, pela terceira vez a condenação do ruralista – condenado por júri popular – foi anulada.  

Por três votos a dois os desembargadores acolheram o argumento apresentado pela defesa de Prochet de que a manifestação do Ministério Público do Paraná, em julgamento de junho de 2021 que resultou na 3º condenação do ruralista, extrapolou o rol taxativo previsto no artigo 478 do Código de Processo Penal. Ou seja, na interpretação da maioria dos desembargadores é de que as referências às condenações anteriores pela promotoria de acusação impactaram a decisão dos jurados. A leitura diverge da avaliação da desembargadora relatora Priscila Placha Sá e do desembargador Joscelito Cé. A posição de ambos acompanha a decisão da 1ª Câmara. Em julho de 2022 a maioria da 1ª Câmara decidiu manter o veredicto do júri por entender que a referências feitas pela promotoria não afrontaram a lei penal.  

"São quase três décadas para solução de um caso penal, diante de três condenações anteriores", destacou o desembargador. Outros júris de mesmo julgamento ocorreram em 2013 e 2016, com condenações também anuladas pelo Tribunal de Justiça do Paraná. Com a rejeição do recurso, a defesa de Prochet recorreu novamente, agora à 2ª Câmara. 

"Esta terceira anulação do júri popular mostra a fragilidade do sistema de justiça nos casos de crimes cometidos contra o latifúndio. O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo e a concentração da terra está entre os grandes motivos disso. A impunidade aos crimes do latifúndio escancara ainda mais esta ferida aberta em nosso país. Seguiremos na luta por justiça por Sebastião Camargo e pela efetivação da reforma agrária para milhões de camponeses e camponesas", destaca Roberto Baggio, integrante da direção nacional do MST pelo Paraná. 

O caso de impunidade é singular na justiça brasileira. Tanto pela existência de cinco testemunhas oculares e frágil álibi de Prochet, anulação de três júris de sentença, pela duração de 25 anos do processo e espera por justiça, como também pela recomendação ao Estado brasileiro pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) em 2009, de que "realize uma investigação séria, imparcial e exaustiva para determinar a responsabilidade de todos os autores das violações mencionadas e que, oportunamente, aplique as sanções legais aos culpados. A CIDH recomenda ao Estado que repare adequadamente os familiares pelas violações e que adote medidas para evitar a repetição desse tipo de violação", aponta um trecho. 

Outro fato marca a tramitação do processo na justiça brasileira. Em dois momentos os autos do processo ainda físicos foram extraviados em 2007 e somente em 2010 foram reconstituídos e voltaram a tramitar.  

Durante o julgamento do recurso, em 2022, o representante das famílias destacou o desgaste da família de Sebastião Camargo na espera por justiça, diante dos sequenciais recursos da defesa do ruralista. "O júri condenou não por uma, não por duas, mas por três vezes de um crime bárbaro ocorrido há quase três décadas. Cabe lembrar que o limite do direito exige que, em algum ponto, se faça justiça. Tanto trabalho, tantas pessoas e a espera incansável de anos para a família ver a justiça, a decisão está inequivocadamente e constitucionalmente amparada do nosso lado", apontou o representante da família no processo. 

Sobre o crime 
Sebastião Camargo foi morto aos 65 anos, com um tiro na cabeça. O crime ocorreu no dia 7 de fevereiro de 1998, durante um despejo ilegal em um acampamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) na Fazenda Boa Sorte, em Marilena, cidade no Noroeste do Paraná. Na área residiam 300 famílias. Além do assassinato de Camargo, 17 pessoas - inclusive crianças - ficaram feridas na ocasião.  
 
A área ocupada pelas famílias já estava em processo de destinação para reforma agrária. Vistoriada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a fazenda foi considerada improdutiva, por isso estava em processo de desapropriação e indenização do proprietário. Teissin Tina, dono da Fazenda, recebeu cerca de R$ 1 milhão e 300 mil reais pela propriedade, área onde hoje está localizado o Assentamento Sebastião Camargo, em homenagem ao trabalhador assassinado. O agricultor deixou esposa e cinco filhos. 

Condenação de um ruralista 
Durante o julgamento em 2021 a promotora de Justiça do Ministério Público do Paraná destacou como o caso se apresenta como singular na justiça brasileira: por ter tido dois júris populares anulados; pela duração de 23 anos do processo [naquele ano] e pela responsabilização do Estado brasileiro pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) em 2009, em razão da lentidão e não responsabilização dos envolvidos pelo sistema de justiça brasileiro. 
 
O ex-presidente da UDR – associação de proprietários rurais voltada à "defesa do direito de propriedade" – é a quarta pessoa a ir a júri popular pelo assassinato de Sebastião Camargo. Teissin Tina recebeu condenação de seis anos de prisão por homicídio simples, no entanto não foi preso porque a pena prescreveu. Já Osnir Sanches foi condenado a 13 anos de prisão por homicídio qualificado e constituição de empresa de segurança privada, utilizada para recrutar jagunços e executar despejos ilegais. Ele cumpre prisão domiciliar, por questões de saúde. Augusto Barbosa da Costa, integrante da milícia privada, também foi condenado, mas recorreu da decisão. 

Denunciado apenas em 2013, o ruralista Tarcísio Barbosa de Souza, presidente da Comissão Fundiária da Federação de Agricultura do Estado do Paraná – FAEP, ligada à Confederação Nacional da Agricultura (CNA), também foi apontado como envolvido no crime, mas a decisão judicial que determinava o julgamento de Tarcísio por júri popular foi anulada em 2019.  

Histórico de violência no governo Lerner 
No período em que o Paraná foi governado por Jaime Lerner (antigo DEM), o estado registrou, além dos 16 assassinatos de Sem Terra, 516 prisões arbitrárias, 31 tentativas de homicídio, 49 ameaças de morte, 325 feridos em 134 ações de despejo e 7 casos de tortura, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT). 
 
Uma característica em comum nestes casos é a demora injustificada e falta de isenção nas investigações e processos judiciais. Exemplo disso, o Inquérito Policial que investigou o assassinato de Camargo demorou mais de dois anos para ser concluído e o primeiro júri no caso foi realizado 14 anos depois do crime. 
 
Em apenas dois dos 16 casos houve condenação: em 2011, Jair Firmino Borracha foi condenado pelo assassinato de Eduardo Anghinoni; em 2012, 2013 e 2014, respectivamente, Teissin Tina, Osnir Sanches, Marcos Prochet e Augusto Barbosa foram condenados pela morte de Sebastião Camargo. Até o momento, porém, nenhum deles foi preso. 

 Fonte: Terra de Direitos