segunda-feira, 20 de novembro de 2023

UNA-SE pelo Fim da Violência contra as Mulheres e Meninas. #NãoTemDesculpa.

De 20 de novembro a 10 de dezembro, a ONU Brasil promove a campanha "UNA-SE pelo Fim da Violência contra as Mulheres e Meninas", uma iniciativa global do secretário-geral das Nações Unidas. No Brasil, o principal objetivo da campanha neste ano é mobilizar parcerias para investir em prevenção para erradicar a violência contra mulheres e meninas e garantir que cada mulher e cada menina possa viver uma vida livre de violência.

Menos de 0,2% da ajuda governamental global é direcionada para a prevenção da violência de gênero. A campanha enfatiza que é necessário um investimento mais sustentável para prevenir a violência contra mulheres e meninas.

UNA-SE pelo Fim da Violência contra as Mulheres e Meninas!
Legenda: UNA-SE pelo Fim da Violência contra as Mulheres e Meninas!
Foto: © ONU Brasil.

A ONU Brasil promove, entre 20 de novembro e 10 de dezembro de 2023, a edição anual da campanha do secretário-geral da ONU "UNA-SE pelo Fim da Violência contra as Mulheres e Meninas".

Desenvolvida desde 2008, a campanha UNA-SE apoia os 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas e pede união de esforços e de ações, além de investimentos robustos para proteger os direitos humanos de todas as mulheres e meninas e prevenir e responder a violência baseada em gênero.

As diferentes formas de violência contra mulheres e meninas continuam sendo uma das violações de direitos humanos mais prevalentes e generalizadas no mundo. Apesar do progresso significativo no que concerne à legislação e às políticas públicas, o Brasil continua a registrar altos índices de violência contra mulheres e meninas. 

A campanha UNA-SE articula compromissos das Coalizões de Ação do Fórum Geração Igualdade, especialmente a de Violência Baseada em Gênero e a de Justiça Econômica, para acelerar investimentos, sensibilizar autoridades públicas para políticas de prevenção e enfrentamento à violência contra as mulheres e meninas e mobilizar diversos setores em torno da causa.

Este ano, o tema da campanha também está alinhada com o tema prioritário para 2024 da Comissão sobre o Estado da Mulher (CSW), focado em acelerar a conquista da igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas, combatendo a pobreza e fortalecendo as instituições e o financiamento com perspectiva de gênero. 

"Precisamos de investimentos estratégicos, tanto do setor público quanto do privado, para alcançar a igualdade de gênero e prevenir e responder à violência contra mulheres e meninas", explica a coordenadora residente do Sistema ONU no Brasil, Silvia Rucks.

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2022, houve aumento de 8,2% no número de estupros (74.930 estupros e estupros de vulnerável registrados) em relação a 2021, sendo que 88,7% das vítimas eram mulheres e meninas e, dessas, 56,8% eram negras e 0,5% indígenas. As principais vítimas da violência sexual são crianças, especialmente as meninas: 61,4% têm entre 0 e 13 anos de idade. 

Houve ainda um crescimento em todos os indicadores de violência doméstica. Agressões por violência doméstica (245.713 ocorrências registradas) cresceram 2,9% em relação a 2021; ameaças (613.529 ocorrências registradas) cresceram 7,2%. O número de feminicídios também aumentou (1.437 ocorrências registradas), com alta de 6,1%, bem como as tentativas de feminicídio aumentaram em 16,9%.

Pessoas LGBTQIA+ têm sofrido com discurso de ódio, discriminação e violência. De acordo com o Observatório de Mortes e Violências LGBTI+, 273 pessoas LGBTQIA+ morreram de forma violenta no Brasil em 2022. 

Entre 2011 e 2020, organizações da sociedade civil registraram 1.814 incidentes de violência contra mulheres em conexão com conflitos por terra e meio ambiente no Brasil. O Brasil também ocupou o ranking no número de assassinatos de defensores/as da terra e do meio ambiente em 2022

Nos últimos anos, políticas e programas para responder às múltiplas formas de violência contra as meninas e mulheres apresentaram baixos níveis de implementação e execução orçamentária. No contexto do distanciamento social da COVID-19, o país enfrentou obstáculos para oferecer acesso efetivo a serviços essenciais e proteção para as sobreviventes. Adicionalmente, devido a mudanças no plano plurianual 2020-2023, os gastos dedicados à violência contra as mulheres se tornaram mais difíceis de monitorar. 

Em 2020, no ápice da pandemia, 29% do orçamento de 120,4 milhões foram executados. Em 2021, foram gastos 0,05% da alocação de 21,84 milhões para a Casa da Mulher Brasileira, principal programa nacional de resposta à violência contra as mulheres. Em 2022, o orçamento para políticas para as mulheres foi o mais baixo nos últimos quatro anos, totalizando 13,7 milhões. Organizações da sociedade civil identificaram uma redução de 45% na disponibilidade dos serviços de aborto legal no país durante o período da pandemia.

Esses dados indicam a importância dos investimentos públicos e privados para responder à violência contra meninas e mulheres. 

Empresas e outros atores privados, têm também responsabilidades específicas nas respostas às múltiplas formas de violência contra meninas e mulheres, como aquelas que acontecem online. Chats, plataformas de vídeos, aplicativos de mensagem e redes sociais têm se tornado terreno fértil para a propagação da misoginia e do discurso de ódio contra mulheres, ataques contra jornalistas, mulheres na política e defensoras de direitos humanos, além de espaço para a violência e a exploração sexual de meninas e mulheres.

A violência com base em gênero impacta também o ambiente de negócios e a força de trabalho das empresas, sejam elas grandes ou pequenas.

A campanha no Brasil 

Em todo o mundo, os 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres abrangem o período de 25 de novembro (Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres) a 10 de dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos). No Brasil, a mobilização se inicia em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra.
Legenda: Em todo o mundo, os 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres abrangem o período de 25 de novembro (Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres) a 10 de dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos). No Brasil, a mobilização se inicia em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra.
Foto: © ONU Brasil.

Com o mote "UNA-SE: Investir para Prevenir e Responder à Violência contra Mulheres e Meninas", a campanha deste ano se centrará na importância de financiar diferentes estratégias de prevenção e de resposta para impedir a ocorrência da violência.

Por meio dos principais marcos normativos globais e plataformas de advocacy, a campanha impulsiona esforços coletivos para prevenir e responder à violência contra mulheres e meninas. Conecta-se ao debate sobre políticas de cuidados, à medida que o financiamento adequado dessas políticas contribui para a prevenção à violência. Além disso, aborda os recursos do setor privado: como o setor privado pode mobilizar-se para adotar e apoiar medidas de prevenção e de resposta?

A campanha pretende evidenciar que a violência contra mulheres e meninas não ocorre apenas no ambiente privado: dentro de casa ou no corpo (ideia de que seja apenas a violência doméstica e a violência sexual). Ela está presente em espaços públicos, no ambiente de trabalho, na política institucional, nos esportes, nos ambientes online, nos meios de comunicação, e também no contexto da promoção e defesa de direitos.

A campanha destaca, também, as formas de prevenção e eliminação das diversas formas de violência. Para tanto, além do trabalho das Nações Unidas, a campanha apresenta também iniciativas e histórias de mulheres que defendem direitos e promovem a igualdade de gênero.

A campanha "UNA-SE pelo Fim da Violência contra as Mulheres" terá três focos:

  1. Interseccionalidade e as múltiplas experiências das mulheres em um país plurirracial e multicultural. 
  2. Violência Política contra Mulheres, incluindo a violência online e desinformação de gênero e a importância do financiamento de campanha para mulheres candidatas como medida de prevenção a longo prazo da VPCM/VBG.
  3. Financiamento: foco nos gastos públicos; e nas formas de financiamento de políticas públicas que garantam direitos sociais, econômicos, culturais, entre outros. 

Ações no Brasil

A programação da campanha deste ano conta com a realização de eventos on-line e presenciais, assim como diversos conteúdos publicados nas redes sociais e sites da @ONUBrasil e instituições parceiras. 

Tendo início no Dia da Consciência Negra (20 de novembro), a campanha considera a discriminação múltipla e agravada que afeta as mulheres negras e para conferir centralidade às interseccionalidades entre gênero e raça como elemento fundamental para o enfrentamento à violência no país. 

Nesse contexto, vale ressaltar que, em 2023, o Brasil será palco de importantes debates globais sobre igualdade racial e enfrentamento ao racismo que ocorrerão no mesmo período dos 21 Dias de Ativismo, além de receber uma visita de um mecanismo de direitos humanos, vinculado ao Conselho de Direitos Humanos, sobre justiça racial e igualdade:

Assim, torna-se ainda mais fundamental considerar as dimensões de gênero e raça para a campanha, de forma a dialogar com os processos que serão conduzidos no país e com os debates públicos que estarão vigentes.

As ações pretendem  ampliar a conscientização e responsabilização de toda a sociedade e suas instâncias para a realidade da violência contra as mulheres e meninas e chamar para a ação conjunta, em um concreto engajamento. 

A cor laranja continua a ser uma ferramenta da ONU que unifica todas as atividades para chamar a atenção global para a iniciativa. A campanha instiga que pessoas e instituições possam dar mais visibilidade ao uso da cor laranja como forma de contribuir para marcar a campanha neste período.

No entanto, este ano, à luz da crise energética em diversos países e das medidas necessárias para reduzir os impactos da mudança do clima, não será feito convite para parceiros iluminarem edifícios e pontos de referência em laranja. A campanha convida instituições parceiras e apoiadoras a considerar diferentes formas de colorir o mundo de laranja, incluindo através da decoração de edifícios, do uso da cor laranja e do laranja em espaços digitais ao longo dos 21 dias.

Origem dos 16 Dias de Ativismo 

Os 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres foram criados por ativistas do Centro de Liderança Global das Mulheres em 1991. 

Desde então, mais de 6.000 organizações em 187 países participaram da campanha, alcançando 300 milhões de pessoas. Ela continua a ser coordenada, a cada ano, pelo Centro para Liderança Global de Mulheres (CWGL, na sigla em inglês) e é usada como estratégia de articulação por pessoas, instituições e organizações em todo o mundo para prevenir e eliminar a violência contra mulheres e meninas. 

Em todo o mundo, os 16 Dias de Ativismo abrangem o período de 25 de novembro (Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres) a 10 de dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos). No Brasil, a mobilização se inicia em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, para evidenciar a discriminação múltipla e agravada que afeta as mulheres negras e para conferir centralidade às interseccionalidades entre gênero e raça como elemento fundamental para o enfrentamento à violência no país.

A campanha se baseia nas determinações da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim e se orienta rumo ao alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030, especialmente o ODS No. 5, que visa alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. A iniciativa busca a adesão de governos, parlamento, sistema de Justiça, empresas, academia e sociedade para a prevenção e a eliminação da violência contra mulheres e meninas.

Sistema das Nações Unidas no Brasil
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ONU: Ações climáticas atuais são insuficientes para limitar aumento da temperatura global

Divulgado antes da COP28, relatório da ONU sobre mudança climática conclui que os planos nacionais de ação climática continuam insuficientes para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 grau Celsius. 

Se as metas nacionais mais recentes forem implementadas, os compromissos atuais aumentarão as emissões em cerca de 8,8%, em comparação com os níveis de 2010. 

Também divulgado nesta terça-feira (14), o relatório sobre estratégias de longo prazo mostra que as emissões de gases de efeito estufa podem ser cerca de 63% menores em 2050 do que em 2019, se os compromissos nacionais forem totalmente implementados no prazo.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que é hora de uma "supernova" de ambição climática em todos os países, cidades e setores, alertando que "progresso de centímetro a centímetro não será suficiente". 

Para o secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática, Simon Stiell, "É hora de mostrar os enormes benefícios de uma ação climática mais ousada: mais empregos, salários mais altos, crescimento econômico, oportunidade e estabilidade, menos poluição e melhor saúde."

Desmatamento na Tailândia.
Legenda: Desmatamento na Tailândia. O desmatamento de florestas para criar fazendas ou pastos, ou por outros motivos, gera emissões de gases de efeito estufa. Isso acontece porque, ao serem cortadas, as árvores liberam o carbono que estavam armazenando. Cerca de 12 milhões de hectares de florestas são destruídos por ano. Como as florestas absorvem o dióxido de carbono, a destruição delas também limita a capacidade da natureza em manter as emissões fora da atmosfera. O desmatamento, assim como a agricultura e outras mudanças no uso da terra, é responsável por cerca de um quarto das emissões globais de gases do efeito estufa.
Foto: © Toa55/Akaratwimages.

Novo relatório da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC) conclui que os planos nacionais de ação climática continuam insuficientes para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 grau Celsius e cumprir as metas do Acordo de Paris.

Mesmo com o aumento dos esforços de alguns países, o relatório divulgado nesta terça-feira (14/11) mostra que ações contundentes são necessárias agora para reduzir a trajetória das emissões mundiais e evitar os piores impactos da mudança climática.

"O relatório de hoje mostra que os governos, juntos, estão dando passos tímidos para evitar a crise climática. E revela por que os governos precisam dar passos decisivos na COP28 em Dubai, para entrar no caminho certo. Isso significa que a COP28 deve ser um ponto de virada claro. Os governos não só devem concordar sobre quais ações climáticas mais robustas serão tomadas, mas também começar a mostrar exatamente como implementá-las."

- Simon Stiell, secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), 14 de novembro de 2023. 

O relatório tem como objetivo informar a próxima rodada de planos de ação climática previstos pelo Acordo de Paris (conhecidos como Contribuições Nacionalmente Determinadas, ou "NDCs"), que serão apresentados até 2025. 

A Convenção-Quadro analisou as NDCs de 195 Estados-parte do Acordo de Paris, incluindo 20 NDCs novas ou atualizadas apresentadas até 25 de setembro de 2023. 

Se as últimas NDCs disponíveis forem implementadas, os compromissos atuais aumentarão as emissões em cerca de 8,8%, em comparação com os níveis de 2010. Essa é uma melhora marginal em relação à avaliação do ano passado, que constatou que os países estavam em um caminho para aumentar as emissões em 10,6% até 2030, em comparação com os níveis de 2010.

Projeta-se que, até 2030, as emissões estarão 2% abaixo dos níveis de 2019, destacando que o pico das emissões globais ocorrerá nesta década.

"O relatório divulgado hoje mostra claramente onde o progresso está muito lento. No entanto, ele também apresenta a ampla gama de ferramentas e soluções apresentadas pelos países. Bilhões de pessoas esperam que seus governos peguem essa caixa de ferramentas e as coloquem em prática", disse Stiell.

As evidências científicas mais recentes compiladas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indicam que as emissões de gases de efeito estufa precisam ser reduzidas em 43% até 2030, em comparação com os níveis de 2019. Isso é fundamental para limitar o aumento da temperatura a 1,5 grau Celsius até o final deste século e evitar os piores impactos da mudança climática, inclusive secas, ondas de calor e chuvas mais frequentes e severas.

Amazônia.
Legenda: As emissões de gases de efeito estufa recobrem a Terra, retendo o calor do sol. Isso leva ao aquecimento global e à mudança climática. O mundo agora está aquecendo mais rapidamente do que em qualquer outro momento registrado na história.
Foto: © Brasil2/Getty Images Signature.

"Cada fração de grau é importante, mas estamos gravemente fora do caminho. A COP28 é o nosso momento de mudar isso. É hora de mostrar os enormes benefícios de uma ação climática mais ousada: mais empregos, salários mais altos, crescimento econômico, oportunidade e estabilidade, menos poluição e melhor saúde", destacou Stiell. 

Para atingir o pico de emissões antes de 2030, diz o relatório, "os elementos condicionais das NDCs precisam ser implementados, o que depende principalmente do acesso a recursos financeiros aprimorados, transferência de tecnologia e cooperação técnica e apoio à capacitação, bem como da disponibilidade de mecanismos baseados no mercado".

"Precisamos reconstruir a confiança no processo de Paris, o que significa cumprir todas as obrigações, especialmente em relação ao financiamento, o grande facilitador da ação climática. E garantir que estejamos aumentando a resiliência aos impactos climáticos em todos os lugares", afirmou Simon Stiell. 

"O relatório síntese dos planos climáticos nacionais de hoje ressalta a necessidade de agirmos com maior ambição e urgência para cumprir as metas do Acordo de Paris - simplesmente não há mais tempo para atraso. A COP28 deve ser um ponto de virada histórico nesta década crítica para que os Estados-parte aproveitem o momento da revisão global das metas para se comprometerem a aumentar sua ambição e se unirem, agirem e apresentarem resultados que mantenham o 1,5C ao alcance, sem deixar ninguém para trás."

- Sultan Al Jaber, presidente designado da COP28.

"Os NDCs continuam sendo a pedra angular de nossa visão compartilhada para atingir as metas de Paris, incluindo a manutenção da meta de menos de 2 graus e a aspiração de limitar o aumento para menos de 1,5 grau", disse o presidente da COP27 e ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry.

"Em Sharm El-Sheikh, líderes discutiram várias iniciativas para nos ajudar a alcançar esse objetivo, além de ajudar o Sul Global a adaptar suas economias de acordo. Precisamos manter o ritmo, pois não há tempo a perder ou perder o foco na meta. É essencial, enquanto perseguimos nosso compromisso, continuar a buscar a justiça climática e ajudar o Sul Global, que é o que menos contribui com emissões, mas que suporta os efeitos mais cruéis das mudanças climáticas, não apenas a sobreviver, mas também a fazer a transição para uma economia mais sustentável por meio de caminhos de transição justa". 

- Sameh Shoukry, presidente da COP27 e ministro das Relações Exteriores do Egito. 

Estratégias de desenvolvimento de baixa emissão a longo prazo

Um segundo relatório da ONU sobre estratégias de desenvolvimento de baixas emissões a longo prazo, também divulgado hoje, analisou os planos dos países para fazer a transição para emissões líquidas zero até meados do século ou por volta disso.

O relatório indicou que as emissões de gases de efeito estufa podem ser cerca de 63% menores em 2050 do que em 2019, se os compromissos nacionais forem totalmente implementados no prazo. 

As estratégias de longo prazo atuais (representando 75 Partes do Acordo de Paris) correspondem a 87% do PIB mundial, 68% da população global em 2019 e cerca de 77% das emissões globais de gases de efeito estufa em 2019. Isso é um forte indicativo de que o mundo está começando a buscar emissões líquidas zero.

O relatório observa, no entanto, que muitas metas de emissões líquidas zero permanecem incertas e adiam para o futuro ações críticas que precisam ocorrer agora.

COP28, a Conferência das Partes da Convenção-Quadro sobre Mudança Climática, ocorrerá em Dubai, Emirados Árabes Unidos, de 30 de novembro a 12 de dezembro deste ano.

Saiba mais: 

Contato para imprensa: 

  • Assessoria de imprensa, Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança Climática (ONU Mudança Climática): press@unfccc.int

Siga a ONU Mudança Climática nas redes sociais: 

Campanha pela #AmbiçãoClimática:

Organizada pela ONU Brasil, a campanha apoia os jovens, influenciadores digitais e a sociedade civil a promover evidências científicas sobre a #MudançaClimática e participar em iniciativas globais relacionadas à #AçãoClimática. 


Campanha pela #AmbiçãoClimática

Legenda: "Não podemos enfrentar a catástrofe climática sem atacar sua causa principal: a dependência dos combustíveis fósseis. A COP28 deve enviar um sinal claro de que a era do combustível fóssil está sem gás - que seu fim é inevitável. Precisamos de compromissos confiáveis para aumentar as energias renováveis, eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e aumentar a eficiência energética, garantindo ao mesmo tempo uma transição justa e equitativa."

- António Guterres, secretário-geral da ONU, 8 de novembro de 2023

Sistema das Nações Unidas no Brasil
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Clima: Concentração de gases de efeito estufa na atmosfera atinge recorde


A concentração de gases de efeito estufa que retêm o calor na atmosfera atingiu novo recorde em 2022, aponta boletim da Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgado nesta quarta-feira (15). Pela primeira vez, as concentrações médias globais de dióxido de carbono - o gás de efeito estufa mais importante - estavam 50% acima dos níveis da era pré-industrial. 

A última vez que a Terra experimentou uma concentração comparável de CO₂ foi há 3-5 milhões de anos, quando a temperatura era 2-3°C mais quente e o nível do mar era 10-20 metros mais alto do que agora.

Campanha pela #AmbiçãoClimática.
Legenda: "Apesar de décadas de alertas da comunidade científica, milhares de páginas de relatórios e dezenas de conferências sobre o clima, ainda estamos caminhando na direção errada", ressaltou o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial, Petteri Taalas, durante o lançamento do novo Boletim sobre Gases de Efeito Estufa, em 15 de novembro de 2023.
Foto: © Campanha pela #AmbiçãoClimática.

 

A abundância de gases de efeito estufa que retêm o calor na atmosfera atingiu um novo recorde no ano passado, de acordo com o novo boletim da Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Em 2022, as concentrações médias globais de dióxido de carbono (CO₂), estavam, pela primeira vez, 50% acima da era pré-industrial. Elas continuaram a crescer em 2023.

A taxa de crescimento das concentrações de CO₂ foi ligeiramente inferior à do ano anterior e à média da década, apontou o Boletim sobre Gases de Efeito Estufa da OMM. No entanto, o boletim afirma que isso se deve, muito provavelmente, a variações naturais de curto prazo no ciclo do carbono, e que as novas emissões resultantes de atividades industriais continuaram a aumentar.

As concentrações de metano (CH₄) também aumentaram, e os níveis de óxido nitroso (N₂O), o terceiro principal gás, tiveram o maior aumento anual registrado de 2021 a 2022, de acordo com o Boletim sobre Gases de Efeito Estufa, publicado nesta semana para apoiar as negociações que acontecerāo durante próxima Cúpula Climática da ONU - a COP28, que será realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, entre os dias 30 de novembro e 12 de dezembro. 

"Apesar de décadas de alertas da comunidade científica, milhares de páginas de relatórios e dezenas de conferências sobre o clima, ainda estamos caminhando na direção errada. O nível atual de concentrações de gases de efeito estufa nos coloca no caminho de um aumento nas temperaturas bem acima das metas do Acordo de Paris até o final deste século. Isso será acompanhado por condições climáticas mais extremas, incluindo calor e chuvas intensas, derretimento do gelo, aumento do nível do mar, aquecimento e acidificação dos oceanos. Os custos socioeconômicos e ambientais aumentarão muito. Precisamos reduzir o consumo de combustíveis fósseis com urgência."

- Petteri Taalas, disse o secretário-geral da OMM, 15 de novembro de 2023. 

Pouco menos da metade das emissões de CO₂ permanece na atmosfera. Pouco mais de um quarto é absorvido pelo oceano e cerca de 30% pelos ecossistemas terrestres, como as florestas, embora haja uma variabilidade considerável de ano para ano.

Enquanto as emissões continuarem, o CO₂ continuará a se acumular na atmosfera, levando ao aumento da temperatura global. Dada a longa vida útil do CO₂, o nível de temperatura já observado persistirá por várias décadas, mesmo que as emissões sejam rapidamente reduzidas a zero.

A última vez que a Terra experimentou uma concentração comparável de CO₂ foi há 3-5 milhões de anos, quando a temperatura era 2-3°C mais quente e o nível do mar era 10-20 metros mais alto do que agora.

"Não existe uma varinha mágica para remover o excesso de dióxido de carbono da atmosfera. Mas temos as ferramentas para fortalecer nossa compreensão dos fatores que provocam a mudança climática por meio do novo Observatório Global de Gases de Efeito Estufa da OMM. Isso melhorará muito as observações e o monitoramento contínuos para apoiar metas climáticas mais ambiciosas", explicou Petteri Taalas.

Vigilância global dos gases de efeito estufa

O boletim da OMM dedica sua matéria de capa ao Observatório Global de Gases de Efeito Estufa, que foi estabelecido pelo Congresso Meteorológico Mundial em maio deste ano. Mais de 100 países já participam dessa iniciativa climática global.

Trata-se de um programa ambicioso que prevê o monitoramento contínuo dos gases de efeito estufa, em todas as regiões do planeta Terra. O objetivo é contabilizar as fontes e sumidouros naturais e os relacionados às atividades humanas, em tempo real. O Observatório Global fornecerá informações e suporte vitais para a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a bem menos de 2°C e almejar 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

As estações de monitoramento atualmente conectadas pelo Observatório Global são co-administradas pelos países participantes do programa, e atualmente incluem:  

África

  • Assekrem/Tamanrasset (Argélia)
  • Observatório Atmosférico de Cabo Verde (Cabo Verde)
  • Ilha de Amsterdã (França)
  • Monte Quênia (Quênia)
  • Cape Point (África do Sul)
  • Izaña (Tenerife, Espanha)
  • La Réunion (França)

Ásia

  • Cape Grim (Austrália)
  • Mt. Waliguan (China)
  • Bukit Kototabang (Indonésia)
  • Minamitorishima (Japão)
  • Danum Valley (Malásia)
  • Observatório do Nepal - Pyramid (Nepal)
  • Lauder (Nova Zelândia)
  • Mauna Loa (Estados Unidos)
  • Samoa (Estados Unidos)

América do Sul

  • Ushuaia (Argentina)

América do Norte/Central

  • Alert (Canadá)
  • Barrow (Estados Unidos)

Europa

  • Pallas/Sodankylä (Finlândia)
  • Zugspitze/ Hohenpeissenberg (Alemanha)
  • Mace Head (Irlanda)
  • Monte Cimone (Itália)
  • Ny Ålesund/Montanha Zeppelin (Noruega)
  • Jungfraujoch (Suíça)
  • Puy de Dôme (França)
  • Sonnblick (Áustria)

Antártica

  • Neumayer (Alemanha)
  • South Pole (Estados Unidos)
  • Halley (Reino Unido)

Estaçāo do Observatório Global sobre Gases de Efeito Estufa de Neumayer, na Antártica

Legenda: Estaçāo de Neumayer do Observatório Global sobre Gases de Efeito Estufa, na Antártica. As estações globais têm o programa de medição conjunto mais abrangente. Em muitos casos, as estações são apoiadas por mais de uma agência, têm um sólido programa de apoio científico e oferecem instalações para campanhas intensivas. A estação de Neumayer é administrada pela agência meteorológica da Alemanha.
Foto: © OMM.

Embora a comunidade científica tenha um amplo entendimento da mudança climática e de suas implicações, ainda há algumas incertezas sobre o ciclo do carbono e os fluxos no oceano, na biosfera terrestre e nas áreas de permafrost.

"Essas incertezas, no entanto, não devem impedir a ação. Em vez disso, elas destacam a necessidade de estratégias flexíveis e adaptativas e a importância do gerenciamento de riscos no caminho para o zero líquido e a realização das metas do Acordo de Paris. O fornecimento de dados precisos, oportunos e acionáveis sobre os fluxos de gases de efeito estufa se torna mais crítico", ressalta o novo boletim da OMM. 

O boletim cita a necessidade de mais informações sobre:

  • Mecanismos de feedback: O sistema climático da Terra tem vários ciclos de feedback, por exemplo, o aumento das emissões de carbono dos solos ou a diminuição da absorção de carbono pelos oceanos devido à mudança climática, conforme ilustrado pela Europa nas secas de 2018 e 2022.
  • Pontos de inflexão: O sistema climático pode estar próximo dos chamados "pontos de inflexão", em que um determinado nível de mudança leva a uma cascata de mudanças aceleradas e potencialmente irreversíveis. Os exemplos incluem a possível extinção rápida da Floresta Amazônica, a desaceleração da circulação oceânica do norte ou a desestabilização de grandes camadas de gelo.
  • Variabilidade natural: Os três principais gases de efeito estufa têm uma variabilidade substancial impulsionada por processos naturais sobrepostos ao sinal antropogênico (por exemplo, impulsionados pelo El Niño). Essa variabilidade pode amplificar ou atenuar as mudanças observadas em períodos curtos.
  • Gases de efeito estufa não CO₂: A mudança climática são impulsionada por vários gases de efeito estufa, não apenas pelo CO₂.  Esses gases têm diferentes tempos de vida na atmosfera, maior potencial de aquecimento global do que o CO₂ e emissões futuras incertas.

O Observatório Global de Gases de Efeito Estufa tem previsão de entrar em pleno funcionamento antes de 2028.

Concentrações de gases de efeito estufa em 2022

O Índice Anual de Gases de Efeito Estufa da Agência Estadunidense para Assuntos Oceânicos e Atmosféricos (NOAA) mostra que, de 1990 a 2022, o efeito de aquecimento em nosso clima - chamado de forçamento radiativo - por gases de efeito estufa de longa duração aumentou 49%, sendo o CO₂ responsável por cerca de 78% desse aumento.  

O dióxido de carbono é o gás de efeito estufa mais importante na atmosfera, sendo responsável por aproximadamente 64% do efeito de aquecimento no clima, principalmente devido à combustão de combustíveis fósseis e à produção de cimento.

O aumento de 2,2 partes por milhão (ppm) na média anual de 2021 a 2022 foi um pouco menor do que o de 2020 a 2021 e o da última década (2,46 ppm por ano). O motivo mais provável é o aumento da absorção de CO₂ atmosférico pelos ecossistemas terrestres e pelo oceano após vários anos com um evento La Niña. O desenvolvimento de um evento El Niño em 2023 pode, portanto, ter consequências para as concentrações de gases de efeito estufa.

O metano (CH₄) é um poderoso gás de efeito estufa que permanece na atmosfera por cerca de uma década. O metano é responsável por cerca de 19% do efeito de aquecimento dos gases de efeito estufa de longa duração.

Aproximadamente 40% do metano é emitido para a atmosfera por fontes naturais (por exemplo, áreas úmidas e cupins), e cerca de 60% vem de fontes antropogênicas (por exemplo, ruminantes, agricultura de arroz, exploração de combustíveis fósseis, aterros sanitários e queima de biomassa).

O aumento de 2021 a 2022 foi um pouco menor do que a taxa recorde observada de 2020 a 2021, mas consideravelmente maior do que a taxa média de crescimento anual na última década.

O óxido nitroso (N₂O) é um poderoso gás de efeito estufa e um produto químico que destrói a camada de ozônio. Ele é responsável por cerca de 7% da força radiativa dos gases de efeito estufa de longa duração.

O N₂O é emitido na atmosfera tanto por fontes naturais (aproximadamente 60%) quanto por fontes antropogênicas (aproximadamente 40%), incluindo oceanos, solos, queima de biomassa, uso de fertilizantes e vários processos industriais.

Para o N₂O, o aumento de 2021 a 2022 foi maior do que o observado em qualquer momento anterior em nosso registro de tempo moderno.

Tabela 1. Abundância média anual global na superfície (2022) e tendências dos principais gases de efeito estufa da rede observacional in-situ da OMM. As unidades são frações molares de ar seco, e as incertezas são limites de confiança de 68%.
 

 

CO₂

CH₄

N₂O

2022

417.9 ±0.2 ppm

1923 ±2 ppb

335.8 ±0.1ppb

2022

150%

264%

124%

2022 - 22

2.2pm

16ppb

1.4.ppb

2021-22

0.53% 

0.84%

0.42%

Aumento médio anual absoluto ao longo dos últimos 10 anos.

2.46ppm/ano

10.2 ppb/ano

1.05 ppb/ano

Notas para editores: 

O Programa de Vigilância Global da OMM coordena observações e análises sistemáticas de gases de efeito estufa e outros constituintes atmosféricos. Os dados de medição de gases de efeito estufa são arquivados e distribuídos pelo Centro Mundial de Dados de Gases de Efeito Estufa (WDCGG) da Agência Meteorológica do Japão.

Um relatório separado e complementar sobre a Lacuna de Emissões do Programa da ONU para o Meio Ambiente será divulgado em 20 de novembro. O relatório avalia os estudos científicos mais recentes sobre as emissões atuais e futuras estimadas de gases de efeito estufa; eles comparam esses dados com os níveis de emissão permitidos para que o mundo avance em um caminho de menor custo para atingir as metas do Acordo de Paris. Essa diferença entre "onde provavelmente estaremos e onde precisamos estar" é conhecida como lacuna de emissões.



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