quarta-feira, 3 de abril de 2024
segunda-feira, 25 de março de 2024
quarta-feira, 13 de março de 2024
ONU lança campanha para estimular investimento nas mulheres negras
Neste Dia Internacional da Mulher, a ONU Brasil lança a campanha "Investir nas Mulheres Negras para Acelerar o Progresso", chamando a atenção para um dos principais desafios para a igualdade de gênero: a alarmante falta de financiamento.
A falta de recursos é evidenciada por uma lacuna anual de 360 bilhões de dólares em investimentos para atingir as metas do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável sobre igualdade de gênero até 2030, em todo o mundo.
A campanha se estenderá nas redes e plataformas digitais da @onubrasil até a última semana de março, quando são assinalados o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial (21) e o Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Comércio Transatlântico de Escravos (25).
No dia 8 de março, celebra-se o Dia Internacional da Mulher, uma data histórica e simbólica estabelecida pelas Nações Unidas em 1977 para valorizar os esforços das mulheres pela igualdade de gênero e pleno acesso aos seus direitos fundamentais.
A campanha "Investir nas Mulheres Negras para Acelerar o Progresso" coincide com o último ano da Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024).
No Brasil, as disparidades de gênero e raça se manifestam em diversos contextos, incluindo na disparidade da renda média entre o trabalho de mulheres negras e homens brancos: a diferença salarial entre esses dois grupos é de 55%.
No entanto, os desdobramentos da discriminação não se limitam apenas ao aspecto econômico. Em 2022, no Brasil, mulheres negras representavam 61,1% das vítimas de feminicídio e 68,9% das vítimas de mortes violentas intencionais.
"Mulheres negras são mais afetadas pela pobreza, discriminação e violência. Investir nelas é avançar no desenvolvimento do Brasil sem deixar ninguém para trás." - Silvia Rucks, coordenadora residente das Nações Unidas no Brasil, 8 de março de 2024.
A coordenadora residente das Nações Unidas no Brasil, Silvia Rucks, enfatiza que o investimento em mulheres negras não se limita a uma parcela específica da população, mas contribui de forma significativa para o desenvolvimento de todo o Brasil.
Os desafios enfrentados pelas mulheres e meninas negras demandam uma resposta integral e interseccional na promoção da igualdade de gênero e raça, sendo a ampliação de investimentos uma questão urgente.
Tal abordagem visa a conscientização e ação em um período crucial, conectando as lutas contemporâneas às raízes dos problemas que afetam a população negra no Brasil e no mundo.
Sobre a campanha "Investir nas Mulheres Negras":
A ONU Brasil convida todas as pessoas a se unirem à campanha e a promoverem a igualdade de gênero e raça. Dicas de ações e recursos informativos estão disponíveis na página: https://bit.ly/ONU_DiaDaMulher
Nas redes sociais, a ONU Brasil marcará o conteúdo da campanha com as hashtags #InvistaEmMulheresNegras e #InvistaNasMulheres.
A campanha é fruto da colaboração entre diferentes agências, fundos e programas do Sistema das Nações Unidas no Brasil.
ONU: Brasil registra redução de 60% na mortalidade infantil desde 2000
O número de crianças que morreram antes de completar cinco anos atingiu um mínimo histórico, caindo para 4,9 milhões em 2022 no mundo, de acordo com as últimas estimativas divulgadas nesta quarta-feira (13) pelo Grupo Interinstitucional das Nações Unidas para Estimativa da Mortalidade Infantil (UN IGME).
O relatório revela que mais crianças estão sobrevivendo hoje no mundo, com a taxa global de mortalidade infantil abaixo dos 5 anos tendo diminuído 51% desde 2000.
No Brasil, a queda foi de 60% no mesmo período. Camboja, Malawi, Mongólia e Ruanda reduziram a mortalidade abaixo dos 5 anos em mais de 75% no período.
"Por trás desses números estão as histórias de parteiras e profissionais de saúde qualificados ajudando as mães a dar à luz seus recém-nascidos com segurança, trabalhadores de saúde vacinando e protegendo crianças contra doenças mortais, e agentes de saúde comunitários que fazem visitas domiciliares para apoiar famílias a garantir o suporte adequado à saúde e nutrição para as crianças", disse a diretora executiva do UNICEF, Catherine Russell.
"Ao longo de décadas de compromisso de indivíduos, comunidades e nações para alcançar as crianças com serviços de saúde de baixo custo, qualidade e eficazes, mostramos que temos o conhecimento e as ferramentas para salvar vidas."
O relatório revela que mais crianças estão sobrevivendo hoje no mundo, com a taxa global de mortalidade infantil abaixo dos 5 anos tendo diminuído 51% desde 2000. Vários países de baixa renda e de renda média baixa superaram essa queda, mostrando que o progresso é possível quando os recursos são adequadamente alocados para a atenção primária à saúde, incluindo a saúde e o bem-estar infantil. No Brasil, a redução foi de 60% desde 2000. Camboja, Malawi, Mongólia e Ruanda reduziram a mortalidade abaixo dos 5 anos em mais de 75% no período.
Mas os resultados também mostram que, apesar desse progresso, ainda há um longo caminho a percorrer para acabar com todas as mortes de crianças e adolescentes evitáveis. Além dos 4,9 milhões de vidas perdidas antes dos 5 anos – quase metade das quais eram recém-nascidos – as vidas de outros 2,1 milhões de crianças, adolescentes e jovens com idades entre 5 e 24 anos também foram interrompidas. A maioria dessas mortes estava concentrada na África Subsaariana e no Sul da Ásia.
Essa perda trágica de vida se deve principalmente a causas evitáveis ou tratáveis, como parto prematuro, complicações no momento do nascimento, pneumonia, diarreia e malária. Muitas vidas poderiam ter sido salvas com melhor acesso a atenção primária à saúde de alta qualidade, incluindo intervenções essenciais e de baixo custo, como vacinações, disponibilidade de pessoal de saúde qualificado no momento do nascimento, apoio à amamentação precoce e contínua, e diagnóstico e tratamento de doenças infantis.
"Embora tenha havido progressos bem-vindos, a cada ano milhões de famílias ainda sofrem com a devastadora dor de perder uma criança, muitas vezes nos primeiros dias após o nascimento", disse o diretor-geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus.
"O local de nascimento de uma criança não deve ditar se ela vive ou morre. É crucial melhorar o acesso a serviços de saúde de qualidade para todas as mulheres e crianças, inclusive durante emergências e em áreas remotas."
Melhorar o acesso a serviços de saúde de qualidade e salvar vidas de crianças contra mortes evitáveis requer investimento em educação, empregos e condições de trabalho decentes para os trabalhadores de saúde prestarem atenção primária à saúde, incluindo os agentes de saúde comunitários.
Como membros confiáveis da comunidade, os agentes de saúde comunitários desempenham um papel importante em alcançar crianças e famílias em cada comunidade com serviços de saúde que salvam vidas, como vacinações, testes e medicamentos para doenças mortais, mas tratáveis, e suporte nutricional. Eles devem ser integrados aos sistemas de atenção primária à saúde e remunerados de forma justa, bem treinados e equipados com os meios para fornecer a mais alta qualidade de cuidados.
Estudos mostram que as mortes de crianças nos países de maior risco poderiam diminuir substancialmente se as intervenções de sobrevivência infantil baseadas na comunidade pudessem alcançar aqueles que necessitam. Esse pacote de intervenções sozinho salvaria milhões de crianças e forneceria cuidados mais próximos de casa. O manejo integrado das doenças infantis - especialmente as principais causas de morte pós-neonatal, infecções respiratórias agudas, diarreia e malária - é necessário para melhorar a saúde e a sobrevivência infantil.
"O relatório deste ano é um marco importante mostrando que menos crianças morrem antes de completar cinco anos", disse o Dr. Juan Pablo Uribe, diretor global de Saúde, Nutrição e População do Banco Mundial e Diretor da Facilidade Global de Financiamento para Mulheres, Crianças e Adolescentes.
"Mas isso simplesmente não é suficiente. Precisamos acelerar o progresso com mais investimentos, colaboração e foco para acabar com mortes infantis evitáveis e honrar nosso compromisso global. Devemos isso a todas as crianças para garantir que tenham acesso aos mesmos cuidados de saúde e oportunidades, independentemente de onde nasçam."
Embora os números globais mostrem sinais encorajadores de progresso, também existem ameaças substanciais e desigualdades que colocam em risco a sobrevivência infantil em muitas partes do mundo. Essas ameaças incluem o aumento da desigualdade e da instabilidade econômica, conflitos novos e prolongados, o impacto das mudanças climáticas e as consequências da COVID-19, que poderiam levar à estagnação ou até mesmo à reversão dos ganhos e à contínua e desnecessária perda de vidas infantis. Crianças nascidas nos lares mais pobres têm o dobro de chances de morrer antes dos cinco anos em comparação com os lares mais ricos, enquanto crianças que vivem em ambientes frágeis ou afetados por conflitos têm quase três vezes mais chances de morrer antes de completar cinco anos do que crianças em outros lugares.
"As novas estimativas mostram que fortalecer o acesso a cuidados de saúde de alta qualidade, especialmente no momento do nascimento, ajuda a reduzir a mortalidade entre crianças menores de 5 anos", disse Li Junhua, subsecretário-geral das Nações Unidas para Assuntos Econômicos e Sociais.
"Embora as metas alcançadas na redução da mortalidade infantil sejam importantes para rastrear o progresso, elas também devem nos lembrar que esforços e investimentos adicionais são necessários para reduzir as desigualdades e acabar com as mortes evitáveis entre recém-nascidos, crianças e jovens em todo o mundo."
Nas taxas atuais, 59 países não alcançarão a meta de mortalidade abaixo dos 5 anos dos ODS, e 64 países não atingirão a meta de mortalidade neonatal. Isso significa que estima-se que 35 milhões de crianças morrerão antes de completar cinco anos até 2030 – um número que será suportado principalmente por famílias na África Subsaariana e no Sul da Ásia, ou em países de baixa e média renda.
O relatório também destaca grandes lacunas nos dados, particularmente na África Subsaariana e no Sul da Ásia, onde o fardo da mortalidade é alto. Os sistemas de dados e estatísticas devem ser aprimorados para rastrear e monitorar melhor a sobrevivência e saúde infantil, incluindo indicadores sobre mortalidade e saúde por meio de pesquisas domiciliares, registro de nascimentos e óbitos por meio de Sistemas de Informação em Gestão da Saúde (SIGS) e Estatísticas Vitais e de Registro Civil (CRVS).
Para saber mais, visite a página e o banco de dados do Grupo Interinstitucional das Nações Unidas para Estimativa da Mortalidade Infantil (em inglês): https://childmortality.org/
domingo, 10 de março de 2024
Colheita do Milho - Mutirão da Partilha ocorrerá em Fernandes Pinheiro no dia 20 de março
sexta-feira, 8 de março de 2024
segunda-feira, 4 de março de 2024
Países ricos usam seis vezes mais recursos naturais do que países de baixa renda, aponta relatório do PNUMA
Relatório publicado nesta sexta-feira (01/03) pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) mostra que a extração dos recursos naturais triplicou nas últimas cinco décadas, alertando para disparidades entre os países industrializados e os países de baixa renda em relação às causas da tripla crise planetária.
O Panorama Global de Recursos 2024 destaca que desigualdades fundamentais estão no centro do uso global de recursos: países de baixa renda geram 10 vezes menos impactos climáticos do que os países de alta renda.
A extração de recursos naturais pode aumentar 60% até 2060 e atrapalhar os esforços para alcançar não apenas as metas globais de clima, biodiversidade e poluição, mas também a prosperidade econômica e o bem-estar humano.
A extração dos recursos naturais triplicou nas últimas cinco décadas, em decorrência da significativa expansão de infraestrutura em muitas partes do mundo e dos altos níveis de consumo de materiais, especialmente em países de renda média-alta e alta.
A extração de material deve aumentar 60% até 2060 e pode atrapalhar os esforços para alcançar não apenas as metas globais de clima, biodiversidade e poluição, mas também a prosperidade econômica e o bem-estar humano, de acordo com um relatório publicado hoje pelo Painel Internacional de Recursos do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
O Panorama Global de Recursos 2024 (Global Resource Outlook 2024), desenvolvido pelo Painel Internacional de Recursos com autores de todo o mundo foi lançado durante a sexta sessão da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente, pede mudanças políticas abrangentes para que a humanidade viva dentro de suas possibilidades e reduza em um terço o crescimento projetado para o uso de recursos, ao mesmo tempo em que expande a economia, melhora o bem-estar e minimiza os impactos ambientais.
O relatório conclui que, desde 1970, o uso de recursos cresceu de 30 para 106 bilhões de toneladas – ou de 23 para 39 quilos de materiais usados em média por pessoa por dia –, acarretando impactos ambientais dramáticos. No geral, a extração e o processamento de recursos são responsáveis por mais de 60% das emissões de aquecimento do planeta e por 40% dos impactos da poluição do ar relacionados à saúde.
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A extração e o processamento de biomassa (por exemplo, culturas agrícolas e silvicultura) são responsáveis por 90% da perda de biodiversidade relacionada à terra e estresse hídrico, bem como um terço das emissões de gases de efeito estufa. Da mesma forma, a extração e o processamento de combustíveis fósseis, metais e minerais não metálicos (por exemplo, areia, cascalho, argila) são responsáveis por 35% das emissões globais.
"A tripla crise planetária das mudanças climáticas, da perda da natureza e da poluição é impulsionada por uma crise de consumo e produção insustentáveis. Devemos trabalhar com a natureza, em vez de apenas explorá-la", disse Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA, afirmando que:
"Reduzir a intensidade de recursos dos sistemas de mobilidade, habitação, alimentação e energia é a única maneira de alcançarmos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e, em última análise, um planeta justo e habitável para todas as pessoas."
No centro do uso global de recursos estão desigualdades fundamentais:
- Países de baixa renda consomem seis vezes menos materiais e geram 10 vezes menos impactos climáticos do que aqueles que vivem em países de alta renda.
- Os países de renda média alta mais do que dobraram o uso de recursos nos últimos 50 anos devido ao seu próprio crescimento em infraestrutura e à realocação de processos intensivos em recursos de países de alta renda.
- Ao mesmo tempo, a utilização de recursos per capita e os impactos ambientais conexos nos países de baixo rendimento têm permanecido relativamente baixos e quase inalterados desde 1995.
Onde os níveis de consumo são muito altos, um maior foco na redução dos níveis de consumo de recursos e materiais para complementar a ação sobre a produção e a eficiência de recursos pode reduzir cerca de 30% do uso global de recursos em comparação com as tendências históricas, ao mesmo tempo em que desenvolve a economia global, melhora vidas e permanece dentro dos limites planetários.
Nos casos em que a utilização dos recursos precisa aumentar, podem ser criadas estratégias para maximizar o valor de cada unidade de recurso utilizada e satisfazer as necessidades humanas de uma forma que não exija muitos recursos, de modo a que os benefícios da utilização dos recursos ultrapassem largamente a taxa da sua extração e os impactos ambientais e na saúde se mantenham em conformidade com as obrigações internacionais em matéria de clima, biodiversidade e sustentabilidade.
A incorporação de externalidades ambientais nos acordos comerciais, o fortalecimento da regulamentação dos mercados de commodities financeiras e a implementação de políticas de ajuste de fronteiras relacionadas ao impacto são apenas algumas das maneiras pelas quais os países podem evitar uma corrida para o fundo do poço nos padrões ambientais e sociais da extração de recursos e maximizar e reter o valor dos processos de extração no país.
"Não devemos aceitar que para satisfazer as necessidades humanas seja necessário o uso intensivo de recursos e devemos parar de estimular o sucesso econômico baseado na extração. Com uma ação decisiva dos políticos e do setor privado, uma vida decente para todos é possível sem custar à Terra", disse Janez Potočnik, co-presidente do Painel Internacional de Recursos.
"A conferência climática do ano passado concordou com a transição para longe dos combustíveis fósseis. Agora é a hora de trazer todos à mesa para desenvolver soluções para tornar isso possível. Agora é a hora de intensificar as soluções baseadas em recursos para o clima, a biodiversidade e a equidade para que todos, em todos os lugares, possam viver uma vida com dignidade", disse Izabella Teixeira, co-presidente do Painel Internacional de Recursos.
As recomendações específicas incluem:
- Institucionalizar a governança dos recursos e definir os caminhos para o uso dos recursos, especialmente a consideração do uso sustentável dos recursos nas estratégias de implementação dos Acordos Ambientais Multilaterais (MEAs) e melhorar a capacidade dos países de avaliar e estabelecer metas para o consumo e a produtividade dos recursos.
- Direcionar o financiamento para o uso sustentável de recursos, refletindo os custos reais dos recursos na estrutura da economia (ou seja, subsídios, regulamentações, impostos, estímulos, infraestrutura e planejamento). Outras recomendações incluem a canalização do financiamento privado para o uso sustentável dos recursos e a incorporação do risco relacionado aos recursos nos mandatos dos bancos públicos e centrais
- Integrar as opções de consumo sustentável, garantindo que os consumidores tenham as informações corretas, acesso a bens e serviços sustentáveis e que possam pagar por eles. Essas medidas devem ser acompanhadas de regulamentações para desestimular ou proibir opções que utilizem muitos recursos (como produtos
plásticos de uso único não essenciais). - Tornar o comércio um mecanismo de uso sustentável de recursos, criando condições equitativas em que os verdadeiros custos ambientais e sociais dos produtos sejam refletidos nos preços, introduzindo as MEAs nos acordos comerciais, por exemplo.
- Criar soluções circulares, eficientes em termos de recursos e de baixo impacto, além de modelos de negócios que incluam a recusa, a redução, o design ecológico, a reutilização, o reparo e a reciclagem, bem como a regulamentação de apoio e a avaliação dos sistemas existentes.
Implementadas em conjunto, essas políticas podem transformar o ambiente construído, a mobilidade, os sistemas alimentares e de energia, resultando em um aumento das energias renováveis e da eficiência energética, descarbonização da produção de materiais, cidades mais caminháveis e acessíveis por bicicleta, com melhores oportunidades de transporte público e trabalho remoto, bem como redução da perda e do desperdício de alimentos. Países de renda alta e média-alta veriam uma mudança na dieta com a redução do consumo de proteína animal e cidades mais compactas, enquanto as economias de renda mais baixa experimentariam um aumento no uso de recursos para permitir uma vida digna.
Essas mudanças sistêmicas são projetadas para atingir o pico de extração de recursos até 2040 e, em seguida, diminuir o uso para apenas 20% acima dos níveis de 2020 até 2060:
- As emissões de gases de efeito estufa cairiam mais de 80%, os estoques de materiais relacionados aos transportes e materiais de construção cairiam 50% e 25%, respectivamente, e o uso da terra para a agricultura cairia 5%.
- Ao mesmo tempo, a produção de alimentos aumentaria em 40%, para apoiar as populações, mesmo onde há crescimento e segurança alimentar, a economia global cresceria 3% e o Índice de Desenvolvimento Humano melhoraria em 7%, aumentando a renda e o bem-estar.
Dado o fracasso até agora em cumprir muitos compromissos políticos em MEAs e a urgência da tripla crise planetária, o relatório apoia ações imediatas, seguindo o princípio da "melhor ciência disponível".
NOTAS AOS EDITORES
Sobre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)
O PNUMA é a principal voz global sobre o meio ambiente. Fornece liderança e incentiva a parceria no cuidado com o meio ambiente, inspirando, informando e permitindo que nações e povos melhorem sua qualidade de vida sem comprometer a das gerações futuras.
Sobre o Painel Internacional de Recursos (IRP)
O IRP foi lançado em 2007 pelo PNUMA para estabelecer uma interface ciência-política sobre o uso sustentável dos recursos naturais e, em particular, seus impactos ambientais ao longo de todo o ciclo de vida. O Painel é composto por eminentes cientistas com experiência em questões de gestão de recursos. Ele estuda questões-chave em torno do uso global de recursos e produz relatórios de avaliação com as mais recentes descobertas científicas, técnicas e socioeconômicas para informar a tomada de decisões.
quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024
PNUMA: O mundo precisa superar a era do desperdício e transformar o lixo em recurso
Relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) divulgado nesta quarta-feira (28) alerta que a geração de resíduos sólidos urbanos pode crescer de 2,3 bilhões de toneladas em 2023 para 3,8 bilhões de toneladas até 2050.
A inação na gestão global de resíduos custa caro à saúde humana, às economias e ao meio ambiente. O PNUMA projeta que o custo global da gestão de resíduos salte dos 252 bilhões de dólares registrados em 2020 para US$ 600 bilhões por ano até 2050.
O crescimento da produção de lixo tem sido maior em regiões que dependem muito de despejo e queima a céu aberto, o que significa um rápido aumento da poluição.
É urgentemente necessário dissociar a geração de resíduos do crescimento econômico e acelerar a transição para abordagens de zero resíduos e economia circular.
Com a previsão de que os resíduos municipais aumentem em dois terços e que seus custos quase dobrem em uma geração, somente uma redução drástica na geração de resíduos garantirá um futuro habitável e acessível, de acordo com um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) lançado nesta quarta-feira (28) em Nairóbi, no Quênia.
Intitulado "Além da era do desperdício: transformando o lixo em recurso", o Panorama Global do Manejo de Resíduos 2024 (Global Waste Management Outlook 2024) do PNUMA fornece a atualização mais substancial sobre a geração global de resíduos e o custo dos resíduos e sua gestão desde 2018.
A análise usa avaliações de ciclo de vida para explorar o que o mundo poderia ganhar ou perder com a continuidade dos negócios como de costume, com a adoção de medidas intermediárias ou com a adoção integral do lixo zero e economia circular.
A geração de resíduos sólidos urbanos pode saltar de 2,3 bilhões de toneladas em 2023 para 3,8 bilhões de toneladas até 2050, de acordo com o Panorama Global do Manejo de Resíduos 2024.
Sem uma ação urgente sobre a gestão de resíduos, até 2050, o custo anual global com gestão de resíduos pode quase dobrar para impressionantes US$ 640,3 bilhões.
"A geração de resíduos está intrinsecamente ligada ao PIB, e muitas economias de rápido crescimento estão lutando sob o fardo do rápido crescimento do lixo. Ao identificar medidas concretas para um futuro com mais recursos e enfatizar o papel fundamental dos tomadores de decisão nos setores público e privado para avançar em direção ao lixo zero, este Panorama Global do Manejo de Resíduos pode apoiar os governos que buscam evitar perder oportunidades para criar sociedades mais sustentáveis e garantir um planeta habitável para as gerações futuras", disse Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA, no evento de lançamento do relatório.
"O relatório é um guia e um chamado à ação para catalisar esforços coletivos para apoiar soluções ousadas e transformadoras, reverter os impactos adversos das práticas atuais de gerenciamento de resíduos e fornecer benefícios claros a todos os indivíduos que vivem neste planeta. Essas ações são fundamentais para acelerar o cumprimento da Agenda 2030. Como parceira e apoiadora do Panorama Global desde a sua criação, a Associação de Resíduos Sólidos garantirá que ela seja agora disseminada e implementada no terreno, fornecendo o apoio necessário para enfrentar os desafios atualmente observados", disse Carlos Silva Filho, presidente da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA).
O relatório mostra que controlar os resíduos por meio de medidas de prevenção e gestão de resíduos poderia limitar os custos anuais líquidos até 2050 a US$ 270,2 bilhões.
No entanto, as projeções mostram que um modelo de economia circular, em que a geração de resíduos e o crescimento econômico são dissociados pela adoção de prevenção de resíduos, práticas comerciais sustentáveis e gestão completa de resíduos, poderia de fato levar a um ganho líquido total de US$ 108,5 bilhões por ano.
"As conclusões deste relatório demonstram que o mundo precisa urgentemente mudar para uma abordagem de lixo zero, melhorando a gestão de resíduos para evitar poluição significativa, emissões de gases de efeito estufa e impactos negativos à saúde humana. A poluição causada por resíduos não conhece fronteiras, então é do interesse de todos comprometer-se com a prevenção de resíduos e investir na gestão de resíduos onde estes não existem. As soluções estão disponíveis e prontas para serem ampliadas. O que é necessário agora é uma liderança forte para definir a direção e o ritmo necessários e garantir que ninguém seja deixado para trás", disse Zoë Lenkiewicz, principal autora do relatório.
O relatório foi lançado na sexta sessão da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA-6), que acontece de 26 de fevereiro a 1º de março na sede do PNUMA em Nairóbi, Quênia.
NOTAS AOS EDITORES
Sobre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)
O PNUMA é a principal voz global sobre o meio ambiente. Fornece liderança e incentiva a parceria no cuidado com o meio ambiente, inspirando, informando e permitindo que nações e povos melhorem sua qualidade de vida sem comprometer a das gerações futuras.
Sobre a ISWA
A International Solid Waste Association (ISWA) é a principal rede internacional de profissionais e especialistas em resíduos do mundo. A sua missão é promover e desenvolver a gestão sustentável e profissional de resíduos em todo o mundo e a transição para uma economia circular.
Sobre o Global Waste Management Outlook 2024
O GWMO 2024 é um esforço coletivo do PNUMA e da IWSA. Fornece uma avaliação científica pioneira dos impactos e custos das quantidades crescentes de resíduos a gerir e apela a uma ação global para dar prioridade à prevenção de resíduos e aos serviços de gestão de resíduos urbanos em prol da saúde planetária e humana. O relatório avalia três cenários potenciais de geração e gestão de resíduos urbanos, examinando seus impactos na sociedade, no meio ambiente e na economia global. Também apresenta estratégias potenciais para redução de resíduos e melhoria da gestão, seguindo a hierarquia de resíduos, com o objetivo de tratar todos os resíduos como recursos valiosos.