Enquanto a perspectiva de crescimento global melhorou, impulsionada por uma recuperação robusta na China e nos Estados Unidos, o surgimento de novas infecções de COVID-19 e o progresso inadequado de vacinação em muitos países ameaçam uma recuperação ampla da economia mundial, revela a última previsão das Nações Unidas publicada hoje.
De acordo com o relatório de meio de ano Situação e Perspectivas Econômicas Mundiais (WESP, na sigla em inglês), após uma forte contração de 3,6 % em 2020, a economia global agora está projetada para expandir 5,4%, refletindo uma revisão positiva das previsões da ONU lançadas em janeiro. Em meio a vacinações rápidas e medidas contínuas de apoio monetário e fiscal, China e Estados Unidos — as duas maiores economias — estão no caminho da recuperação.
Em contraste, a perspectiva de crescimento em diversos países da África do Sul, África Subsaariana, América Latina e Caribe permanece frágil e incerta. Para muitos países, projeta-se que a produção econômica só retorne aos níveis anteriores à pandemia em 2022 ou 2023.
"A desigualdade de vacinação entre países e regiões representa um risco significativo a uma recuperação global já desigual e frágil", disse o economista-chefe da ONU, Elliott Harris. "O acesso oportuno e universal à vacinação para a COVID-19 significará a diferença entre acabar com a pandemia prontamente e colocar a economia mundial na trajetória de uma recuperação resiliente, ou perder mais muitos anos de crescimento, desenvolvimento e oportunidades".
Recuperação desigual - O comércio global de mercadorias já ultrapassou níveis pré-pandêmicos, impulsionado pela forte demanda por equipamentos elétricos e eletrônicos, equipamentos de proteção pessoal e outros bens manufaturados.
Economias dependentes da manufatura têm se saído melhor, tanto durante a crise quanto no período de recuperação, mas uma recuperação rápida parece improvável para economias dependentes de turismo e de commodities, revelou o relatório.
O comércio de serviços, em particular o turismo, vai permanecer deprimido em meio à lenta suspensão de restrições às viagens internacionais e ao medo de novas ondas de infecção em diversos países em desenvolvimento.
Mulheres mais afetadas - Mulheres têm estado na frente de combate na luta contra a pandemia. Elas também têm sido afetadas com força de várias maneiras, incluindo suportar o trabalho doméstico e de cuidados pessoais não remunerados. Elas permanecem sem representantes em processos decisórios relacionados à pandemia e em políticas econômicas em resposta à crise.
Enquanto a pandemia reduziu a participação da força de trabalho em 2% ao redor do mundo, comparado com somente 0,2% durante a crise financeira global de 2007-2008, mais mulheres do que homens foram forçadas a deixar totalmente a força de trabalho, aprofundando ainda mais disparidades de gênero em emprego e salários, o relatório destacou. Empresas pertencentes a mulheres também se saíram desproporcionalmente pior.
"A pandemia empurrou aproximadamente 58 milhões de mulheres e garotas em direção à extrema pobreza, dando um enorme golpe nos esforços para a redução da pobreza ao redor do mundo, e acentuando as desigualdades de gênero na renda, saúde e educação, impedindo o progresso da igualdade de gênero", disse Hamid Rashid, chefe da Divisão de Monitoramento Econômico Global no Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais (DESA) das Nações Unidas, e o autor principal do relatório.
"Medidas fiscais e monetárias para orientar a recuperação devem levar em conta os impactos diferenciados da crise em diferentes grupos populacionais, incluindo mulheres, para garantir uma recuperação econômica inclusiva e resiliente", ele adicionou.
Via ONU Brasil
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