sábado, 26 de junho de 2021

No PR, crescem óbitos de professores por covid e sindicato critica aulas presenciais


O professor José Paulo Barreto, de Apucarana, a professora e diretora de escola Liziane de Souza Ribeiro, de Ponta Grossa, o professor Claudio Nielsen, de Curitiba, a professora Marivane Pereira Martins, de Antonina, a professora Luci Rocha, da cidade de Mandaguaçu, o agente educacional Ironei de Oliveira, de Campo Mourão, a agente educacional Regina Lung, de Sarandi, são alguns dos profissionais da rede estadual de ensino do Paraná que morreram nos últimos dias, vítimas da covid-19.

Desde o início da pandemia, já são cerca de 200 mortes por covid-19 de profissionais de educação da rede pública do Paraná. Só no mês de junho de 2021, já são mais de 15 notas de falecimento feitas pela APP-Sindicato, que representa a categoria. Não há, porém, nenhuma menção da Secretaria Estadual de Educação sobre esses óbitos.

O sindicato critica a omissão do órgão e reivindica diálogo junto ao governo estadual para que o retorno das aulas presenciais e a reabertura de escolas sejam suspensos até que a pandemia do coronavírus apresente baixa de números de casos e mortes no estado. O Paraná registra, atualmente, 1.210.584 casos confirmados e 29.870 óbitos.

"Parem de nos matar"

Na última segunda-feira (21), profissionais da educação fizeram uma manifestação simbólica em frente ao Núcleo Regional de Educação Curitiba e Região Metropolitana.

Entre as principais pautas da mobilização estavam a alta taxa de letalidade de educadores e o retorno das aulas presenciais, que colocam em risco a vida de profissionais, estudantes e comunidade escolar. Ainda durante o ato, os manifestantes presentes tentaram dialogar com as chefias de núcleo, que não os atenderam.

Os professores levaram cartazes e cruzes com os nomes dos colegas que vieram a falecer devido à contaminação pelo coronavírus.

"Parem de nos matar", diziam as faixas colocadas à frente do Núcleo. Muitos desses óbitos foram de profissionais que tiveram que retornar às escolas para aulas ou reuniões pedagógicas.

"Estamos sendo convocados para voltar às escolas sem nenhum diálogo, sem nenhum debate sobre a organização segura para o retorno das aulas. O Paraná está entre os estados com o maior número de casos. O retorno às aulas presenciais neste momento é pacto com a morte," disse o professor Clau Lopes, durante a manifestação.

"Mais uma vez fizemos um ato em desagravo pelas mortes que vêm acontecendo no nosso estado, pelo assédio moral que nossas escolas têm recebido das chefias de núcleo. Não fomos recebidos pela Adriana Kampa, que é chefe de núcleo, pois segundo a assessoria, a encarregada no NRE da região metropolitana sul foi contaminada com covid-19 e não estava no local, embora os demais trabalhadores estivessem. O ato foi importante para demonstrar para a nossa categoria que não podemos parar nem por um minuto em nome daqueles que tombaram", explicou a vice-presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores (CNTE), professora Marlei Fernandes.

Sindicato oficia o Ministério Público

O presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão, disse que o Ministério Público do Paraná foi oficiado sobre o tratamento desigual dado pelo governo do Paraná aos professores.

"O Governador Ratinho Junior emitiu um ofício determinando a suspensão dos serviços presenciais nas repartições públicas. No outro dia, o Secretário da Educação, Renato Féder, autorizou a reabertura de mais de 200 escolas públicas pelo estado. O anúncio foi feito junto ao aumento de número de óbitos de professores e funcionários que sequer foi lamentado pelo governador e o secretário. Oficiamos o Ministério Público para exigir igualdade no tratamento aos professores e que a escolas se mantenham fechadas", disse.

A APP Sindicato também oficiou o governo do estado e a Assembleia Legislativa pedindo abertura do diálogo com a categoria.

O que diz o governo

Em nota, a Secretaria Estadual de Educação disse que "o retorno se dá de forma escalonada e todas as instituições de ensino seguem um protocolo de segurança, que prevê o distanciamento de 1,5 metros entre os estudantes, disponibiliza álcool em gel, exige o uso de máscara e afere a temperatura de alunos e funcionários antes do acesso às dependências das escolas."

A reportagem questionou, mas não teve resposta sobre a possibilidade de diálogo com o sindicato e nem sobre o aumento de óbitos de professores e funcionários de escolas.

Fonte: BdF Paraná

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