A atividade econômica da América Latina e do Caribe continua mostrando uma trajetória de baixo crescimento, apontou relatório divulgado nesta quinta-feira (14) em Santiago do Chile.
A comissão regional das Nações Unidas estima que os países da América Latina e o Caribe devem crescer, em média, 2,2% em 2023 e 1,9% em 2024. Espera-se que a inflação média regional termine 2023 em 3,8%, muito abaixo dos 8,2% registrados em 2022.
Essas projeções refletem o baixo dinamismo do crescimento econômico e do comércio global, bem como o espaço limitado das políticas fiscal e monetária enfrentado pelos países da região. A trajetória de baixo crescimento contribuirá para a desaceleração da criação de empregos e a persistência da informalidade e das disparidades de gênero.
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) apresentou hoje o Balanço Preliminar das Economias da América Latina e do Caribe 2023, seu último relatório deste ano, no qual indica que a região manterá um caminho de baixo crescimento, resultando na desaceleração da criação de empregos e na persistência da informalidade e das disparidades de gênero, entre outros efeitos.
Conforme o relatório, apresentado em coletiva de imprensa liderada pelo secretário-executivo da comissão regional das Nações Unidas, José Manuel Salazar-Xirinachs, em média, a América Latina e o Caribe crescerão 2,2% em 2023 e 1,9% em 2024, indicando uma desaceleração do crescimento regional em comparação aos níveis observados em 2022.
Apesar de todas as sub-regiões mostrarem um menor crescimento em 2023, em relação a 2022, o relatório destaca a heterogeneidade entre os países da região. Assim, a América do Sul cresceria 1,5% (3,8% em 2022); o grupo formado por América Central e México, 3,5% (4,1% em 2022), enquanto o Caribe (excluindo Guiana) cresceria 3,4% (6,4% em 2022).
Para 2024, espera-se que a região mantenha a dinâmica de baixo crescimento e que todas as sub-regiões cresçam menos que em 2023: América do Sul cresceria 1,4%; América Central e México, 2,7%, e o Caribe, 2,6% (excluindo Guiana).
Essas projeções refletem, por um lado, o baixo dinamismo do crescimento econômico e do comércio global, o que se traduz em estímulo limitado vindo da economia mundial. Por outro lado, o baixo crescimento também é resultado do espaço limitado das políticas fiscal e monetária enfrentado pelos países da região.
Nesse sentido, destaca-se que os níveis da dívida pública, embora tenham diminuído, ainda são altos, o que, somado ao aumento do custo de financiamento, restringe o espaço fiscal.
No âmbito monetário, a inflação continua em baixa na região, porém a política monetária ainda mantém uma tendência restritiva, devido aos efeitos que a redução das taxas pode vir a ter nos fluxos de capital e na taxa de câmbio, considerando que, nos países desenvolvidos, as altas taxas de juros ainda estão presentes.
Para 2023, espera-se que a inflação média da região termine o ano em 3,8%, muito abaixo dos 8,2% registrados em 2022. Em 2024, a queda continuará e há a previsão de que a média da taxa de inflação regional seja de 3,2%, conforme indicado no relatório.
Para 2023, a CEPAL estima que o número de pessoas ocupadas terá crescido 1,4%, o que representa uma redução de quatro pontos percentuais em relação aos 5,4% registrados em 2022. Essa menor criação de empregos se estenderá em 2024, quando se projeta um crescimento de ocupação de 1,0%.
Para sair da armadilha do baixo crescimento, "é necessário ampliar as políticas de desenvolvimento produtivo com foco em setores estratégicos dinâmicos, promover políticas para incentivar o investimento público e privado e adaptar a estrutura de financiamento para aumentar a mobilização de recursos", enfatizou José Manuel Salazar-Xirinachs.
No Balanço Preliminar 2023, a CEPAL destaca a necessidade de complementar políticas de desenvolvimento produtivo com políticas macroeconômicas e financeiras que permitam uma gestão adequada dos riscos financeiros e cambiais enfrentados pela região, e estimular a mobilização de recursos internos para ampliar o espaço fiscal, aumentar o investimento e a produtividade.
Da mesma forma, são necessárias políticas que promovam uma maior inclusão e a redução das grandes desigualdades características da região, destacando aquelas de gênero.
Além disso, a CEPAL aponta a necessidade de reformas na arquitetura financeira e tributária internacional para apoiar os países da região na consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), mobilizando recursos para a região.
Mais informações:
- Gravação da Coletiva de imprensa na sede da CEPAL
- Documento completo (em espanhol): Balanço Preliminar das Economias da América Latina e do Caribe 2023
- Tabelas e gráficos: Novas projeções de crescimento 2023-2024
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