A 28ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP28, terminou ontem (13) em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, registrando a necessidade de uma transição que leve ao fim do uso de combustíveis fósseis até 2050. Isso após discursos calorosos, promessas, manifestações e contradições
O evento começou em 30 de novembro com o objetivo de apresentar, pela primeira vez, um balanço de como cada país está atuando para cumprir com o Acordo de Paris, que limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5° C acima dos níveis pré-industriais.
Já no primeiro dia de evento, a COP28 aprovou um fundo climático para financiar perdas e danos de países vulneráveis, fazendo coro à intenção de Lula: "Nós estamos com um vasto programa de recuperação de terras degradadas. [...] acho que vamos ter que mudar o jogo para que as pessoas aprendam que o planeta não está brincando. O planeta está avisando: cuidem de mim porque senão são vocês que vão perder" afirmou o presidente antes da viagem.
Ao mesmo tempo, uma das primeiras contradições surgiram justamente relacionadas ao nosso país: enquanto apresentava ações concretas e um discurso enfático sobre a necessidade de investir em energias renováveis, reduzir o uso de combustíveis fósseis e promover desenvolvimento sustentável, o Brasil entrava na Opep+, que reúne os integrantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e produtores aliados.
Na Opep+, os participantes, no geral, são apenas observadores, sem interação com as decisões do grupo, apesar de poderem participar de políticas internacionais ligadas ao setor, e Lula afirmou que a adesão brasileira é necessária para convencer nações petrolíferas a investir em energia limpa. Ainda assim, a contradição foi apontada e até questionada por diversos movimentos ambientalistas.
O Brasil inclusive recebeu o antiprêmio "Fóssil do Dia" pela entrada na Opep+ e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, reafirmou que a empresa será uma das últimas a parar de explorar petróleo no mundo, sem ponderar o impacto que a continuidade da queima de combustíveis pode ter sobre a crise climática.
Outra contradição se refere à participação de megacorporações emissoras de carbono que desembarcaram em Dubai para garantir ao mundo que estão resolvendo os problemas nas suas cadeias produtivas. Vale, Cargill, JBS, Marfrig e Norsk Hydro, que carregam uma lista de crimes ambientais não resolvidos e grandes índices de emissão de carbono, marcaram presença na COP28.
Já a petroquímica Braskem ia participar do evento, porém preferiu cancelar, em meio ao agravamento da crise em Maceió (AL) pelo afundamento do solo causado pela exploração mineral feita pela empresa. Supostamente, o cancelamento veio após a manifestação que ocorreu durante a participação da Vale.
Outra manifestação digna de nota foi a de centenas de ativistas, militantes e integrantes de movimentos populares no dia 9, em Dubai. As praças do Expo City – suntuosa estrutura de eventos na cidade – foram tomadas por cantos e gritos contra o uso de combustíveis fósseis, a favor da justiça climática e pelo cessar-fogo na Faixa de Gaza.
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