Documento obtido pela “CPI da Covid” mostra que a omissão do general Eduardo Pazuello no episódio da falta de oxigênio em Manaus foi ainda mais escandalosa do que se sabia até agora. Ouça:
sábado, 19 de junho de 2021
VERGONHA: Deputados rejeitam emenda que extingue licença-prêmio para o Ministério Público
Aconteceu no Paraná
Com 29 votos contrários e 19 favoráveis, a emenda coletiva apresentada pelo deputado Tadeu Veneri que extingue a licença prêmio para os servidores do Ministério Público estadual foi rejeitada na sessão plenária desta terça-feira (15). O projeto de lei 874/2019 prevê, entre outras medidas, o pagamento de gratificações, auxílios e licença-prêmio para os servidores da instituição.
Trabalho infantil sobe pela primeira vez em 20 anos e atinge 160 milhões de crianças
O número de crianças em situação de trabalho infantil subiu para 160 milhões em todo o mundo - um aumento de 8,4 milhões nos últimos quatro anos - e milhões de crianças estão em risco devido aos efeitos da COVID-19, de acordo com um novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF).
O relatório 'Trabalho Infantil: Estimativas Globais 2020, tendências e o caminho a seguir' (Child Labour: Global estimates 2020, trends and the road forward, no original), publicado antes do Dia Mundial contra o Trabalho Infantil em 12 de junho, adverte que o progresso para acabar com o trabalho infantil está estagnado pela primeira vez em 20 anos, revertendo a tendência anterior de queda, que registrou uma diminuição de 94 milhões no trabalho infantil entre 2000 e 2016.
O documento também destaca um aumento substancial no número de crianças de 5 a 11 anos em situação de trabalho infantil, e que, atualmente, representa pouco mais da metade de todos os casos de trabalho infantil em escala mundial. O número de crianças de 5 a 17 anos que realizam trabalhos perigosos, isto é, todo trabalho suscetível a prejudicar a saúde, segurança ou moral, aumentou em 6,5 milhões desde 2016, atingindo 79 milhões.
"As novas estimativas são um alerta. Não podemos ficar parados enquanto uma nova geração de crianças está em risco", disse o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.
"A proteção social inclusiva permite às famílias manter seus filhos na escola, mesmo diante das dificuldades econômicas. É essencial aumentar os investimentos para facilitar o desenvolvimento rural e promover o trabalho decente no setor agrícola. Estamos em um momento crucial e os resultados que obtivermos dependerão em grande medida das repostas que adotemos. Devemos reiterar nosso compromisso e nossa vontade para reverter a situação e interromper o ciclo da pobreza e de trabalho infantil", completa Ryder.
Na África Subsaariana, o crescimento populacional, as crises recorrentes, a pobreza extrema e medidas de proteção social inadequadas resultaram em um adicional de 16,6 milhões de crianças em situação de trabalho infantil nos últimos quatro anos. Mesmo em regiões onde houve algum avanço desde 2016, como Ásia e Pacífico, e América Latina e Caribe, a COVID-19 está colocando em risco esse progresso.
Situação pode se agravar até 2022 - O relatório adverte que, em escala mundial, um adicional de nove milhões de crianças corre o risco de ser vítimas de trabalho infantil no final de 2022 como resultado da pandemia. Um modelo de simulação mostra que esse número poderia aumentar para 46 milhões, caso elas não tenham acesso a uma cobertura de proteção social crítica.
Choques econômicos adicionais e o fechamento de escolas como consequência da COVID-19 significam que as crianças que já se encontram em situação de trabalho infantil podem estar trabalhando mais horas ou em condições de piores, enquanto muitas mais podem ser levadas às piores formas de trabalho infantil devido à perda de emprego e renda das famílias vulneráveis.
"Estamos perdendo terreno no combate ao trabalho infantil e o último ano não facilitou o nosso trabalho ", disse a diretora executiva do UNICEF, Henrietta Fore.
"Neste segundo ano de confinamentos em todo o mundo, fechamento de escolas, crises econômicas e ajustes orçamentários em escala nacional, as famílias são forçadas a tomar decisões muito drásticas. Instamos governos e bancos internacionais de desenvolvimento a priorizarem investimentos em programas que possibilitem tirar as crianças da força de trabalho e colocá-las de volta na escola, bem como em programas de proteção social que ajudem as famílias a evitar essa escolha em primeiro lugar", ressalta Fore.
Entre as principais conclusões do relatório, destaca-se:
- O setor agrícola representa 70% das crianças em situação de trabalho infantil (112 milhões), seguido do setor de serviços com 20% (31,4 milhões) e o setor da indústria com 10% (16,5 milhões).
- Quase 28% das crianças de 5 a 11 anos e 35% das crianças entre 12 e 14 anos em situação de trabalho infantil não são escolarizadas.
- O trabalho infantil é mais prevalente entre meninos do que meninas, independentemente da idade. Se as tarefas domésticas executadas por 21 horas ou mais por semana forem levadas em consideração, a lacuna de gênero diminui.
- O trabalho infantil nas áreas rurais (14%) é quase três vezes mais frequente do que nas áreas urbanas (5%).
Recomendações - Crianças em situação de trabalho infantil correm risco de sofrer danos físicos e mentais. O trabalho infantil prejudica a educação das crianças, restringe seus direitos e limita suas oportunidades no futuro, resultando em viciosos ciclos intergeracionais de pobreza e trabalho infantil. Para evitar que o trabalho infantil siga aumentando, a OIT e o UNICEF defendem:
- Promover proteção social adequada para todas as pessoas que incluía benefícios universais para crianças.
- Aumentar os gastos com educação gratuita e de qualidade e facilitar o regresso de todas as crianças à escola, incluindo aquelas que estavam fora da escola antes da pandemia da COVID-19.
- Promover trabalho decente para adultos, com o objetivo de que as famílias não precisem recorrer à ajuda de seus filhos para gerar renda familiar.
- Acabar com regulamentações de gênero ineficazes e a discriminação que propiciam o trabalho infantil.
- Investir em sistemas de proteção infantil, no desenvolvimento do setor agrícola, em serviços públicos rurais, infraestrutura e meios de subsistência.
No âmbito do Ano Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil, a associação internacional Aliança 8.7, da qual o UNICEF e a OIT são membros, incentiva os Estados membros, empresas, sindicatos, sociedade civil e organizações regionais e internacionais a redobrarem seus esforços na luta global contra o trabalho infantil para facilitar compromissos de ação específicos. Durante uma semana de ação de 10 a 17 de junho, o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, e a diretora executiva do UNICEF, Henrietta Fore, participarão com vários panelistas de alto nível e defensores da juventude de um importante evento durante a Conferência Internacional do Trabalho para discutir o lançamento das novas estimativas globais e as medidas que podem ser adotadas para o futuro.
Sobre o relatório - O relatório do 'Trabalho Infantil: Estimativas Globais 2020, tendências e o caminho a seguir' é a primeira publicação conjunta da OIT e do UNICEF que fornece estimativas de trabalho infantil e faz parte do trabalho mais amplo que várias organizações internacionais realizam para analisar e monitorar o progresso em relação ao cumprimento da meta 8.7 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. As estimativas são baseadas em extrapolação de dados de 106 pesquisas cobrindo mais de 70% da população mundial de crianças de 5 a 17 anos de idade.
Sobre a OIT - Como único órgão tripartite da ONU, desde 1919, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) reúne governos, empregadores e trabalhadores de 187 estados membros, a fim de estabelecer normas trabalhistas, formular políticas e desenvolver programas que promovam o trabalho decente para todas as pessoas.
Sobre o UNICEF - O Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF) trabalha em alguns dos lugares mais difíceis, para alcançar as crianças mais desfavorecidas do mundo. Em 190 países e territórios, trabalhamos para cada criança, em todos os lugares, para construir um mundo melhor para todos.
Fonte: ONU Brasil
FAO: projetos ambientais podem gerar mais empregos e crescimento na América Latina e no Caribe
Como os agricultores do Equador conseguiram aumentar sua renda em 40% e reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 20%? Como foi possível para os agricultores do Uruguai reduzir o uso de agrotóxicos em 70%? E como uma iniciativa de energia limpa no agronegócio mexicano poderia evitar a emissão de 6 milhões de toneladas de carbono, melhorando as condições de trabalho de seus trabalhadores e a saúde ambiental das comunidades do entorno?
Uma nova publicação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) responde a essas perguntas e analisa sete experiências de transformação no Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guatemala, México, Uruguai e Caribe.
'Rumo a uma agricultura sustentável e resiliente na América Latina e no Caribe' mostra –com exemplos concretos– como transformar boas práticas em políticas públicas e como alinhar os objetivos ambientais com uma produção agrícola eficiente e socialmente inclusiva.
"Agora, mais do que nunca, é essencial aproveitar os investimentos que a reconstrução exigirá após a pandemia para avançar no combate às mudanças climáticas e na redução da pegada ambiental da agricultura", disse o representante regional da FAO, Julio Berdegué.
Sete casos bem sucedidos - Um projeto de gestão sustentável da pesca de arrasto no Brasil, Suriname e Trinidad e Tobago, permitiu reduzir a pesca não intencional em até 36% graças a novas redes e tecnologias, protegendo espécies ameaçadas, como tartarugas e raias, e reduzindo seu impacto ambiental.
No Equador, um projeto de pecuária inteligente para o clima, implementado em mais de 800 fazendas, permitiu que 1.056 fazendeiros aumentassem sua produção de leite, aumentassem sua renda e melhorassem a qualidade dos solos em 40 mil hectares. O projeto evitou a emissão de 24 mil toneladas de gases de efeito estufa graças a técnicas como o pastejo rotacionado e a produção de composto para pastagens. Além disso, os produtores aprenderam a produzir sua própria ração e também aplicaram ferramentas digitais para monitorar suas emissões de gases de efeito estufa (GEE).
No México, um projeto para promover tecnologias eficientes e de baixa emissão na agricultura e no agronegócio permitiu que 1.842 agroindústrias –principalmente fazendas de gado, suínos e aves, centros de processamento de carne e agro-processamento – reduzissem suas emissões líquidas de GEE em 6 milhões de toneladas de CO2 eq, além de produzir energia a partir da biomassa.
No Uruguai, um projeto de boas práticas e alternativas ao uso de agrotóxicos trabalhou com mais de 2.000 técnicos e produtores e demonstrou que é possível reduzir em até 70% o uso de herbicidas em um ciclo de produção de soja, sem afetar nada do rendimento e sem aumento de custos, o que significou – para os casos avaliados – uma economia de 40 dólares por hectare, em média.
No Chile, os Acordos de Produção Limpa permitiram que 340 integrantes da agricultura familiar da região de El Maule aumentassem em 15% seus benefícios econômicos, reduzindo o uso de energia, suas emissões de GEE, seus resíduos e o uso de agrotóxicos, além de melhorar o uso de água e solo.
Na Guatemala e na Colômbia, um projeto de manejo florestal comunitário ajudou a promover a conservação das florestas, gerar empregos e aumentar o investimento no desenvolvimento social e produtivo. Na Guatemala, 1.233 famílias participaram de 350 mil hectares da Reserva da Biosfera Maia em Petén, enquanto na Colômbia participaram 25 comunidades e duas associações madeireiras.
Na Colômbia, as tabelas técnicas agroclimáticas permitiram que um sindicato bananeiro de Magdalena e La Guajira reduzisse em 15% as perdas causadas pelos efeitos climáticos e em 25% o uso de fertilizantes por hectare.
Todas essas iniciativas mostram que não é necessário escolher entre a geração de empregos e o cuidado com o meio ambiente, ou entre a necessária transformação sustentável da agricultura e a reativação econômica pós-pandêmica, porque os projetos e políticas ambientais também geram múltiplos benefícios econômicos e sociais.
Confira o site do evento de lançamento (em espanhol).
FFonte: ONU Brasil
ACNUR lança segunda edição de concurso que transforma desenhos em bolas de futebol
Centenas de jovens e crianças de todo o mundo estão participando da segunda edição do concurso de arte "Juventude #ComOsRefugiados", promovido pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), cujo tema é "O esporte nos une". Até o dia 25 de junho, quem tem entre 10 e 30 anos de idade poderá enviar desenhos para o site do concurso. Cerca de 500 desenhos de 70 países já foram submetidos.
O objetivo da iniciativa é dar visibilidade à força que o esporte tem para unir as pessoas e gerar esperança. Neste ano, o concurso é especial: os melhores desenhos serão convertidos no design da #BolaDosSonhos (#DreamBall), que será fabricada e vendida para financiar projetos esportivos de apoio às pessoas refugiadas em todo o mundo. As bolas serão produzidas pela Alive and Kicking, única fabricante de bolas sem fins lucrativos em todo o mundo.
Os melhores desenhos também serão compartilhados nas redes sociais do ACNUR em todo o mundo e apresentados em uma exposição digital. Os finalistas receberão prêmios especiais e lembranças do ACNUR. Não há premiação em dinheiro.
Programação - O concurso contou com a participação de crianças e jovens refugiados no Brasil. Em Belém, cerca de 30 jovens e crianças indígenas venezuelanas da etnia Warao refugiadas no Brasil participaram nesta semana da atividade no abrigo municipal Tapanã. "Na Venezuela, na minha cultura, eu andava muito de canoa – essa era minha principal atividade esportiva. Aqui no Brasil, jogamos vôlei todos os dias no abrigo. Seria legal ter uma bola com a nossa cara", falou uma das participantes.
Em Manaus, indígenas Warao que vivem nos abrigos Tarumã-Açu 1 e 2 também participam do concurso. Os abrigos são gerenciados pelo município, e as atividades contarão com o apoio do Instituto Mana. Além disso, o concurso está sendo levado para outras comunidades da capital amazonense por meio dos Promotores Comunitários e da Pastoral do Migrante, que acessam crianças e jovens refugiados fora dos abrigos. Oficinas de desenho acontecerão ao longo desta semana no Alojamento de Trânsito de Manaus (ATM), em parceria com a Fraternidade Internacional, e no Centro de Apoio a Refugiados e Migrantes (CARE), em parceria com a ADRA (Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais).
Em Boa Vista, o concurso envolverá jovens refugiados e migrantes da Venezuela abrigados na capital de Roraima pela Operação Acolhida – resposta do governo federal ao fluxo de venezuelanos para o Brasil. As atividades serão desenvolvidas nos abrigos Rondon 1 e São Vicente, geridos pela organização parceira AVSI (Associação Voluntários para o Serviço Internacional) Brasil.
Em São Paulo, o concurso conta com o engajamento de organizações parceiras do ACNUR na divulgação e, dentre estas, a ONG IKMR (I Know My Rights) promoverá uma ação virtual para que as crianças atendidas pela organização possam participar do concurso, com desenhos que representem suas realidades, por meio da linguagem figurativa. O Santos Futebol Clube também promoverá o concurso nas suas escolinhas de futebol e junto às suas equipes.
"Iniciativas como essa fortalecem a convivência pacífica entre pessoas refugiadas e as comunidades que as acolhem. As práticas esportivas ajudam os refugiados a serem integrados na sociedade, fazerem amigos e a desenvolverem um sentimento de pertencimento no novo local. Além disso, essas pessoas trazem consigo experiências, culturas e capacidades diversas de contribuições ao país", afirma Luiz Fernando Godinho, Oficial de Comunicação do ACNUR no Brasil.
"A Alive and Kicking está encantada com esta parceria com o ACNUR por meio do concurso de arte 'Jovens #ComOsRefugiados' e com a fabricação da #BolaDosSonhos. Esta iniciativa vai mostrar fantásticos desenhos de pessoas refugiadas de todo mundo, e também apoiar milhares de jovens a acessar o esporte", afirma Bem Sadler, diretor da empresa.
Por meio de iniciativas como essas, o ACNUR tem buscado inspirar as gerações mais jovens a serem mais inclusivas em relação às pessoas que foram forçadas a deixar suas casas por causa de guerras, conflitos e perseguições. "Os desenhos passarão uma mensagem de resiliência", acredita Foni Joyce Vuni, uma refugiada que integra o Conselho Global de Aconselhamento Jovem do ACNUR e que integrou o júri do concurso no ano passado.
Fonte: ONU Brasil
CEPAL e OIT avaliam o impacto da crise de 2020 nos mercados de trabalho da América Latina e Caribe
Em 2020, o PIB regional registrou uma contração de -7,1%, a maior do último século, que, por sua vez, gerou uma queda no emprego e um aumento na taxa de desocupação. A última atingiu 10,5% em média no ano passado, indicam a CEPAL e a OIT em novo estudo divulgado hoje.
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançaram, nesta segunda-feira (14), a edição Nº 24 da sua publicação conjunta Conjuntura Laboral na América Latina e no Caribe, na qual analisam o efeito da crise provocada pela COVID-19 nos principais indicadores do mercado de trabalho em 2020.
De acordo com o documento, os maiores impactos foram observados no segundo trimestre do ano passado, quando foram implementadas as medidas de confinamento e de contenção da pandemia. Essas medidas produziram uma queda acentuada da atividade econômica, do emprego e das horas de trabalho. Muitos trabalhadores, principalmente os informais, não puderam dar continuidade ao seu trabalho produtivo e tiveram que se retirar do mercado, o que os impediu de gerar renda para suas famílias e de atuar de forma contra cíclica como nas crises anteriores. Da mesma forma, o fechamento de serviços cuidados e das escolas implicou em uma carga de trabalho pesada dentro das residências, que em geral se distribui de forma desigual, sobrecarregando principalmente as mulheres.
A partir do terceiro trimestre do ano, observa-se o retorno dos trabalhadores ao mercado de trabalho e o aumento gradativo do emprego. No entanto, o ano de 2020 terminou com níveis mais baixos de participação e emprego e níveis mais altos de desemprego em comparação com os observados antes da pandemia.
"Dada a profundidade do impacto da crise de 2020 nos mercados de trabalho da região, os países devem implementar políticas que estimulem a criação de empregos, especialmente nos grupos mais vulneráveis como jovens e mulheres", disse a secretária-executiva da CEPAL, Alicia Bárcena, e o diretor-regional da OIT para a América Latina e Caribe, Vinícius Pinheiro, no prefácio do documento. Os dois diretores também destacaram a importância de regulamentar novas formas de contratação por meio de plataformas digitais.
Setores mais afetados - Segundo o relatório, a contração do emprego em 2020 foi muito mais forte em setores como a hotelaria (19,2%), construção (11,7%), comércio (10,8%) e transportes (9,2%), que juntos representam cerca de 40% do emprego regional. Por sua vez, a indústria (8,6%) e outros serviços (7,5%) também registraram retrações, enquanto na agricultura a perda de empregos foi comparativamente menor (2,4%).
Melhores condições - Ambas as agências das Nações Unidas enfatizam que é fundamental pensar em estratégias que permitam lançar as bases para um retorno com melhores condições de trabalho para todos os trabalhadores. Isto implica apoiar a recuperação do emprego nas categorias e setores mais altamente afetados, melhorar os aspectos institucionais relacionados com a saúde e segurança no trabalho, a formalização dos trabalhadores, a promoção da inclusão laboral das mulheres e a regulamentação adequada das novas modalidades de trabalho.
Precarização no ambiente digital - Nesta edição do estudo Conjuntura Laboral na América Latina e no Caribe, a CEPAL e a OIT também examinam os principais aspectos do trabalho decente para os trabalhadores mediado por plataformas digitais. Durante a pandemia, esses trabalhadores foram uma fonte de emprego muito importante devido à necessidade de reduzir os contatos pessoais e manter a distribuição de bens essenciais. No entanto, a evidência sugere que existe uma alta precarização deste tipo de trabalho caracterizado pela instabilidade, por longas jornadas de trabalho, pela ausência de proteção sócio-laboral e pela falta de opções de diálogo e representação.
O relatório destaca a necessidade de desenhar marcos regulatórios adequados para cumprir o objetivo de estabelecer e proteger os direitos sociais e trabalhistas para essas novas formas de trabalho em expansão.
Para ler o estudo completo, acesse aqui
Fonte: ONU Brasil
Trabalhadoras domésticas foram mais afetadas pela crise da COVID-19, aponta novo estudo da OIT
Dez anos após a adoção de uma Convenção histórica da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que confirmou os direitos trabalhistas de trabalhadoras e os trabalhadores domésticos, a categoria profissional ainda luta pelo reconhecimento como trabalhadores e prestadores de serviços essenciais. As condições de trabalho para muitas pessoas não melhoraram em uma década e pioraram com a pandemia da COVID-19, de acordo com um novo relatório da OIT.
No auge da crise, as perdas de empregos entre as trabalhadoras e os trabalhadores domésticos variaram de 5% a 20% na maioria dos países europeus, assim como no Canadá e na África do Sul. Nas Américas, a situação foi pior, com perdas que representaram entre 25% e 50%. No mesmo período, as perdas de empregos entre outros trabalhadores assalariados foram inferiores a 15% na maioria dos países.
Os dados do relatório mostram que 75,6 milhões de trabalhadoras e trabalhadores domésticos em todo o mundo (4,5% das pessoas assalariadas globalmente) sofreram significativamente, o que, por sua vez, afetou as famílias que deles dependem para atender às necessidades diárias de cuidados.
A pandemia da COVID-19 agravou as condições de trabalho que já eram muito precárias, destaca o relatório. Devido à falta de proteção trabalhista e previdenciária pré-existente, a fragilidade diante dos efeitos da pandemia se agravou. Esse é exatamente o caso de mais de 60 milhões de trabalhadoras e trabalhadores domésticos na economia informal.
"A crise colocou em evidência a necessidade premente de formalizar o trabalho doméstico para que quem o exerce tenha acesso a um trabalho decente. É preciso começar por expandir e aplicar a legislação trabalhista e previdenciária de todas as pessoas que realizam o trabalho doméstico ",
Guy Ryder, disse o diretor-geral da OIT
Há uma década, a adoção da histórica Convenção sobre Trabalho Decente para as Trabalhadoras e os Trabalhadores Domésticos, de 2011 (Nº 189) foi saudada como um avanço para dezenas de milhões de pessoas que realizam trabalho doméstico em todo o mundo, a maioria delas mulheres. Desde então, houve algum progresso - com uma redução de mais de 16 pontos percentuais no número de trabalhadoras e trabalhadores domésticos que estão totalmente excluídos do âmbito das leis e regulações trabalhistas.
No entanto, muitas pessoas (36%) permanecem totalmente excluídas das leis trabalhistas, o que aponta para a necessidade urgente de fechar as brechas legais, especialmente na Ásia e no Pacífico e nos Estados Árabes, onde as lacunas são maiores.
Mesmo onde as leis trabalhistas e previdenciárias oferecem cobertura, a principal causa de exclusão e de informalidade continua sendo a falta de fiscalização. De acordo com o relatório, apenas uma em cada cinco pessoas que fazem trabalho doméstico (18,8 %) tem cobertura de seguridade social efetiva em relação ao emprego.
O trabalho doméstico continua sendo um setor dominado pela presença feminina, empregando 57,7 milhões de mulheres, que representam 76,2% das pessoas com esta ocupação. Enquanto as mulheres constituem a maioria da força de trabalho na Europa e na Ásia Central e nas Américas, os homens as superam nos Estados Árabes (63,4%) e no Norte da África, e representam pouco menos da metade de todas as pessoas que realizam trabalho doméstico no Sul da Ásia (42,6%).
A grande maioria das trabalhadoras e dos trabalhadores domésticos está empregada em duas regiões: cerca de metade (38,3 milhões) pode ser encontrada na Ásia e no Pacífico - em grande medida na China - enquanto outra parte (17,6 milhões) está nas Américas.
As trabalhadoras e os trabalhadores domésticos estão mais bem organizados hoje e podem se representar para defender suas opiniões e seus interesses. As suas organizações, bem como as organizações de empregadores do setor de trabalho doméstico, desempenharam um papel fundamental no progresso alcançado até o momento.
- Acesse o relatório completo (em inglês)
FFonte: ONU Brasil
Com apoio da ONU, série sobre migrantes e refugiados estreia no Canal Futura
Pelas ruas de São Paulo, Félix Morales narra a sua experiência, quando em 1998 veio do Peru para trabalhar em torres de energia, em regime análogo ao de escravo. Marry Alnakola é uma jovem aprendendo a ser brasileira. Refugiada da guerra da Síria, ela vendia doces nas ruas de Curitiba. Hoje ela cursa faculdade de direito, depois de ter acesso a cursos de Jovem Aprendiz.
As histórias de vida de pessoas migrantes e refugiadas no Brasil formam a narrativa central de "Ser Brasil – migrantes e refugiados", uma série de 9 episódios documentais, em seis idiomas, com estreia em 20 de junho, Dia Mundial dos Refugiados, na programação nacional do Canal Futura e plataforma CanaisGlobo.
Com formato híbrido de websérie e TV, a série "Ser Brasil- Migrantes e Refugiados" faz parte de um amplo projeto "Proteja o Trabalho", promovido conjuntamente pela Subsecretaria de Inspeção do Trabalho, vinculada à Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Organização Internacional para as Migrações (OIM). O projeto foi desenvolvido com o objetivo de fornecer informações para trabalhadores migrantes e refugiados sobre as medidas adotadas no trabalho e nas relações de trabalho durante a pandemia da COVID-19.
Em 'Ser Brasil', pessoas do Haiti, Peru, Síria, Venezuela e Bolívia compartilham suas histórias e experiências ao buscar no Brasil chances de recomeço e de trabalho decente. Muitas viveram situação de exploração no mundo do trabalho.
Os enredos documentais abordam temas como o trabalho infantil, trabalho análogo ao de escravo e tráfico de pessoas. Também são mostradas experiências de superação e de inserção de migrantes e refugiados em programas de aprendizagem profissional.
Os episódios são de curta duração (3'45" cada). Em cada narrativa, são contadas as histórias das personagens e, ao final, especialistas fornecem orientações sobre direitos e a legislação brasileira, além de canais de ajuda e denúncias.
A linguagem visual da série cruza estéticas do vídeo-documental e da fotografia, em diálogo com o conceito do retrato clássico. A produção da série é da produtora TranseLab, com direção de André Costantin e produção executiva de Daniel Herrera. A série foi produzida com versões em português, espanhol, creole, francês, árabe e inglês.
Programação da Série no Canal Futura:
- Pré-estreia dia 20 de junho, às 17:15hs (maratona com exibição especial dos 9 episódios)
- Exibição semanal dos episódios da Série, a partir de 25 de junho:
- Estreias às sextas, às 21:30hs.
- Reprises aos domingos, 14:30hs; às terças, 2;30hs.
Sobre o projeto Proteja o Trabalho - A pandemia causada pela COVID-19 acarretou a decretação do estado de calamidade pública no Brasil e diversas medidas precisaram ser implementadas, entre elas, algumas relacionadas às leis trabalhistas, no intuito de proteger a população vulnerável no ambiente de trabalho, incluindo os trabalhadores migrantes e refugiados que escolheram o país para trabalhar.
Sendo assim, a Subsecretaria de Inspeção do Trabalho, em parceria com o ACNUR, OIT e OIM, implementou o projeto Proteja o Trabalho, que reúne informações importantes para migrantes e refugiados sobre as medidas adotadas nas relações de trabalho e emprego e que também estão disponíveis nos idiomas português, espanhol, inglês, francês e árabe.
A campanha compreende a página web "Proteja o trabalho" no site do Ministério da Economia e folhetos informativos sobre o BEm, a emissão de carteira de trabalho digital e direitos trabalhistas de trabalhadoras grávidas, entre outros. Os folhetos estão disponíveis na página web. Também foram realizados oito seminários virtuais abrangendo temas como suspensão de contrato de trabalho, inclusão de pessoas com deficiência, combate ao trabalho escravo e trabalho infantil e jovens aprendizes.
Fonte: ONU Brasil
domingo, 13 de junho de 2021
Carta do Chefe Seattle
Em 1854, o presidente dos Estados Unidos fez a uma tribo indígena a proposta de comprar grande parte de suas terras, oferecendo, em contrapartida, a concessão de uma outra "reserva".
O texto da resposta do Chefe Seatlle, tem sido considerado, através dos tempos, um dos mais belos e profundos pronunciamentos já feitos a respeito da defesa do meio ambiente.
Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los?
Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.
Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem – todos pertencem à mesma família.
Portanto, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós.
O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Esta terra é sagrada para nós.
Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.
Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção da terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.
Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.
Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos.
E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.
O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro – o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.
Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir.
Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecer vivos.
O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.
Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem as suas crianças o que ensinamos as nossas que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.
Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.
O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.
Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos – e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível. Ele é o Deus do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e ferí-la é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.
Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnadas do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruída por fios que falam.
Onde está o arvoredo? Desapareceu.
Onde está a águia? Desapareceu.
É o final da vida e o início da sobrevivência.
sábado, 12 de junho de 2021
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