sábado, 4 de junho de 2022

Campanha nacional defende proteção social para erradicação do trabalho infantil



Iniciativa traz versão de "Sementes", de Emicida e Drik Barbosa, com a dupla Palavra Cantada e imagens da animação "O Menino e o Mundo". Foto: © Reprodução.

Para marcar este 12 de junho, Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI) e o Programa de Combate ao Trabalho Infantil e Estímulo à Aprendizagem da Justiça do Trabalho lançam nesta sexta-feira (3) a campanha nacional "Proteção Social para Acabar com o Trabalho Infantil".  A ação busca conscientizar a sociedade sobre a necessidade da ampliação de políticas públicas para redução da pobreza e da vulnerabilidade socioeconômica das famílias, com o objetivo de reduzir as principais causas que levam crianças e adolescentes ao trabalho.

Pelo terceiro ano consecutivo, a campanha recorre à música "Sementes", composta pelos rappers Emicida e Drik Barbosa, que faz um alerta sobre o impacto negativo dessa violação de direitos, que, no Brasil, tem cor e endereço.

"A canção, que alcançou repercussões nacional e internacional, já se tornou o hino da luta contra o trabalho infantil", afirma a coordenadora nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Crianças e do Adolescente (Coordinfância) do MPT, Ana Maria Villa Real.

Crianças e adolescentes têm o direito à saúde, ao lazer, à educação de qualidade, à alimentação, à moradia, à cultura, ao esporte e às convivências comunitária e familiar saudáveis. O trabalho infantil impede a efetivação de seus direitos fundamentais, porque compromete a saúde, a segurança, a frequência e o rendimento escolares, o lazer, a vida em comunidade, bem como os deixa sujeitos a violência, negligência, exploração, crueldade, discriminação e opressão.

Embora tenha ocorrido uma redução significativa do trabalho infantil nas últimas duas décadas, o progresso diminuiu ao longo do tempo e basicamente estagnou entre 2016 e 2020. No início de 2020, 160 milhões de crianças – uma em cada dez crianças de 5 a 17 anos – estavam em situação de trabalho infantil no mundo. Sem estratégias de prevenção e redução, o número de crianças em situação de trabalho infantil poderá aumentar em 8,9 milhões até o final de 2022, devido ao crescimento da pobreza e maior vulnerabilidade trazidos pela pandemia.

No Brasil, cerca de R$ 1,8 milhão de crianças e adolescentes com idades entre 5 e 17 anos estavam em situação de trabalho infantil em 2019, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desses, 706 mil (45,9%) estavam em ocupações consideradas como piores formas de trabalho infantil. No entanto, os números retratam um cenário antes da pandemia, sendo que as estatísticas não consideram pelo menos duas piores formas de trabalho infantil: o trabalho no tráfico de drogas e a exploração sexual de crianças e adolescentes.

Esforços globais – A crise resultante da pandemia da COVID-19 atingiu o mundo do trabalho e causou efeitos devastadores sobre o emprego e a renda das famílias globalmente. O aumento do desemprego, da pobreza, da desproteção social, aliado ao fechamento de escolas, agravaram o risco de aumento do trabalho infantil.

"É urgente a adoção de medidas para acelerar a prevenção e a erradicação do trabalho infantil, a fim de que possamos alcançar a meta 8.7 da Agenda 2030, da qual o Brasil é signatário. No nosso país, o progresso contra essa violação de direitos simplesmente cessou. Antes mesmo da pandemia e de todos os impactos dela decorrentes, o enfrentamento ao trabalho infantil já havia deixado de ser uma prioridade, que precisa ser retomada. Para além do fomento ao trabalho decente e ao acesso à educação de qualidade, o incremento da proteção social para famílias em vulnerabilidade ou risco social é mandatório. Na 5ª Conferência Global sobre a Erradicação do Trabalho Infantil, ocorrida no mês de maio na cidade sul-africana de Durban, as vozes foram uníssonas no sentido de que a eliminação do trabalho infantil exige sim responsabilidades compartilhadas entre governos, famílias, sociedade civil, empresas, representações de trabalhadores e empregadores, mas demanda sobretudo decisão política", destaca Ana Maria Villa Real.

A campanha nacional une-se aos esforços da campanha global da OIT que destaca o impacto positivo dos programas e políticas de proteção social universal para acabar com o trabalho infantil em todo o mundo.  A OIT, juntamente com os seus constituintes tripartites e parceiros, defende um aumento do investimento em sistemas de proteção social para estabelecer pisos de proteção social sólidos e proteger crianças e adolescentes do trabalho infantil.

Proteção- Relatório conjunto da OIT e do Unicef mostra como a proteção social, ao ajudar as famílias a lidar com choques econômicos ou de saúde, reduz o trabalho infantil e facilita a escolarização. O estudo mostra, no entanto, que pouco se fez para garantir que todas crianças usufruam de proteção social. Em todo o mundo, 73,6%, ou cerca de 1,5 bilhão de crianças de 0 a 14 anos, não recebem benefícios em espécie para famílias ou crianças.

"O dia 12 de junho acontece logo após a realização da 5ª Conferência Global sobre a Erradicação do Trabalho Infantil, realizada em Durban na África do Sul, e que contou com uma forte representação brasileira. No documento final da conferência, fica evidente a necessidade de uma ação conjunta urgente para se alcançar a meta 8.7 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que prevê o fim do trabalho infantil até 2025. Dentre as possíveis ações para colocar fim ao trabalho infantil, destaco a importância de sistemas de proteção social robustos que vêm se mostrando muito eficientes em manter crianças e adolescentes fora do trabalho infantil mesmo em períodos de crise.", diz Maria Claudia Falcão, coordenadora do Programa de Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho, no Escritório da OIT no Brasil.

Para a secretária-executiva do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), Katerina Volcov, sensibilizar a sociedade para a proteção social de crianças e adolescentes é fundamental, principalmente no momento em que há um crescimento substancial do trabalho infantil no Brasil.

"Efetivar as leis já existentes de proteção e defesa da infância e adolescência, fiscalizar se estão sendo cumpridas e criar programas intersetoriais que promovam uma infância livre de trabalho infantil são pontos imprescindíveis para que erradiquemos o trabalho infantil no país", acrescenta a representante do FNPETI.

Para o coordenador do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil e Estímulo à Aprendizagem da Justiça do Trabalho, ministro Evandro Valadão, "a erradicação definitiva de todas as formas de trabalho infantil é um compromisso de todos nós, na busca de uma sociedade mais justa e fraterna. O trabalho precoce rouba a infância, negando sonhos e esperanças, perpetuando de forma cruel a desigualdade social e econômica. O dia 12 de junho nos propõe um agir coletivo".

A campanha - Com o slogan "Proteção social para acabar com o trabalho infantil", a campanha conta com um clipe musical em versões para TV e internet, versão de áudio para rádio e programação no Spotfy, posts e cards para redes sociais e banners para sites e portais, peças para mídia exterior e material de apoio para assessoria de imprensa.

Para este ano, a música "Sementes" ganhou nova versão, que contará com a interpretação e novo arranjo musical pela Palavra Cantada, dos músicos Sandra Peres e Paulo Tatit, cujo trabalho voltado ao público infantil, há mais de vinte anos, mescla música, brincadeira e educação.

Além da performance da dupla de músicos, as peças serão ilustradas com imagens de animação do filme "O Menino e o Mundo", com direção de Alê Abreu. A produção, que tem como tema uma realidade muito aderente à luta contra o trabalho infantil, tornou-se mundialmente conhecida ao ser indicada como uma das cinco finalistas ao Oscar de 2016, na categoria melhor longa de animação, concorrendo com produções de grandes estúdios como Disney e Pixar. "O Menino e o Mundo" é a produção audiovisual brasileira mais premiada internacionalmente.

FFonte: 

sexta-feira, 3 de junho de 2022

Requião fará encontro hoje em Curitiba

*É HOJE!*

CONVITE

Dia 03/06 (sexta-feira), teremos o *PRIMEIRO ENCONTRO REQUIÃO EM CURITIBA!*

A concentração será às 16:00h na _Praça Rui Barbosa_, esquina com Rua Westphalen, em frente a Rua da Cidadania, em Curitiba - PR.

A sua presença e de sua família é muito importante! Vamos juntos pelo Paraná e pelo Brasil.

Adicione o número da *Comunicação Requião* em seus grupos.
(41 9663-4927)Requiao

IX Seminário Estadual do Estatuto da Criança e do Adolescente 2022

📍 *IX Seminário Estadual do Estatuto da Criança e do Adolescente*

_A edição deste ano do IX Seminário Estadual do Estatuto da Criança e do Adolescente será realizada na Universidade Estadual de Ponta Grossa com o tema: O protagonismo de crianças e adolescentes no fortalecimento da democracia brasileira._ 

_A abertura será no dia 24 de junho, no Colégio Marista Pio XII, em Ponta Grossa. Os painéis e as oficinas serão no Campus Central da UEPG._

*Saiba mais em nosso site:* https://bit.ly/3xc4fhM

*Inscreva-se por aqui:* https://bit.ly/3NPopEP

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#MandatoTadeuVeneri


segunda-feira, 30 de maio de 2022

Tadeu Veneri se manifesta contra PEC que quer cobrar mensalidade em universidade pública

📍 *A proposta de cobrar mensalidades em universidades públicas brasileiras prevista em Proposta de Emenda Constitucional (PEC) é mais uma daquelas barbaridades que estamos assistindo quase que diariamente desde que se instalou no Brasil um governo que tem como foco a destruição de qualquer possibilidade de acesso da maioria da população à educação, saúde e a todos os direitos básicos previstos na nossa Constituição.*

_Nosso mais eloquente repúdio a essa PEC de autoria do deputado federal General Peternelli (União-SP) que está na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) na Câmara._

_A gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais é garantida pelo artigo 206 da Constituição Federal. É uma conquista de toda a população brasileira que não podemos perder!_

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#MandatoTadeuVeneri
#PEC206NÃO

É preciso falar sobre o Assédio Moral no Serviço Público

📍 _*O problema do assédio moral no serviço público não é exclusividade de um ou outro Estado. Está em todo lugar, especialmente no governo Bolsonaro. Os abusos estimularam a criação do Assediômetro e de um livro que relata a perseguição em órgãos públicos.*_

_Hospedada no site da entidade sem fins lucrativos Arca – Articulação Nacional das Carreiras Públicas para o Desenvolvimento Sustentável, a plataforma já reuniu 1.200 relatos anônimos de 2019, ano de sua criação, até maio deste ano._

_O livro é uma coletânea de artigos de servidores públicos, professores, pesquisadores, advogados, promotores, antropólogos e gestores culturais e contam histórias de perseguição dentro de órgãos públicos. Eles estão reunidos na obra "Assédio Institucional no Brasil: Avanço do Autoritarismo e Desconstrução do Estado", lançada no início do mês._

*Aqui no Paraná, o assédio moral no serviço público tem um projeto de lei de autoria de Tadeu Veneri e está aguardando avaliação da CCJ há tempos. Por que será que este PL está empacado?*

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#MandatoTadeuVeneri
#AssédioMoral

Emir Sader fará palestra pública e gratuita em Foz do Iguaçu

*EMIR SADER EM FOZ |* palestra gratuita e aberta ao público:
*"O Brasil do Século XXI"*

*Considerado um dos cientistas políticos mais influentes da América Latina, Emir Sader é autor, coautor e organizador de dezenas de livros, lançados por editoras nacionais e internacionais. É um pensador comprometido com o país, a soberania nacional e o povo brasileiro.*

*Dia:* 6 de junho (próxima segunda-feira)
*Horário:* 9h
*Local:* Anfiteatro da Unioeste/Foz 

terça-feira, 24 de maio de 2022

Bolsonaro demite presidente da Petrobras

O presidente Jair Bolsonaro demitiu nesta segunda-feira (23) o presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, que estava há 40 dias no cargo, em meio à pressão incessante devido aos aumentos dos preços dos combustíveis.
"O Governo Federal, como acionista controlador da Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras, participa que decidiu promover a alteração da presidência da empresa", anunciou em nota o Ministério de Minas e Energia.
Sem citar os motivos específicos da demissão, o governo agradeceu Coelho por sua gestão e ressaltou que "o Brasil vive atualmente um momento desafiador, decorrente dos efeitos da extrema volatilidade dos hidrocarbonetos nos mercados internacionais", segundo o comunicado.
Como novo presidente, o governo propôs Caio Mário Paes de Andrade, atual secretário de Desburocratização do Ministério da Economia. Os dois presidentes anteriores, Roberto Castello Branco e Joaquim Silva e Luna, também foram demitidos em meio ao aumento dos preços dos combustíveis.






VAI TER GOLPE? (por Frei Betto)


Frei Betto
      Meu pai lutou contra a ditadura de Vargas. Esteve preso e assinou o "Manifesto dos Mineiros", estopim político que detonou o regime de terror implantado pelo caudilho.
      Meu pai, em 1945, acreditou que nunca mais o Brasil seria governado por outra ditadura. A democracia havia recuperado fôlego.
      Em 1962, troquei Belo Horizonte pelo Rio, disposto a me dedicar à política estudantil em âmbito nacional. Jânio Quadros havia sido eleito presidente da República em 1961 e renunciado oito meses depois. Houve breve período de instabilidade política. A Constituição, entretanto, prevaleceu, e João Goulart, vice de Jânio, tomou posse.
      Como candidato, Jânio visitou Cuba em março de 1960 e, poucos dias antes de renunciar, condecorou Che Guevara com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a principal comenda da República. Para os setores conservadores, era mais um sinal de que o país se deslocava da órbita dos EUA para a comunista. De fato, não eram os países socialistas que atraíam o governo de Jango. Era a coalizão dos Não Alinhados que congregava 115 países decididos a ficarem distantes das grandes potências. 
      Tal independência, contudo, foi encarada pela Casa Branca como alinhamento ao comunismo. Na polarização da Guerra Fria entre EUA e a União Soviética, Tio Sam não admitia neutralidade.
      Na política interna, Jango apregoava o óbvio: promover reformas de base, como a agrária, tão necessárias ao Brasil ainda hoje. Movimentos sociais, como as Ligas Camponesas, davam respaldo às intenções do governo. 
      Diante das mobilizações de apoio à política reformista de Jango, a direita brasileira, monitorada pela CIA, como hoje comprovam documentos oficiais, desencadeou articulações para impedir que as estruturas anacrônicas do país, tão convenientes aos interesses dos EUA e à elite agroindustrial, fossem alteradas. O fantasma do comunismo ocupou as manchetes da mídia. Entidades foram fundadas para aglutinar as forças de direita, como o IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática). Havia cheiro de golpe no ar...
      As forças progressistas, no entanto, não tiveram suficiente olfato para captá-lo. Acreditavam que as mobilizações populares, comandadas pela UNE (União Nacional dos Estudantes), a CGT (Comando Geral dos Trabalhadores) e os partidos progressistas e grupos de esquerda (PC, PCdoB, Ação Popular etc.) haveriam de conter qualquer aventura golpista.
      Líderes da esquerda garantiam que Jango estava firmemente respaldado por um fiel "esquema militar". Tinha em mãos o controle da situação. Embora as ruas do país fossem ocupadas pelas Marchas da Família com Deus pela Liberdade, encabeçadas por um sacerdote estadunidense remetido pela CIA ao Brasil, a democracia não sofria ameaça. Oito anos de ditadura de Vargas (1937-1945) haviam imunizado o país do vírus golpista.
      O dilúvio desabou em 1º de abril de 1964. Sem disparar um único tiro, as Forças Armadas derrubaram o governo constitucionalmente eleito, rasgaram a Constituição e disseminaram o regime de terror que cassou políticos e lideranças sociais, prendeu, torturou, assassinou, fez desaparecer e/ou baniu do país militantes de movimentos populares, pastorais, sindicais e políticos. O regime de trevas durou 21 anos!
      Hoje, o Brasil é governado por um cúmplice das milícias que ostensiva e repetidamente ameaça a democracia e promete sabotar as eleições presidenciais de outubro caso as urnas não lhe deem vitória. E, de novo, vozes se levantam em defesa da democracia e asseguram que ela está sólida. São vozes do Judiciário, do Legislativo, da grande mídia, e até de quem admite ter dado, em 2018, seu voto ao neofascista que ocupa o Planalto.
      Enquanto Carolina, com seus olhos fundos,  vê a banda passar e guarda tanta dor, a defesa da democracia se sustenta, até agora, em mera retórica. "Eu já lhe expliquei que não vai dar / seu pranto não vai nada ajudar", pois não há mobilizações populares. Não há ações efetivas do Judiciário, do Legislativo e dos movimentos sociais para acuar o presidente nos demarcados limites da Constituição. O tempo passa na janela e só Carolina não vê. Ninguém sabe o que pensam as Forças Armadas, exceto que não se queixam do "cala boca" de tantas mordomias asseguradas pelo capitão, que lhes abriu o cofre, encastelou milhares de militares nas estruturas de governo e convoca, altissonante, a população a se armar e desconfiar do processo eleitoral. 
      Carolina vai continuar na janela e fazer de conta que não vê? Quem garante, hoje, que Lula será eleito e, se eleito, tomará posse? 
      Frágil não é a democracia brasileira, e sim a nossa capacidade de, como povo, transformar a nossa indignação em mobilização. 
 
Frei Betto é escritor, autor de "O diabo na corte – leitura crítica do Brasil atual" (Cortez), entre outros livros. Livraria virtual: freibetto.org

terça-feira, 17 de maio de 2022

MPT, OIT e ANDI lançam guia para jornalistas sobre trabalho infantil


Publicação apresenta dados, legislações nacionais e internacionais e recomendações que vão auxiliar jornalistas em reportagens sobre o tema. 
Foto: © Divulgação/MPT/OIT/ANDI.

Com objetivo de contribuir em reportagens sobre exploração do trabalho de crianças e de adolescentes, o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a ANDI - Comunicação e Direitos lançaram a publicação "Trabalho Infantil: Guia para a Cobertura Jornalística".

A exploração do trabalho infantil está presente em todos os países do mundo, tanto nas zonas urbanas quanto nas áreas rurais. O déficit de trabalho decente entre os pais, mães ou pessoas provedoras de renda das famílias em situação de pobreza, a insegurança alimentar e nutricional e a falta de acesso aos serviços públicos básicos, como saúde, saneamento e educação, são motivadores comuns do trabalho infantil.

Crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil têm poucas oportunidades de escolha e de desenvolvimento na infância e na adolescência. Ao atingirem a vida adulta, tornam-se, majoritariamente, trabalhadores e trabalhadoras com baixa escolaridade e qualificação, que ficam sujeitos a menores salários e vulneráveis ao risco de aliciamento para condições de trabalho escravo e de outras formas de exploração, perpetuando um círculo vicioso de pobreza.

Segundo dados da PNAD Contínua do IBGE, cerca de 1,8 milhão de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos estavam em situação de trabalho infantil no Brasil em 2019.

Nesse contexto, o objetivo do novo guia é o de contribuir para o trabalho da imprensa em todo o Brasil. O guia oferece uma grande quantidade de informações, de forma simples e técnica, a fim de subsidiar a cobertura jornalística sobre o tema e a denúncia dos casos de trabalho infantil no país. A publicação traz dados estatísticos nacionais, o marco legal com leis brasileiras e convenções internacionais sobre a prevenção e erradicação do trabalho infantil, além de recomendações para jornalistas, controle social e responsabilização, novas abordagens para a pauta, edição consciente e uma pequena biblioteca do trabalho infantil.

Lançamento - A publicação foi lançada em um evento virtual, nesta terça-feira (10), com a participação da coordenadora nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente (Coordinfância) do MPT, Ana Maria Villa Real, da coordenadora de Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho do Escritório da OIT no Brasil, Maria Cláudia Falcão, e da diretora administrativa da ANDI, Ana Potyara. O evento contou, ainda, com as falas da consultora da ANDI, Ana Flávia Flores e da jornalista do Portal UOL, Maria Carolina Trevisan.

Segundo a procuradora do Trabalho Ana Maria Villa Real, "o lançamento desse guia é um convite para que os profissionais de comunicação se somem a todos nós nessa pauta. Esse evento é também de sensibilização, conscientização e desmistificação de alegações permissivas que incentivam o trabalho infantil. Ele é uma violação de direitos que não pode ser concebido ou entendido como uma alternativa à vulnerabilidade socioeconômica. Pelo contrário, o trabalho infantil é uma porta de entrada para todas as violações de direitos humanos".

Para Maria Cláudia Falcão, coordenadora da OIT, a expectativa é que "o guia possa contribuir para qualificar o debate público sobre o trabalho infantil e para o reconhecimento crescente do papel da imprensa na luta contra essa grave violação dos direitos humanos".

ODS - Como estabelece a meta 8.7 dos ODS, o trabalho infantil deve ser erradicado em todas as suas formas em caráter de urgência até 2025, com atenção especial às piores formas de trabalho infantil. Apesar dos avanços registrados em muitas regiões, 160 milhões de crianças e adolescentes continuavam em situação de trabalho infantil em todo o mundo em 2020, de acordo com dados da OIT e do UNICEF. Nesse contexto, o lançamento do guia ocorre em um momento oportuno às vésperas da 5ª Conferência Global sobre Eliminação do Trabalho Infantil, que será realizada de 15 a 20 de maio na África do Sul.

A diretora administrativa da ANDI, Ana Potyara, avalia que "a intenção do guia é ter um conteúdo para que os profissionais das redações possam construir pautas de qualidade, de confiabilidade, em momento de tantas notícias negativas e desqualificadas. Notícias por vezes mentirosas que fortalecem discursos e que defendem, inclusive, o trabalho infantil".

A jornalista do Portal UOL, Maria Carolina Trevisan, compartilhou sua experiência profissional na cobertura do tema de trabalho infantil e detalhou a importância da cobertura de qualidade e com responsabilidade, a partir de itens como: fontes plurais e adequadas à pauta; ir além do factual; abordagem de histórias de vidas, respeitando graus de exposição e vulnerabilidade; dados e indicadores; legislação; contexto histórico e referências.

(Com informações da Assessoria de Comunicação do MPT)