segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Clima: Concentração de gases de efeito estufa na atmosfera atinge recorde


A concentração de gases de efeito estufa que retêm o calor na atmosfera atingiu novo recorde em 2022, aponta boletim da Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgado nesta quarta-feira (15). Pela primeira vez, as concentrações médias globais de dióxido de carbono - o gás de efeito estufa mais importante - estavam 50% acima dos níveis da era pré-industrial. 

A última vez que a Terra experimentou uma concentração comparável de CO₂ foi há 3-5 milhões de anos, quando a temperatura era 2-3°C mais quente e o nível do mar era 10-20 metros mais alto do que agora.

Campanha pela #AmbiçãoClimática.
Legenda: "Apesar de décadas de alertas da comunidade científica, milhares de páginas de relatórios e dezenas de conferências sobre o clima, ainda estamos caminhando na direção errada", ressaltou o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial, Petteri Taalas, durante o lançamento do novo Boletim sobre Gases de Efeito Estufa, em 15 de novembro de 2023.
Foto: © Campanha pela #AmbiçãoClimática.

 

A abundância de gases de efeito estufa que retêm o calor na atmosfera atingiu um novo recorde no ano passado, de acordo com o novo boletim da Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Em 2022, as concentrações médias globais de dióxido de carbono (CO₂), estavam, pela primeira vez, 50% acima da era pré-industrial. Elas continuaram a crescer em 2023.

A taxa de crescimento das concentrações de CO₂ foi ligeiramente inferior à do ano anterior e à média da década, apontou o Boletim sobre Gases de Efeito Estufa da OMM. No entanto, o boletim afirma que isso se deve, muito provavelmente, a variações naturais de curto prazo no ciclo do carbono, e que as novas emissões resultantes de atividades industriais continuaram a aumentar.

As concentrações de metano (CH₄) também aumentaram, e os níveis de óxido nitroso (N₂O), o terceiro principal gás, tiveram o maior aumento anual registrado de 2021 a 2022, de acordo com o Boletim sobre Gases de Efeito Estufa, publicado nesta semana para apoiar as negociações que acontecerāo durante próxima Cúpula Climática da ONU - a COP28, que será realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, entre os dias 30 de novembro e 12 de dezembro. 

"Apesar de décadas de alertas da comunidade científica, milhares de páginas de relatórios e dezenas de conferências sobre o clima, ainda estamos caminhando na direção errada. O nível atual de concentrações de gases de efeito estufa nos coloca no caminho de um aumento nas temperaturas bem acima das metas do Acordo de Paris até o final deste século. Isso será acompanhado por condições climáticas mais extremas, incluindo calor e chuvas intensas, derretimento do gelo, aumento do nível do mar, aquecimento e acidificação dos oceanos. Os custos socioeconômicos e ambientais aumentarão muito. Precisamos reduzir o consumo de combustíveis fósseis com urgência."

- Petteri Taalas, disse o secretário-geral da OMM, 15 de novembro de 2023. 

Pouco menos da metade das emissões de CO₂ permanece na atmosfera. Pouco mais de um quarto é absorvido pelo oceano e cerca de 30% pelos ecossistemas terrestres, como as florestas, embora haja uma variabilidade considerável de ano para ano.

Enquanto as emissões continuarem, o CO₂ continuará a se acumular na atmosfera, levando ao aumento da temperatura global. Dada a longa vida útil do CO₂, o nível de temperatura já observado persistirá por várias décadas, mesmo que as emissões sejam rapidamente reduzidas a zero.

A última vez que a Terra experimentou uma concentração comparável de CO₂ foi há 3-5 milhões de anos, quando a temperatura era 2-3°C mais quente e o nível do mar era 10-20 metros mais alto do que agora.

"Não existe uma varinha mágica para remover o excesso de dióxido de carbono da atmosfera. Mas temos as ferramentas para fortalecer nossa compreensão dos fatores que provocam a mudança climática por meio do novo Observatório Global de Gases de Efeito Estufa da OMM. Isso melhorará muito as observações e o monitoramento contínuos para apoiar metas climáticas mais ambiciosas", explicou Petteri Taalas.

Vigilância global dos gases de efeito estufa

O boletim da OMM dedica sua matéria de capa ao Observatório Global de Gases de Efeito Estufa, que foi estabelecido pelo Congresso Meteorológico Mundial em maio deste ano. Mais de 100 países já participam dessa iniciativa climática global.

Trata-se de um programa ambicioso que prevê o monitoramento contínuo dos gases de efeito estufa, em todas as regiões do planeta Terra. O objetivo é contabilizar as fontes e sumidouros naturais e os relacionados às atividades humanas, em tempo real. O Observatório Global fornecerá informações e suporte vitais para a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a bem menos de 2°C e almejar 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

As estações de monitoramento atualmente conectadas pelo Observatório Global são co-administradas pelos países participantes do programa, e atualmente incluem:  

África

  • Assekrem/Tamanrasset (Argélia)
  • Observatório Atmosférico de Cabo Verde (Cabo Verde)
  • Ilha de Amsterdã (França)
  • Monte Quênia (Quênia)
  • Cape Point (África do Sul)
  • Izaña (Tenerife, Espanha)
  • La Réunion (França)

Ásia

  • Cape Grim (Austrália)
  • Mt. Waliguan (China)
  • Bukit Kototabang (Indonésia)
  • Minamitorishima (Japão)
  • Danum Valley (Malásia)
  • Observatório do Nepal - Pyramid (Nepal)
  • Lauder (Nova Zelândia)
  • Mauna Loa (Estados Unidos)
  • Samoa (Estados Unidos)

América do Sul

  • Ushuaia (Argentina)

América do Norte/Central

  • Alert (Canadá)
  • Barrow (Estados Unidos)

Europa

  • Pallas/Sodankylä (Finlândia)
  • Zugspitze/ Hohenpeissenberg (Alemanha)
  • Mace Head (Irlanda)
  • Monte Cimone (Itália)
  • Ny Ålesund/Montanha Zeppelin (Noruega)
  • Jungfraujoch (Suíça)
  • Puy de Dôme (França)
  • Sonnblick (Áustria)

Antártica

  • Neumayer (Alemanha)
  • South Pole (Estados Unidos)
  • Halley (Reino Unido)

Estaçāo do Observatório Global sobre Gases de Efeito Estufa de Neumayer, na Antártica

Legenda: Estaçāo de Neumayer do Observatório Global sobre Gases de Efeito Estufa, na Antártica. As estações globais têm o programa de medição conjunto mais abrangente. Em muitos casos, as estações são apoiadas por mais de uma agência, têm um sólido programa de apoio científico e oferecem instalações para campanhas intensivas. A estação de Neumayer é administrada pela agência meteorológica da Alemanha.
Foto: © OMM.

Embora a comunidade científica tenha um amplo entendimento da mudança climática e de suas implicações, ainda há algumas incertezas sobre o ciclo do carbono e os fluxos no oceano, na biosfera terrestre e nas áreas de permafrost.

"Essas incertezas, no entanto, não devem impedir a ação. Em vez disso, elas destacam a necessidade de estratégias flexíveis e adaptativas e a importância do gerenciamento de riscos no caminho para o zero líquido e a realização das metas do Acordo de Paris. O fornecimento de dados precisos, oportunos e acionáveis sobre os fluxos de gases de efeito estufa se torna mais crítico", ressalta o novo boletim da OMM. 

O boletim cita a necessidade de mais informações sobre:

  • Mecanismos de feedback: O sistema climático da Terra tem vários ciclos de feedback, por exemplo, o aumento das emissões de carbono dos solos ou a diminuição da absorção de carbono pelos oceanos devido à mudança climática, conforme ilustrado pela Europa nas secas de 2018 e 2022.
  • Pontos de inflexão: O sistema climático pode estar próximo dos chamados "pontos de inflexão", em que um determinado nível de mudança leva a uma cascata de mudanças aceleradas e potencialmente irreversíveis. Os exemplos incluem a possível extinção rápida da Floresta Amazônica, a desaceleração da circulação oceânica do norte ou a desestabilização de grandes camadas de gelo.
  • Variabilidade natural: Os três principais gases de efeito estufa têm uma variabilidade substancial impulsionada por processos naturais sobrepostos ao sinal antropogênico (por exemplo, impulsionados pelo El Niño). Essa variabilidade pode amplificar ou atenuar as mudanças observadas em períodos curtos.
  • Gases de efeito estufa não CO₂: A mudança climática são impulsionada por vários gases de efeito estufa, não apenas pelo CO₂.  Esses gases têm diferentes tempos de vida na atmosfera, maior potencial de aquecimento global do que o CO₂ e emissões futuras incertas.

O Observatório Global de Gases de Efeito Estufa tem previsão de entrar em pleno funcionamento antes de 2028.

Concentrações de gases de efeito estufa em 2022

O Índice Anual de Gases de Efeito Estufa da Agência Estadunidense para Assuntos Oceânicos e Atmosféricos (NOAA) mostra que, de 1990 a 2022, o efeito de aquecimento em nosso clima - chamado de forçamento radiativo - por gases de efeito estufa de longa duração aumentou 49%, sendo o CO₂ responsável por cerca de 78% desse aumento.  

O dióxido de carbono é o gás de efeito estufa mais importante na atmosfera, sendo responsável por aproximadamente 64% do efeito de aquecimento no clima, principalmente devido à combustão de combustíveis fósseis e à produção de cimento.

O aumento de 2,2 partes por milhão (ppm) na média anual de 2021 a 2022 foi um pouco menor do que o de 2020 a 2021 e o da última década (2,46 ppm por ano). O motivo mais provável é o aumento da absorção de CO₂ atmosférico pelos ecossistemas terrestres e pelo oceano após vários anos com um evento La Niña. O desenvolvimento de um evento El Niño em 2023 pode, portanto, ter consequências para as concentrações de gases de efeito estufa.

O metano (CH₄) é um poderoso gás de efeito estufa que permanece na atmosfera por cerca de uma década. O metano é responsável por cerca de 19% do efeito de aquecimento dos gases de efeito estufa de longa duração.

Aproximadamente 40% do metano é emitido para a atmosfera por fontes naturais (por exemplo, áreas úmidas e cupins), e cerca de 60% vem de fontes antropogênicas (por exemplo, ruminantes, agricultura de arroz, exploração de combustíveis fósseis, aterros sanitários e queima de biomassa).

O aumento de 2021 a 2022 foi um pouco menor do que a taxa recorde observada de 2020 a 2021, mas consideravelmente maior do que a taxa média de crescimento anual na última década.

O óxido nitroso (N₂O) é um poderoso gás de efeito estufa e um produto químico que destrói a camada de ozônio. Ele é responsável por cerca de 7% da força radiativa dos gases de efeito estufa de longa duração.

O N₂O é emitido na atmosfera tanto por fontes naturais (aproximadamente 60%) quanto por fontes antropogênicas (aproximadamente 40%), incluindo oceanos, solos, queima de biomassa, uso de fertilizantes e vários processos industriais.

Para o N₂O, o aumento de 2021 a 2022 foi maior do que o observado em qualquer momento anterior em nosso registro de tempo moderno.

Tabela 1. Abundância média anual global na superfície (2022) e tendências dos principais gases de efeito estufa da rede observacional in-situ da OMM. As unidades são frações molares de ar seco, e as incertezas são limites de confiança de 68%.
 

 

CO₂

CH₄

N₂O

2022

417.9 ±0.2 ppm

1923 ±2 ppb

335.8 ±0.1ppb

2022

150%

264%

124%

2022 - 22

2.2pm

16ppb

1.4.ppb

2021-22

0.53% 

0.84%

0.42%

Aumento médio anual absoluto ao longo dos últimos 10 anos.

2.46ppm/ano

10.2 ppb/ano

1.05 ppb/ano

Notas para editores: 

O Programa de Vigilância Global da OMM coordena observações e análises sistemáticas de gases de efeito estufa e outros constituintes atmosféricos. Os dados de medição de gases de efeito estufa são arquivados e distribuídos pelo Centro Mundial de Dados de Gases de Efeito Estufa (WDCGG) da Agência Meteorológica do Japão.

Um relatório separado e complementar sobre a Lacuna de Emissões do Programa da ONU para o Meio Ambiente será divulgado em 20 de novembro. O relatório avalia os estudos científicos mais recentes sobre as emissões atuais e futuras estimadas de gases de efeito estufa; eles comparam esses dados com os níveis de emissão permitidos para que o mundo avance em um caminho de menor custo para atingir as metas do Acordo de Paris. Essa diferença entre "onde provavelmente estaremos e onde precisamos estar" é conhecida como lacuna de emissões.



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Presidente Lula deseja boa sorte a Milei

O nosso presidente Lula (PT) reconheceu neste domingo (19) a vitória do ultraliberal Javier Milei na Argentina. Numa publicação no X (antigo Twitter), o presidente brasileiro não citou o nome de Milei, mas desejou boa sorte ao novo governo.


Sérgio Moro comemorou vitória de Milei na Argentina

O ex juiz e senador paranaense Sérgio Moro comemorou vitória de candidato de ultra direita Javier Milei, na Argentina. Moro publicou no Instagram um post alusivo. 

Isso deixa claro do posicionamento do senador apoiando o extremismo, em suma, um candidato que prometeu acabar com o Banco Central Argentino, que quer dolarizar a economia e diz conversar com o espírito de um cachorro morto.

Data da posse presidente da Argentina

Milei toma posse como presidente da Argentina no dia 10 de dezembro de 2023.  O novo presidente eleito é de extrema direita.

Afrouxou a tanga: Milei diz que retomada plena da Argentina pode levar décadas

Afrouxou a tanga: Milei diz que retomada plena da Argentina pode levar décadas durante o seu discurso pós-vitória sobre o peronista Sérgio Massa.

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

EVENTO | Café com BRICS: O que está em jogo na COP28?


EVENTO | Café com BRICS e Lançamento de publicação
 

A Ong FASE e a Plataforma Socioambiental do BRICS Policy Center convidam para o evento "O que está em jogo na COP 28" e o lançamento da publicação "Zero Emissões Líquidas não é Zero", com realização da FASE e apoio da Fundação Heinrich Böll Brasil e Ford Foundation. Exemplares serão distribuídos ao público!


O evento acontece no dia 14/11 às 16h, durante o Café com BRICS na sede do BRICS Policy Center, em Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Também contaremos com transmissão simultânea via Zoom para aqueles que estejam fora do Rio de Janeiro. Faça a sua inscrição pelo formulário: bit.ly/cafecombrics 


O #cafécomBRICS é um espaço de diálogo regular, dedicado a reunir diferentes setores da sociedade para discutir sobre assuntos relacionados aos países BRICS e à governança internacional, a partir de um olhar socioambiental. Esse é um projeto da Plataforma Socioambiental, realizado com apoio do Instituto Clima e Sociedade.


quinta-feira, 9 de novembro de 2023

PORTEIRA ABERTA: Venha conhecer a sede da SOS Mata Atlântica



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Brasil e FAO iniciam novo ciclo de cooperação internacional em alimentação escolar na América Latina e no Caribe


Com 80 milhões de estudantes latino-americanos e caribenhos beneficiados durante 14 anos de execução na região, parceria entre Brasil e FAO inicia nova etapa.

Marcando a renovaçāo da parceria, o evento "A alimentação escolar na América Latina e no Caribe: trajetória e perspectivas" apresentará os resultados e impactos da cooperação internacional em alimentação escolar. 

O evento internacional será realizado nos dias 13 e 14 de novembro em Brasília, no auditório da Câmara dos Deputados.

O Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO impulsiona a política de alimentação escolar, a partir da perspectiva do direito humano à alimentação adequada.
Legenda: O Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO impulsiona a política de alimentação escolar, a partir da perspectiva do direito humano à alimentação adequada.
Foto: © Vanessa Olarte/FAO.

A cooperação internacional brasileira em alimentação escolar é, há 14 anos, prioridade da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), no âmbito da parceria com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) para a América Latina e o Caribe.

As diversas ações de cooperação em alimentação escolar são inspiradas no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que contribui para o compromisso do Brasil com a erradicação da fome e a promoção da segurança alimentar e nutricional, por meio da alimentação escolar.

O Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO impulsiona a política de alimentação escolar, a partir da perspectiva do direito humano à alimentação adequada, e já beneficiou mais de 80 milhões de estudantes latino-americanos e caribenhos.

Com apoio da cooperação, seis países - Bolívia, Equador, Guatemala, Honduras, Panamá e Paraguai - aprovaram suas leis de alimentação escolar, seguindo o exemplo do Brasil.

Além disso, mais de 30 mil profissionais de diversos países foram capacitados por meio de numerosas ações presenciais e virtuais; mais de nove mil agricultores familiares da região foram incorporados aos programas de alimentação escolar, a partir da inclusão da compra de sua produção para esses programas.

A metodologia Escolas Sustentáveis, fruto dessa cooperação, foi adotada por 23 mil escolas da América Latina e do Caribe, promovendo a cobertura universal da alimentação escolar, hábitos saudáveis, implementação de ações de educação alimentar e nutricional e consumo de alimentos frescos da agricultura familiar.

O processo proposto pela metodologia envolve a articulação regional ao reunir gestores públicos de vários níveis de governo, diretores de escolas, nutricionistas e diferentes profissionais da comunidade escolar dos países da região que se envolveram nesta cooperação.

Evento: "A alimentação escolar na América Latina e no Caribe: trajetória e perspectivas"

Com o objetivo de apresentar os resultados e impactos da cooperação internacional nesse tema, a ABC, o FNDE e a FAO realizam, nos dias 13 e 14 de novembro, o evento internacional "A alimentação escolar na América Latina e no Caribe: trajetória e perspectivas".

O encontro será no auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, em Brasília, com a participação de representantes de governos de 21 países da região, entre eles, diretores de programas de alimentação escolar, vice-ministros de educação e técnicos.

Um balanço das atividades e conquistas dessa soma de esforços internacionais será apresentado, além de promover o diálogo entre os países sobre os próximos passos na região, com a ampliação das atividades e de países que integram a Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES).

Rede de Alimentação Escolar Sustentável

A Rede, criada em 2018 pelo governo do Brasil com o apoio da FAO, conta atualmente com 21 países. O objetivo é apoiar os países da América Latina e do Caribe na implementação e reformulação de programas de alimentação escolar, na perspectiva do acesso e da garantia do direito humano à alimentação adequada. A iniciativa visa contribuir, ainda, para o alcance das metas da Década de Ação das Nações Unidas sobre a Nutrição (2016-2025) e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Combate à fome e à má nutrição

A alimentação escolar é uma política pública estratégica no combate à insegurança alimentar e nutricional no mundo. Na América Latina e no Caribe, há cerca de 170 milhões de estudantes. Dados da FAO, de 2022, indicam que o atraso no crescimento infantil afeta 5,7 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade na região (11,5%). Além disso, vale recordar que é especialmente prevalente entre crianças cujas mães pertencem à camada de rendimento mais baixa e não receberam educação formal. Similarmente, o excesso de peso afeta 4,2 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade (8,6%), equivalente a 3 pontos percentuais acima da média global.

Com esse cenário, os programas de alimentação escolar oferecem benefícios tais como a melhoria da nutrição e da saúde de milhões de crianças, adolescentes e jovens; a redução da ausência escolar, frequente em crianças provenientes de famílias mais vulneráveis; e a garantia de melhores condições de desenvolvimento cognitivo. Além disso, as políticas de alimentação escolar, associadas às compras locais da agricultura familiar, terão papel central na proposta brasileira de discutir, no âmbito do G20 em 2024, a criação de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.

Coalizão Global para Alimentação Escolar 

O Brasil atua agora como copresidente da Coalizão Global para Alimentação Escolar, ao lado de França e Finlândia. O anúncio foi feito na primeira Reunião Global da Coalizão para a Alimentação Escolar, nos dias 18 e 19 de outubro último, em Paris, na França.

A colaboração do Brasil com a FAO foi destaque no encontro, tendo sido ressaltada a parceria que culminou na criação da RAES. Por meio desse trabalho, mais de 20 países da região têm tido a oportunidade de aprofundar conhecimentos e trocas de experiências. A proposta do Brasil é a criação de uma nova iniciativa sob a Coalizão, centrada na cooperação internacional, área em que se notabiliza.

Para o governo federal, a criação da RAES deve contribuir para o desenvolvimento futuro de colaborações regionais no que diz respeito à Coalizão para a alimentação escolar. O compromisso assumido é a luta pela erradicação da fome e a promoção da segurança alimentar em todo o mundo, com foco na alimentação escolar. Como copresidente da Coalizão, ao lado de França e Finlândia, o Brasil tem como objetivo alcançar a meta global de garantir que todas as 724 milhões de crianças em escolas primárias no mundo recebam refeições escolares saudáveis até 2030.



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Governos planejam produzir o dobro de combustíveis fósseis em 2030 do que o limite de aquecimento de 1,5°C permite

Relatório publicado nesta quarta-feira (8) revela que os governos planejam produzir cerca de 110% mais combustíveis fósseis em 2030 do que seria compatível com a limitação do aquecimento a 1,5°C. 

Isso acontece em um contexto em que as emissões globais de dióxido de carbono — quase 90% das quais são provenientes de combustíveis fósseis — aumentaram para níveis recordes em 2021-2022. 

Ondas de calor mortais, secas, incêndios florestais, tempestades e inundações custam cada vez mais vidas e meios de subsistência, deixando claro que a mudança climática induzida pelo homem está causando efeitos devastadores para as pessoas, comunidades e a economia, em todo o mundo. 


O Relatório sobre a Lacuna de Produção — publicado pela primeira vez em 2019 — acompanha a discrepância entre a produção de combustíveis fósseis planejada pelos governos e os níveis de produção global compatíveis com a limitação do aquecimento a 1,5°C ou 2°C.

Legenda: O Relatório sobre a Lacuna de Produção — publicado pela primeira vez em 2019 — acompanha a discrepância entre a produção de combustíveis fósseis planejada pelos governos e os níveis de produção global compatíveis com a limitação do aquecimento a 1,5°C ou 2°C.
Foto: © Divulgação.

Relatório global publicado hoje revela que os governos planejam produzir cerca de 110% mais combustíveis fósseis em 2030 do que seria compatível com a limitação do aquecimento a 1,5°C, e 69% mais do que seria compatível com 2°C.

Isso ocorre apesar de 151 governos nacionais terem se comprometido a atingir emissões líquidas zero e das últimas previsões, que sugerem que a demanda global de carvão, petróleo e gás atingirá o pico nesta década, mesmo sem novas políticas.

Quando combinados, os planos governamentais levariam a um aumento na produção global de carvão até 2030 e na produção global de petróleo e gás até pelo menos 2050, criando uma lacuna cada vez maior na produção de combustíveis fósseis ao longo do tempo.  

As principais conclusões do relatório são:  

  • Considerando os riscos e as incertezas da captura e do armazenamento de carbono e da remoção de dióxido de carbono, os países devem ter como meta a eliminação quase total da produção e do uso de carvão até 2040, e uma redução combinada da produção e do uso de petróleo e gás em três quartos até 2050, no mínimo, em relação aos níveis de 2020.
  • Embora 17 dos 20 países apresentados tenham se comprometido a atingir emissões líquidas zero - e muitos tenham lançado medidas para reduzir as emissões das atividades de produção de combustíveis fósseis - nenhum deles se comprometeu a reduzir a produção de carvão, petróleo e gás de acordo com a limitação do aquecimento a 1,5°C.
  • Os governos com maior capacidade de fazer a transição dos combustíveis fósseis devem buscar reduções mais ambiciosas e ajudar a apoiar os processos de transição em países com recursos limitados.

O Relatório sobre a Lacuna de Produção 2023, intitulado "Redução ou aumento gradual? Os principais produtores de combustíveis fósseis planejam ainda mais extração, apesar das promessas climáticas", é produzido pelo Instituto Ambiental de Estocolmo (SEI), Climate Analytics, E3G, Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Ele avalia a produção planejada e projetada de carvão, petróleo e gás dos governos em relação aos níveis globais compatíveis com a meta de temperatura do Acordo de Paris.

"Os governos estão literalmente dobrando a produção de combustíveis fósseis, o que significa um problema duplo para as pessoas e o planeta", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmando que: 

"Não podemos enfrentar a catástrofe climática sem atacar sua causa principal: a dependência dos combustíveis fósseis. A COP28 deve enviar um sinal claro de que a era do combustível fóssil está sem gás - que seu fim é inevitável. Precisamos de compromissos confiáveis para aumentar as energias renováveis, eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e aumentar a eficiência energética, garantindo ao mesmo tempo uma transição justa e equitativa."

Em todo o mundo, ondas de calor mortais, secas, incêndios florestais, tempestades e inundações estão custando vidas e meios de subsistência, deixando claro que a mudança climática induzida pelo homem está aqui. As emissões globais de dióxido de carbono — quase 90% das quais são provenientes de combustíveis fósseis — aumentaram para níveis recordes em 2021-2022.
Legenda: Em todo o mundo, ondas de calor mortais, secas, incêndios florestais, tempestades e inundações estão custando vidas e meios de subsistência, deixando claro que a mudança climática induzida pelo homem está aqui.
Foto: © Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA).

Julho de 2023 foi o mês mais quente já registrado e, muito provavelmente, o mais quente dos últimos 120 mil anos, de acordo com os cientistas. Em todo o mundo, ondas de calor mortais, secas, incêndios florestais, tempestades e inundações estão custando vidas e meios de subsistência, deixando claro que a mudança climática induzida pelo homem está aqui. As emissões globais de dióxido de carbono — quase 90% das quais são provenientes de combustíveis fósseis — aumentaram para níveis recordes em 2021-2022.

"Os planos dos governos para expandir a produção de combustíveis fósseis estão prejudicando a transição energética necessária para atingir emissões líquidas zero, colocando em dúvida o futuro da humanidade", disse Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA, acrescentando que: 

"Alimentar as economias com energia limpa e eficiente é a única maneira de acabar com a pobreza energética e reduzir as emissões ao mesmo tempo. A partir da COP28, as nações devem se unir em prol de uma eliminação gradual gerenciada e equitativa do carvão, do petróleo e do gás, para suavizar a turbulência que está por vir e beneficiar todas as pessoas do planeta".

Relatório sobre a Lacuna de Produção 2023 apresenta uma análise recentemente ampliada de 20 perfis de países considerados grandes produtores de combustíveis fósseis: Austrália, Brasil, Canadá, China, Colômbia, Alemanha, Índia, Indonésia, Cazaquistão, Kuwait, México, Nigéria, Noruega, Catar, Federação Russa, Arábia Saudita, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte e Estados Unidos da América. Esses perfis mostram que a maioria desses governos continua a manter políticas e apoio financeiro significativos para a produção de combustíveis fósseis.

"Descobrimos que muitos governos estão promovendo o gás fóssil como um combustível essencial para a 'transição', mas sem planos aparentes de abandoná-lo mais tarde", diz Ploy Achakulwisut, um dos principais autores do relatório e cientista do SEI. 

"Mas a ciência diz que devemos começar a reduzir a produção e o uso global de carvão, petróleo e gás agora – juntamente com o aumento da energia limpa, a redução das emissões de metano de todas as fontes e outras ações climáticas – para manter viva a meta de 1,5°C."

A despeito de serem a causa principal da crise climática, os combustíveis fósseis permanecem em grande parte ausentes das negociações internacionais sobre o clima até os últimos anos. Na COP26, realizada no final de 2021, os governos se comprometeram a acelerar os esforços para "a redução gradual da energia a carvão e a eliminação gradual dos subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis", embora não tenham concordado em abordar a produção de todos os combustíveis fósseis.

"A COP28 pode ser o momento crucial em que os governos finalmente se comprometam com a eliminação gradual de todos os combustíveis fósseis e reconheçam o papel que os produtores têm a desempenhar na facilitação de uma transição gerenciada e equitativa", diz Michael Lazarus, um dos principais autores do relatório e diretor do Centro do SEI nos EUA. 

"Os governos com maior capacidade de fazer a transição da produção de combustíveis fósseis têm a maior responsabilidade de fazê-lo, ao mesmo tempo em que fornecem financiamento e apoio para ajudar outros países a fazer o mesmo."

Mais de 80 pesquisadores, de mais de 30 países, contribuíram para a análise e revisão, abrangendo várias universidades, think tanks e outras organizações de pesquisa.

Reações ao Relatório sobre a Lacuna de Produção 2023

"Os prognósticos estão desfavoráveis para os combustíveis fósseis. Até a metade do século, precisamos ter relegado o carvão aos livros de história e reduzido a produção de petróleo e gás em pelo menos três quartos - bem no caminho para uma eliminação total dos fósseis. No entanto, apesar de suas promessas climáticas, os governos planejam investir ainda mais dinheiro em um setor sujo e moribundo, enquanto as oportunidades são abundantes em um setor de energia limpa em expansão. Além da insanidade econômica, esse é um desastre climático criado por nós mesmos."

– Neil Grant, analista de clima e energia do Climate Analytics

"Apesar de governos de todo o mundo terem se comprometido com metas ambiciosas de net zero, a produção global de carvão, petróleo e gás ainda está aumentando, enquanto as reduções planejadas não são nem de longe suficientes para evitar os piores efeitos das mudanças climáticas. Esse abismo cada vez maior entre a retórica dos governos e suas ações não está apenas minando sua autoridade, mas também aumentando o risco para todos nós. Nesta década, já estamos no caminho para produzir 460% mais carvão, 82% mais gás e 29% mais petróleo do que seria compatível com a meta de aquecimento de 1,5°C. Antes da COP28, os governos devem procurar aumentar drasticamente a transparência sobre como atingirão as metas de emissões e adotar medidas legalmente vinculantes para apoiar esses objetivos."

 Angela Picciariello, pesquisadora sênior do IISD

"Com a demanda por carvão, petróleo e gás prestes a atingir o pico nesta década, mesmo sem políticas adicionais, está claro que a nova realidade econômica está se tornando uma de crescimento de energia limpa e declínio de combustíveis fósseis. No entanto, os governos não estão conseguindo planejar a realidade da inevitável transição energética. A continuidade dos investimentos na produção de novos combustíveis fósseis à medida que a demanda global por carvão, petróleo e gás diminui é uma aposta econômica de curto prazo para todos, exceto para os produtores mais baratos. E os danos climáticos serão agravados ainda mais se não interrompermos a expansão dos combustíveis fósseis agora. Chegou a hora de os governos assumirem o controle da transição da energia limpa e alinharem suas políticas com a realidade do que é necessário para um mundo seguro para o clima."

– Katrine Petersen, consultora sênior de políticas da E3G

Notas aos editores

Sobre o Relatório sobre a Lacuna de Produção:
Modelado de acordo com a série de Relatórios sobre a Lacuna de Emissões do PNUMA — e concebido como uma análise complementar — esse relatório revela a grande discrepância entre a produção de combustíveis fósseis planejada pelos países e os níveis de produção global compatíveis com a limitação do aquecimento a 1,5°C e 2°C.

Sobre o Instituto Ambiental de Estocolmo:
O Instituto Ambiental de Estocolmo é um instituto de pesquisa internacional e independente que há mais de 25 anos se dedica a questões de meio ambiente e desenvolvimento em níveis de política local, nacional, regional e global. O SEI apoia a tomada de decisões para o desenvolvimento sustentável, unindo ciência e política.  

Sobre o Climate Analytics:
O Climate Analytics é um instituto global de ciência e política climática engajado em todo o mundo na condução e no apoio a ações climáticas alinhadas ao limite de aquecimento de 1,5°C. Conectamos ciência e política para capacitar países vulneráveis em negociações climáticas internacionais e informar o planejamento nacional com pesquisa, análise e suporte direcionados.

Sobre o E3G:
E3G é um think tank europeu independente sobre mudanças climáticas que acelera a transição para um mundo seguro para o clima. O E3G é formado por estrategistas líderes mundiais na economia política das mudanças climáticas, dedicados a alcançar um clima seguro para todos. O E3G constrói coalizões intersetoriais para alcançar resultados cuidadosamente definidos, escolhidos por sua capacidade de alavancar mudanças. O E3G trabalha em estreita colaboração com parceiros com ideias semelhantes no governo, na política, nos negócios, na sociedade civil, na ciência, na mídia, nas fundações de interesse público e em outros lugares. O E3G está tornando possível o necessário.

Sobre o Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável :
Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD) é um think tank independente e premiado que defende soluções baseadas em pesquisas para os maiores desafios ambientais do mundo. Nossa visão é um mundo equilibrado onde as pessoas e o planeta prosperam; nossa missão é acelerar a transição global para água limpa, economias justas e um clima estável. Com escritórios em Winnipeg, Genebra, Ottawa e Toronto, nosso trabalho afeta vidas em quase 100 países. 

Sobre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA):
PNUMA é a principal voz global sobre o meio ambiente. Ele oferece liderança e incentiva a parceria no cuidado com o meio ambiente, inspirando, informando e capacitando nações e povos a melhorar sua qualidade de vida sem comprometer a das gerações futuras.  


Sistema das Nações Unidas no Brasil

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