2 de junho de 2025
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) surpreendeu o mundo ao lançar, em maio de 2025, uma nova versão do mapa-múndi que rompe com convenções cartográficas tradicionais. O chamado "Mapa-Múndi Invertido" coloca o Brasil no centro do mundo e o hemisfério Sul no topo, desafiando a visão eurocêntrica historicamente dominante na cartografia global [1].
Uma Nova Visão de Mundo
Segundo o presidente do IBGE, Márcio Pochmann, o novo mapa busca ressaltar o protagonismo do Brasil em fóruns internacionais como o BRICS, o Mercosul e a COP30, que será sediada em Belém, no Pará. "A novidade estimula a reflexão sobre como nos vemos nesse novo mundo em que as transformações ocorrem mais rapidamente e exigem um protagonismo brasileiro ainda maior", afirmou Pochmann [1].
Além do Brasil, o mapa destaca países do Sul Global, como os membros do BRICS, as nações de língua portuguesa e os territórios que compõem o bioma amazônico. Cidades brasileiras com papel estratégico também ganham destaque: Rio de Janeiro como capital dos BRICS, Belém como sede da COP30 e Fortaleza, no Ceará, como anfitriã do Triplo Fórum Internacional da Governança do Sul Global [2].
Sul no Topo: Uma Escolha Política e Simbólica
A inversão do mapa, com o Sul no topo, não é um erro técnico, mas uma escolha deliberada. A diretora de Geociências do IBGE, Maria do Carmo Dias Bueno, explicou que os pontos cardeais são convenções e que a nova orientação visa questionar os vieses simbólicos e políticos da cartografia tradicional. "Mapas são representações do mundo real, e essa representação também expressa valores, visões de mundo e projetos", afirmou [2].
Estudos apontam que a disposição tradicional — com o Norte no topo — reforça percepções de superioridade associadas à Europa e América do Norte, enquanto o Sul é frequentemente associado à pobreza e subdesenvolvimento. A nova proposta do IBGE busca desconstruir essa hierarquia simbólica e promover uma visão mais equitativa do mundo.
Repercussão e Críticas
O lançamento do mapa ocorre em meio a tensões internas no IBGE. Mais de 600 servidores assinaram uma carta aberta criticando a gestão de Pochmann, acusando-o de autoritarismo e de comprometer a credibilidade técnica do órgão. Apesar disso, o governo federal tem defendido sua liderança, destacando a importância do novo posicionamento geopolítico do Brasil [1].
Reflexão Global
O mapa-múndi invertido do IBGE não é apenas uma peça cartográfica — é um manifesto visual. Ele convida o mundo a repensar suas referências espaciais, políticas e culturais. Em um momento em que o Brasil assume papéis centrais em debates globais sobre clima, economia e governança, o novo mapa simboliza uma tentativa de reposicionar o país no imaginário mundial.
Referências:
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