segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Sistema global de rastreamento de metano da ONU está pronto para transformar a revolução de dados em ação climática

Utilizando alta tecnologia, o Sistema de Alerta e Resposta ao Metano revela os primeiros dados públicos e prova um enorme potencial para reduzir as emissões e impulsionar a ação climática.

1.500 plumas de metano foram identificadas no primeiro ano, 127 foram notificadas às autoridades em quatro continentes e há exemplos de ações concretas em campo.

Número de empresas de petróleo e gás que se comprometem a medir e reduzir com credibilidade as emissões de metano dobra para 120, representando quase 40% da produção global.

O trabalho para preencher as lacunas de informação global inclui o Índice de Fornecimento de Metano para permitir que as autoridades identifiquem a pegada de fornecimento e as primeiras campanhas de medição de metano na África Subsaariana e no Oriente Médio.


As emissões de animais — provenientes de esterco e liberações gastroentéricas — são responsáveis por cerca de 32% das emissões de metano causadas pelo ser humano.

Legenda: As emissões de animais — provenientes de esterco e liberações gastroentéricas — são responsáveis por cerca de 32% das emissões de metano causadas por atividades antropogênicas.
Foto: © Toa55/Akaratwimages.

Dados de alta tecnologia, acessíveis e confiáveis, que informam países, empresas e o público sobre as emissões, podem revolucionar os sistemas de monitoramento, acelerar a ação climática e responsabilizar os poluidores, de acordo com um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Lançado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP28) em Dubai, De olho no metano: o caminho para a transparência radical destaca como a combinação de tecnologia pioneira e o poder de convocação da ONU pode preencher grandes lacunas de conhecimento sobre emissões de metano e desencadear ações na escala e velocidade necessárias para cumprir promessas climáticas essenciais.

"Como o metano é tão poderoso, mas tem uma vida na atmosfera muito mais curta do que o dióxido de carbono, reduzir as emissões agora é crítico para limitar as temperaturas globais na próxima década, e antes de cruzarmos pontos de inflexão globais irreversíveis, para evitar uma catástrofe climática. Sem dupla ação sobre metano e dióxido de carbono, não há caminho viável para a estabilidade climática".

- Inger Andersen, diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

Lançado por meio do Observatório Internacional de Emissões de Metano do PNUMA (IMEO, na sigla em inglês) no ano passado, o Sistema de Alerta e Resposta ao Metano (MARS, na sigla em inglês) coloca dados de metano de satélite nas mãos das autoridades para limitar as emissões antropogênicas de um poderoso gás de efeito estufa responsável por um terço do aquecimento global atual.

As emissões globais de metano devem ser reduzidas em 40% a 45% até 2030 para alcançar caminhos econômicos que limitem o aquecimento global a 1,5°C, de acordo com a Avaliação Global do Metano do CCAC/PNUMA


O metano tem sido responsável por cerca de 30% do aquecimento global desde a época pré-industrial. Ele é o principal contribuinte para a formação do ozônio ao nível do solo, um poluente perigoso do ar e gás de efeito estufa, cuja exposição causa 1 milhão de mortes prematuras a cada ano.

Legenda: O metano tem sido responsável por cerca de 30% do aquecimento global desde a época pré-industrial. Ele é o principal contribuinte para a formação do ozônio ao nível do solo, um poluente perigoso do ar e gás de efeito estufa, cuja exposição causa 1 milhão de mortes prematuras a cada ano.
Foto: © Chris LeBoutillier/Pexels.

Historicamente, os dados disponíveis sobre as emissões de metano têm sido amplamente baseados em fatores de emissões genéricos que a ciência revisada por pares provou repetidamente subestimar dramaticamente os níveis medidos.

"A União Europeia é uma apoiadora orgulhosa da próxima revolução dos dados de metano. Irá certamente acelerar a redução das emissões, graças a uma nova geração de satélites combinada com uma maior transparência das empresas no monitoramento, comunicação de informações e redução das suas emissões", declarou Kadri Simson, comissária de Energia da União Europeia. 

O metano atmosférico está em seu nível mais alto registrado na história e representa sérias ameaças à qualidade do ar e à saúde humana. É o segundo maior impulsionador do aquecimento global causado pela atividade humana, depois do dióxido de carbono (CO2), e no curto prazo mais de 80 vezes mais poderoso que o CO2.

"Desde o lançamento do Global Methane Pledge na COP26, vimos avanços incríveis em ferramentas e tecnologias que podem fornecer dados aplicáveis de metano. Como mostra seu trabalho com o Sistema de Alerta e Resposta ao Metano, o IMEO está desempenhando um papel crítico ao reunir esses dados e colocá-los nas mãos daqueles em posição de agir sobre eles", disse Rick Duke, enviado especial adjunto dos EUA para o clima.

O relatório revela os primeiros dados públicos do MARS como parte da plataforma IMEO Methane Data para que as detecções de emissões de metano, alertas enviados a países ou empresas sobre eventos e subsequentes ações climáticas sejam acessíveis a todos.

Em seu primeiro ano-piloto focado principalmente no setor de energia, o IMEO identificou muitas oportunidades para a mitigação de emissões de metano e cerca de 1.500 plumas de metano, e enviou notificações MARS em quatro continentes para mais de 120 plumas.

Exemplos de transformação de dados de satélite em ações climáticas significativas no terreno incluem um alerta ao governo da Argentina sobre um vazamento em uma instalação de petróleo e gás. O alerta foi repassado à empresa responsável, que corrigiu o vazamento e criou um plano de prevenção de longo prazo. O PNUMA forneceu monitoramento contínuo por satélite que confirmou que as emissões de metano no local haviam parado.

O IMEO do PNUMA também está apoiando as primeiras campanhas de medição de metano em várias escalas já realizadas na África Subsaariana e no Oriente Médio. Também está desenvolvendo a metodologia para um Índice de Oferta de Metano para permitir que as autoridades identifiquem a pegada de metano proveniente de fornecedores.

O IMEO está expandindo seu trabalho com os países para produzir estudos de linha de base multissetoriais projetados para fornecer visões gerais abrangentes das emissões de metano e metodologias que diminuirão as lacunas de conhecimento científico e regional. Além desse lançamento inicial dos dados MARS no portal IMEO Methane Data, o IMEO disponibilizará regularmente novos dados ao público para continuar aumentando a responsabilização e demonstrar a oportunidade de ação em relação ao metano.

"A Nigéria tem orgulho de fazer parceria com o IMEO do PNUMA e a Comissão Europeia em um novo projeto para realizar um estudo de medição de linha de base das emissões de metano. Os dados dessa campanha serão fundamentais para impulsionar a ação da Nigéria em relação ao metano e cumprir seus compromissos como Campeã do Compromisso Global com o Metano", afirma Balarabe Abbas Lawal, ministro do Meio Ambiente da Nigéria.

As atividades humanas nos setores de agricultura, resíduos e combustíveis fósseis são responsáveis por mais da metade das emissões globais de metano. A taxa atual de atividade humana pode fazer com que os níveis de metano aumentem até 13% entre 2020 e 2030, quando precisariam cair de 30% a 60% nesse período para limitar o aquecimento global a 1,5 °C.

As emissões de metano causadas pelo ser humano poderiam ser reduzidas em até 45% dentro da década. Isto evitaria quase 0,3°C de aquecimento global até 2045, ajudando a limitar o aumento da temperatura global a 1,5˚C e colocando o planeta no caminho certo para atingir as metas do Acordo de Paris. A cada ano, a subsequente redução do ozônio ao nível do solo também evitaria 260 mil mortes prematuras, 775 mil visitas hospitalares relacionadas à asma.
Legenda: As emissões de metano causadas pelo ser humano poderiam ser reduzidas em até 45% dentro da década. Isto evitaria quase 0,3°C de aquecimento global até 2045, ajudando a limitar o aumento da temperatura global a 1,5˚C e colocando o planeta no caminho certo para atingir as metas do Acordo de Paris. A cada ano, a subsequente redução do ozônio ao nível do solo também evitaria 260 mil mortes prematuras, 775 mil visitas hospitalares relacionadas à asma, 73 bilhões de horas de trabalho perdido devido ao calor extremo e 25 milhões de toneladas de perdas de safras.
Foto: © Maksim Safaniuk/Getty Images.

As operações de combustíveis fósseis provavelmente precisariam fornecer cerca de metade dessa redução nas emissões de metano e a tecnologia existente, muitas vezes de baixo custo, poderia ser usada para reduzir mais de três quartos das emissões de metano das operações de petróleo e gás e metade das emissões de carvão.

NOTAS AOS EDITORES

Sobre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente é a principal voz global sobre o meio ambiente. Fornece liderança e incentiva a parceria no cuidado com o meio ambiente, inspirando, informando e permitindo que nações e povos melhorem sua qualidade de vida sem comprometer a das gerações futuras.

O PNUMA está na vanguarda da redução das emissões de metano, em linha com a meta do Acordo de Paris de manter o aumento da temperatura global bem abaixo de 2ºC. O trabalho do PNUMA gira em torno de dois pilares: dados e políticas. O PNUMA apoia empresas e governos em todo o mundo a usar seu banco de dados global exclusivo de emissões de metano verificadas empiricamente para direcionar ações estratégicas de mitigação e apoiar opções políticas baseadas na ciência por meio do Observatório Internacional de Emissões de Metano (IMEO, na sigla em inglês).

O PNUMA também promove compromissos de alto nível por meio de trabalho de advocacy e apoia os países a implementar medidas que reduzam as emissões de metano por meio da Coalizão Clima e Ar Limpo (CCAC, na sigla em inglês). Ambas as iniciativas são implementadoras centrais do Global Methane Pledge

Sobre o IMEO

O IMEO baseia-se no importante trabalho da Iniciativa Metano do CCAC, da Global Methane Initiative (GMI), da Agência Internacional de Energia (IEA), do Fundo de Defesa Ambiental (EDF) e de muitos outros. O IMEO foi financiado para preencher a necessidade de coleta de dados abrangente, já que as lacunas no cenário de dados limitam a capacidade de entender completamente o escopo do problema das emissões de metano e direcionar ações estratégicas de mitigação.

Para mais informações, entre em contato:

  • Unidade de Notícias e Mídia, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente: unep-newsdesk@un.org

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sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

COP28: Abertura da Cúpula Mundial de Ação Climática (01/12/2023)

Discurso do secretário-geral da ONU, António Guterres, durante a abertura da Cúpula Mundial de Ação Climática, em 1º de dezembro de 2023, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Sua Alteza, Sheikh Mohammed bin Zayed Al Nahyan,

Gostaria de expressar minha profunda gratidão pela maravilhosa hospitalidade que estamos recebendo em Dubai do governo e do povo dos Emirados Árabes Unidos.  

Presidente da COP28, Dr. Sultan Ahmed Al Jaber,

Gostaria de parabenizá-lo pelo início positivo da COP, com uma aprovação rápida da agenda e a operacionalização histórica do Fundo de Perdas e Danos. Parabéns.

Excelências, amigas e amigos, todo o protocolo foi observado. 


Esses dois pontos estão distantes, mas unidos pela crise.  

O gelo polar e as geleiras estão desaparecendo diante de nossos olhos, causando estragos em todo o mundo: desde deslizamentos de terra e inundações até o aumento dos mares. 

Mas isso é apenas um sintoma da doença que está levando nosso clima ao colapso.

Uma doença que somente vocês, líderes globais, podem curar.

Excelências,

Os sinais vitais da Terra estão falhando: emissões recordes, incêndios ferozes, secas mortais e o ano mais quente de todos os tempos. Podemos garantir isso mesmo quando ainda estamos em novembro.

Estamos a quilômetros das metas do Acordo de Paris - e a centímetros de distância para ultrapassar o limite de 1,5 grau.

Mas ainda não é tarde demais.

Nós podemos - vocês podem - evitar o colapso e a queima do planeta.

Temos as tecnologias para evitar o pior do caos climático - se agirmos agora.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) traçou um caminho claro para um mundo de 1,5 grau.

Mas precisamos de liderança, cooperação e vontade política para agir.

E precisamos disso agora.


O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, fala durante a sessão de abertura da Cúpula Mundial de #AçãoClimática durante a COP28, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, na Expo City Dubai em 1º de dezembro de 2023, em Dubai, Emirados Árabes Unidos.

Legenda: O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, discursa durante a sessão de abertura da Cúpula Mundial de #AçãoClimática durante a COP28, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, na Expo City Dubai em 1º de dezembro de 2023, em Dubai, Emirados Árabes Unidos.
Foto: © COP28/Christophe Viseux.

É verdade. Nosso mundo é desigual e dividido.

Como vemos nesta região, os conflitos estão causando sofrimento imenso e emoções intensas. Acabamos de receber a notícia de que os bombardeios estão recomeçando em Gaza.

E o caos climático está alimentando as chamas da injustiça.

O aquecimento global está estourando orçamentos, inflando os preços dos alimentos, tumultuando os mercados de energia e alimentando uma crise no custo de vida.

Mas a ação climática pode virar o jogo.

E a energia renovável é o presente que continua oferecendo benefícios: 

  • É benéfica para o nosso planeta, nossa saúde e nossas economias.
  • Limpa o nosso ar.
  • Atende à crescente demanda global por energia.
  • Conecta milhões de pessoas à eletricidade acessível.
  • Proporciona estabilidade e segurança aos mercados.
  • E economiza dinheiro, pois a energia renovável nunca foi tão barata.

Excelências, amigas, amigos,

O diagnóstico é claro.

O sucesso desta COP depende de um Balanço Global que determine ações concretas em três áreas:

Primeiramente, cortando drasticamente as emissões.

As políticas atuais levariam a um aumento de temperatura de três graus, que seria devastador para a Terra.

Portanto, o Balanço Global deve estabelecer expectativas claras para Contribuições Determinadas Nacionalmente (NDCs), abrangendo toda a economia, apresentadas por todos os países, e que cubram todos os gases de efeito estufa e estejam alinhadas com o limite de 1,5 grau.

O G20, que representa 80% das emissões globais, deve liderar esse esforço.

Recomendo que os países acelerem suas metas de neutralidade de carbono, chegando o mais próximo possível de 2040 nos países desenvolvidos e 2050 nas economias emergentes.

Em segundo lugar, não podemos salvar um planeta em chamas com uma mangueira de combustíveis fósseis.

Precisamos acelerar uma transição justa e equitativa para energias renováveis.

A ciência é clara:

O limite de 1,5 grau só é possível se, em última instância, pararmos completamente de queimar todos os combustíveis fósseis.

Não reduzir.

Não mitigar.

Eliminar gradualmente - com um cronograma claro alinhado com 1,5 grau.

O Balanço Global não só deve se comprometer com isso - ela também deve se comprometer a triplicar as energias renováveis; dobrar a eficiência energética; e levar energia limpa a todos até 2030.

A economia é clara: a transição global para energias renováveis é inevitável. A única questão é quanto aquecimento nosso planeta suportará antes que isso aconteça.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas recomendou o fim de nossa dependência do carvão até 2030 nos países da OCDE e até 2040 para o resto do mundo.

Ao mesmo tempo, de acordo com a Agência Internacional de Energia, a indústria do petróleo e gás representa apenas um por cento dos investimentos em energia limpa.

Então, permitam-me dirigir uma mensagem às lideranças das empresas de combustíveis fósseis:

O caminho antigo está envelhecendo rapidamente.

Não insistam em um modelo de negócios obsoleto.

Liderem a transição para energias renováveis usando os recursos disponíveis.

Não cometam o equívoco de ignorar o caminho para a sustentabilidade climática - o único caminho viável para a sustentabilidade econômica de suas empresas no futuro.

Insto os governos a ajudarem a indústria a fazer a escolha certa - regulamentando, legislando, estabelecendo um preço justo para o carbono, eliminando subsídios aos combustíveis fósseis e adotando um imposto extraordinário sobre os lucros.

Excelências,

Em terceiro lugar, a justiça climática está muito atrasada.

Os países em desenvolvimento estão sendo devastados por desastres que não causaram.

Os custos exorbitantes de empréstimos estão bloqueando seus planos de ação climática.

E o apoio é muito pouco e chega tarde demais.

O Balanço Global deve se comprometer com um aumento no financiamento, incluindo para adaptação e prejuízos causados pelo clima.

E ela deve apoiar a reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento para alavancar muito mais financiamento privado a custos razoáveis para os países em desenvolvimento em ações climáticas.

Os países desenvolvidos devem demonstrar como vão dobrar o financiamento para adaptação para US$ 40 bilhões por ano até 2025 - como prometido - e esclarecer como cumprirão a promessa de US$ 100 bilhões.

Excelências,

O desafio climático não é apenas mais um problema em sua caixa de entrada.

Proteger nosso clima é o maior teste de liderança do mundo.

Portanto, insto vocês a liderarem.

O destino da humanidade está em jogo.

Façam esta COP valer a pena.

Façam desta COP um ponto de virada.

Façam desta COP a nova esperança no futuro da humanidade.

Obrigado.

Para mais informações sobre a 28ª Conferência da ONU sobre Mudança Climática, visite a página da ONU Brasil sobre #COP28: A ação Climática não pode esperar

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Brasil assume presidência do G20 hoje

Hoje, dia 01 de dezembro, o Brasil assume a presidência do G20 com o lema 'Construindo um mundo justo e um planeta sustentável'. A presidência brasileira terá como prioridades o combate à fome, à pobreza e à desigualdade, as mudanças climáticas e transição energética, e a reforma da governança global. A implementação dessa agenda pelo governo brasileiro contará com o apoio de dois outros países BRICS: a Índia, última ocupante da presidência, e a África do Sul que assumirá a presidência em 2025. O BRICS Policy Center terá participação ativa nas atividades do G20 através da sua atuação no T20 (grupo de engajamento de think tanks e outros centros de pesquisa dos países do G20) e do diálogo constante organizações da sociedade civil, em particular C20, bem como outros grupos de engajamento.

 

Com isso, o BPC pretende contribuir para um processo participativo e formativo durante a presidência brasileira do G20, em permanente diálogo com a sociedade, com vistas a buscar soluções para problemas globais comuns.




Desmatamento na Mata Atlântica cai 59% entre janeiro e agosto de 2023





Entre os estados com redução se destacam Paraná e Santa Catarina, que historicamente estão entre os que mais desmatam.
 
Assim como observado no início do ano, o novo boletim do Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) Mata Atlântica mostra uma diminuição significativa no deflorestamento do bioma no primeiro semestre de 2023. Entre janeiro e agosto deste ano, 9.216 hectares foram desmatados, uma queda de 59% na comparação com o mesmo período de 2022. O SAD Mata Atlântica é resultado de uma parceria entre a Fundação SOS Mata Atlântica, a Arcplan e o MapBiomas, com apoio do Bradesco e da Fundação Hempel.
ACESSE O RELATÓRIO COMPLETO
Captura de Tela 2023-11-22 às 09.15.00

"A Lei 11.428/2006, conhecida como Lei da Mata Atlântica, é a única legislação brasileira a tratar exclusivamente de um bioma, regulamentando sua preservação e uso sustentável. Após a sua aprovação o desmatamento na Mata Atlântica caiu consideravelmente. Ainda assim o bioma e essa importante legislação continuam a sofrer ataques. Às vésperas da COP28, as atenções do país e do mundo estão focadas no combate ao desmatamento. Mesmo assim,  a situação na fronteira do bioma com a Caatinga e o Cerrado é  preocupante. E isso interfere nos encraves, mesmo que também sejam protegidos pela Lei da Mata Atlântica. Precisamos mudar esse cenário com urgência", afirma Luis Fernando Guedes Pinto, diretor-executivo da Fundação SOS Mata Atlântica. 
SAIBA MAIS
O que é o SAD Mata Atlântica?
Lançado em fevereiro de 2022, o Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) Mata Atlântica é uma ferramenta capaz de identificar perdas de vegetação nativa a partir de 0,3 hectare. Ele usa imagens de satélite de alta resolução, e as informações são cruzadas com dados públicos e reunidas numa plataforma aberta e transparente. O principal objetivo é intensificar o monitoramento da cobertura florestal e contribuir para o fim do desmatamento na Mata Atlântica. Saiba mais
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Nova edição da Revista Biodiversidade Brasileira - Novembro 2023

Revista Biodiversidade Brasileira
https://revistaeletronica.icmbio.gov.br/BioBR


domingo, 26 de novembro de 2023

CEPAL: Riqueza de apenas 105 pessoas representa quase 9% do PIB da América Latina e do Caribe

Mais de 180 milhões de pessoas na região não possuem renda suficiente para cobrir suas necessidades básicas e, entre elas, 70 milhões não têm renda para adquirir uma cesta básica de alimentos, adverte o relatório Panorama Social da América Latina e do Caribe 2023. 

Publicado nesta quinta-feira (23), o relatório anual da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) mostra que o decil de renda mais alta (10% mais ricos) recebe uma renda que é 21 vezes superior a do décimo de renda mais baixa (10% mais pobres). Em 2021, a riqueza de apenas 105 pessoas representou quase 9% do PIB regional. 

A CEPAL alerta que a criação de empregos entre 2014 e 2023 foi a mais baixa desde a década de 1950. Em 2020, durante a pandemia, a criação de empregos caiu 8,2%, sendo a única queda registrada nos últimos 70 anos.

Do universo de 292 milhões de pessoas ocupadas na região, metade está em empregos informais, cerca de um quinto vive em situação de pobreza, 4 em cada 10 têm renda inferior ao salário mínimo e metade não contribui para os sistemas de pensões. 

Panorama Social da América Latina e do Caribe 2023
Legenda: "Embora destaquemos a redução da pobreza em 2022, não há motivos para comemorar. Mais de 180 milhões de pessoas em nossa região não possuem renda suficiente para cobrir suas necessidades básicas e, entre elas, 70 milhões não têm renda para adquirir uma cesta básica de alimentos", destacou o secretário-executivo da CEPAL, José Manuel Salazar-Xirinachs, durante o lançamento do Panorama Social da América Latina e do Caribe 2023, realizado no dia 23 de novembro na sede da Comissão Regional em Santiago.
Foto: © CEPAL/ECLAC.

 

Em 2022, a porcentagem de pessoas em situação de pobreza diminuiu para 29% da população da América Latina (181 milhões de pessoas), 1,2 ponto percentual a menos do que antes do início da pandemia de COVID-19, enquanto a pobreza extrema diminuiu para 11,2% da população da região (70 milhões de pessoas), mantendo-se em níveis semelhantes aos de 2019, relatou hoje a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).

O relatório Panorama Social da América Latina e do Caribe 2023: A inclusão laboral como eixo central para o desenvolvimento social inclusivo, apresentado pelo secretário-executivo da CEPAL, José Manuel Salazar-Xirinachs, destaca também a redução da desigualdade de renda medida pelo índice de Gini e a recuperação do emprego.

No entanto, a CEPAL adverte que a taxa de crescimento do PIB esperada para 2023 na América Latina e no Caribe (1,7%) -significativamente inferior aos 3,8% registrados em 2022 e que poderia chegar a 1,5% em 2024 - não permite prever novas melhorias na questão da pobreza na região para este ano.

"Embora destaquemos a redução da pobreza em 2022, não há motivos para comemorar. Mais de 180 milhões de pessoas em nossa região não possuem renda suficiente para cobrir suas necessidades básicas e, entre elas, 70 milhões não têm renda para adquirir uma cesta básica de alimentos. No total, quase um terço da população da região vive em situação de pobreza, percentual que sobe para 42,5% no caso da população infantil e adolescente, uma realidade que não podemos tolerar. A incidência da pobreza também é mais alta entre as mulheres, a população indígena e as pessoas que vivem em áreas rurais", destacou José Manuel Salazar-Xirinachs, a principal autoridade da CEPAL.

De acordo com o relatório, a criação de empregos entre 2014 e 2023 foi a mais baixa desde a década de 1950. Em 2020, durante a pandemia, a criação de empregos caiu 8,2%, sendo a única queda registrada nos últimos 70 anos.

Do universo de 292 milhões de pessoas ocupadas na região, 1 em cada 2 está em empregos informais, cerca de um quinto vive em situação de pobreza, 4 em cada 10 têm renda inferior ao salário mínimo e metade não contribui para os sistemas de pensões, indica o Panorama Social da América Latina e do Caribe 2023.

Embora haja uma melhoria em certas dimensões dos mercados de trabalho entre 2020 e 2022, a região enfrenta uma crise de inclusão laboral em câmera lenta, entendida não apenas como inserção no mercado de trabalho, mas também como as condições em que se acessa o emprego no mercado laboral, explica o organismo regional das Nações Unidas.

Isso significa que a inserção no trabalho remunerado é fundamental, mas não suficiente para alcançar a inclusão laboral. É necessário ter acesso a empregos produtivos, bem remunerados e com acesso à proteção social, especialmente para mulheres e jovens, destaca a CEPAL.

Em 2022, 54,2 milhões de lares na região (39% do total) dependiam exclusivamente do emprego informal. Além disso, a maioria das crianças (menores de 15 anos) e pessoas com 65 anos ou mais vivem em lares completamente informais ou mistos (61,2%).

Desigualdade de renda continua extremamente alta 

Panorama Social da América Latina e do Caribe 2023
Legenda: Na América Latina, o decil de renda mais alta (decil 10) recebe uma renda que é 21 vezes a do décimo de renda mais baixa (decil 1). Em 2021, a riqueza de apenas 105 pessoas representou quase 9% do PIB regional, alertou a CEPAL durante o lançamento do Panorama Social da América Latina e do Caribe 2023.
Foto: © CEPAL/ECLAC.

Por outro lado, embora a desigualdade de renda tenha diminuído em 2022 para níveis inferiores aos de 2019, ela continua sendo muito alta, indica o estudo.

Na América Latina, o decil de renda mais alta (decil 10) recebe uma renda que é 21 vezes a do décimo de renda mais baixa (decil 1). Em 2021, a riqueza de apenas 105 pessoas representou quase 9% do PIB regional, destaca a CEPAL.

"A região continua presa em uma dupla armadilha estrutural de baixo crescimento e altos níveis de pobreza e desigualdade. Os países devem transitar da inserção laboral para a inclusão laboral, eixo do desenvolvimento social inclusivo. Mas a inclusão laboral requer um crescimento econômico alto e sustentado. Não é possível criar um futuro melhor para o trabalho sem criar um futuro melhor para a produção e vice-versa", enfatizou José Manuel Salazar-Xirinachs durante a apresentação do documento, destacando a estreita ligação entre as políticas de desenvolvimento produtivo, laboral e de proteção social dos países.

O relatório apresentado hoje destaca a persistência das históricas lacunas de gênero nos mercados de trabalho.

Enquanto a taxa de participação no mercado de trabalho dos homens foi de 74,5% em 2022, a das mulheres atingiu apenas 51,9% (uma diferença de 22,6 pontos percentuais). As mulheres também têm taxas mais altas de desemprego (8,6% em comparação com 5,8% dos homens em 2022).

A principal barreira para a inclusão laboral das mulheres é a carga de trabalho de cuidados, diz a CEPAL: a taxa de participação das mulheres em lares com crianças (61,6%) é inferior à dos lares sem crianças (73,5%).

O trabalho doméstico, aponta a CEPAL, é uma das principais fontes de trabalho para as mulheres na América Latina, mas a renda média que as trabalhadoras domésticas recebem é a metade daquela recebida em média pelas mulheres ocupadas.

Da mesma forma, o estudo indica que a presença de pessoas migrantes aumentou nos mercados de trabalho da região, contribuindo assim para a economia e sociedade dos países de destino. No entanto, tendem a enfrentar maiores dificuldades para a inclusão laboral, devido às suas condições de trabalho mais precárias e instáveis, agravadas pelas condições de irregularidade.

Por fim, o Panorama Social 2023 aponta que os gastos sociais do governo central aumentaram em resposta à pandemia, atingindo um pico em 2020, mas têm diminuído desde então. Em 2022, houve uma alta heterogeneidade entre países e sub-regiões: três países ultrapassam os 14,5% do PIB, enquanto cinco estão abaixo de 10% do PIB. O desafio é manter o caminho de crescimento do gasto público social para garantir a sustentabilidade financeira das políticas de inclusão laboral, conclui o organismo.

Para mais informações, consulte: 

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O fascismo respira

Como uma versão vizinha de um filme que já conhecemos, Javier Milei foi eleito presidente da Argentina. Há muitas interpretações e análises, mas Valério Arcary sintetiza bem o tamanho do problema: o neofascismo é um fenômeno global, onde a extrema-direita se alimenta da crise econômica em sociedades fraturadas e da incapacidade da esquerda de sair do beco imposto pelo neoliberalismo. E como destaca Giovana Guedes, pode ser o fim da linha também do peronismo e da sociedade industrial que o projetou. Também não são poucos os problemas que os resultados da eleição argentina trazem ao governo Lula, frustrando a tentativa da política internacional brasileira de retomar a integração continental, salvar o Mercosul e projetar o Brics. Longe de rumar para uma unidade maior, a América Latina parece cada dia mais uma colcha de retalhos. E só falta a volta de Trump no ano que vem para fechar as portas de um ciclo de governos progressistas que já nasceu frágil. Claro, também há análises que buscam diferenciar a vitória da extrema-direita na Argentina e do bolsonarismo no Brasil, defendendo que "não é bem assim", que a realidade é outra e que a Argentina tem tradição de derrubar presidentes na rua. Assim, muitos apostam que o governo Milei não sobreviveria por muito tempo. Mas o mesmo não foi dito de Bolsonaro? Seja como for, a vitória de Milei foi a melhor notícia que os bolsonaristas tiveram este ano e reforça a ideia de que ainda há muito espaço para a extrema-direita crescer. E é preciso que o governo brasileiro também entenda isso, alerta Fernando Horta, pois se ficar preso nas amarras da política fiscal e das alianças à direita, sem fazer também a disputa ideológica, o "efeito caipirinha" pode virar a ressaca de um tango.

Fonte: Jornal Brasil de Fato