domingo, 15 de agosto de 2021

Pesquisa da ONU aborda dificuldades enfrentadas por jovens latino-americanos durante pandemia



Legenda: Pesquisa conduzida por agências das Nações Unidas entrevistou 7,7 mil jovens em 29 países da América Latina e o Caribe e revelou que eles enfrentam insegurança alimentar, aumento da violência de gênero e dificuldades de accesso a ensino e emprego

A pandemia da COVID-19 apresenta diversos desafios à juventude global. De acordo com uma pesquisa feita pelas agências do Sistema das Nações Unidas as pessoas jovens da América Latina e o Caribe relatam insegurança alimentar, aumento da violência de gênero e barreiras no acesso a ensino e emprego. O estudo, coordenado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), foi lançado no Dia Internacional da Juventude, comemorado em 12 de agosto.

Além da pesquisa, foram lançados uma campanha com o propósito de fazer avançar o desenvolvimento e os direitos de adolescentes e jovens da região e o documento interagencial "A Juventude da América Latina e do Caribe e a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável: uma visão do sistema das Nações Unidas". No documento, as agências da ONU destacam a necessidade de ações e medidas concretas voltadas para as pessoas jovens, incentivando sua participação e engajamento nos processos políticos e de tomada de decisão, garantindo com que seu pleno potencial possa ser aproveitado.

Dados - O levantamento realizado pelo grupo de trabalho sobre juventude da Plataforma Regional para América Latina e o Caribe foi conduzido entre maio e junho do ano passado e recebeu 7,7 mil respostas de pessoas jovens de 39 países da região, incluindo o Brasil. A insegurança alimentar é um dos temas mais preocupantes. De acordo com a pesquisa, um de cada três jovens percebe escassez de alimentos em sua comunidade. Essa escassez é maior entre pessoas indígenas, pessoas com deficiência e pessoas migrantes e refugiadas. Os resultados demonstram que 16% das pessoas que responderam à pesquisa também não contam com recursos suficientes para comprar alimentos. E apenas um de cada cinco afirma ter recebido algum tipo de apoio do governo para manter sua alimentação.

Em relação à violência de gênero, seis de cada dez pessoas jovens consultadas consideram que a violência aumentou durante a pandemia. Essa percepção é especialmente alta entre mulheres, pessoas com outras identidades de gênero e pessoas LGBTI. As pessoas jovens consultadas também se consideram desprotegidas: apenas um quarto das pessoas que responderam a pesquisa afirmam que as mulheres e meninas de suas comunidades contam com meios de pedir ajuda. 

A pandemia também impactou no acesso a emprego, renda e educação das pessoas jovens. Cerca de 10% afirmaram ter tido aulas canceladas e aqueles que permaneceram com a opção de aula online dizem enfrentar, em maioria, problemas de conexão e acesso a internet. Enquanto isso, as ocupações domésticas e com cuidados cresceram: 13% dizem que passaram a cuidar de algum dependente da família.

De acordo com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), os desafios impostos à juventude na pandemia são um obstáculo para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, em particular no caso das jovens mulheres e meninas. Meninas adolescentes são especialmente vulneráveis à má nutrição, e normas de gênero culturais com frequência dificultam seu acesso a uma alimentação nutritiva, à educação e oportunidades econômicas, podendo levar ao casamento infantil e outras práticas nocivas. A insegurança alimentar e demais dificuldades econômicas impactam diretamente no acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva, assim como ao planejamento reprodutivo. Esses fatores contribuem para altos níveis de fertilidade, morbidades e mortalidades, assim como um alto índice de gravidez na adolescência.

O UNFPA destaca a necessidade de ações e medidas concretas voltadas para as pessoas jovens, incentivando sua participação e engajamento nos processos políticos e de tomada de decisão, garantindo com que seu pleno potencial possa ser aproveitado.

"A pesquisa da qual o Fundo de População da ONU participou demonstra que, mais do que nunca, é o momento de olhar para a juventude e suas necessidades particulares", afirma a representante auxiliar do Fundo de População das Nações Unidas no Brasil, Júnia Quiroga. 

"Nós acreditamos que as pessoas jovens têm muita capacidade de atuar no desenvolvimento de suas comunidades e na construção de soluções inovadoras para o pós-pandemia, mas devem ter as ferramentas necessárias. Para que isso aconteça, é preciso investir no empoderamento das pessoas jovens, garantindo seu acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva, sua educação e segurança alimentar. Só assim será possível não deixar ninguém para trás", completa.

Sobre o relatório - A "Pesquisa das Nações Unidas sobre a Juventude da América Latina e do Caribe no Contexto da Pandemia de COVID-19" foi realizada no âmbito do grupo de trabalho sobre juventude da Plataforma de Colaboração Regional para a América Latina e o Caribe.

O grupo é copresidido pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e é composto pelo Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL), Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Organização Internacional do Trabalho (OIT), Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres), Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) , Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV / AIDS (UNAIDS), o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Programa de Voluntários das Nações Unidas (UNV).

Via ONU Brasil

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