sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Relatório da ONU: Investir na saúde do planeta aumenta o PIB e reduz mortes e pobreza

A degradação ambiental tira milhões de vidas e custa trilhões anualmente.


Modelos tradicionais de negócios levarão a impactos ainda maiores, ameaçando a prosperidade nacional.

O Panorama Ambiental Global (Global Environment Outlook) aponta para ganhos anuais de pelo menos US$ 20 trilhões com a transformação de cinco sistemas-chave.

Foto: © PIXABAY

A mais completa análise do cenário ambiental global já realizada concluiu que investir em clima estável, em natureza e terras saudáveis e em um planeta livre de poluição pode gerar trilhões de dólares adicionais ao PIB global, evitar milhões de mortes e tirar centenas de milhões de pessoas da pobreza e da fome. A sétima edição do Panorama Ambiental Global: O futuro que podemos escolher (Global Environment Outlook - GEO-7), lançado durante a sétima sessão da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente em Nairóbi, é o resultado do trabalho de 287 cientistas multidisciplinares de 82 países.

O relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) conclui que as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade, a degradação da terra, a desertificação, a poluição e os resíduos têm causado um grande impacto no planeta, nas pessoas e nas economias – custando trilhões de dólares por ano. Seguir nos atuais caminhos de desenvolvimento só intensificará esse impacto.

No entanto, abordagens que envolvam toda a sociedade e todo o governo para transformar os sistemas econômico e financeiro, de materiais e resíduos, energia, alimentos e meio ambiente podem trazer benefícios macroeconômicos globais que poderiam chegar a S$ 20 trilhões por ano até 2070 e continuar crescendo.

Um fator-chave para essa abordagem é deixar de lado o PIB e adotar indicadores que também acompanhem o capital humano e natural, incentivando as economias a avançarem em direção à circularidade, à descarbonização do sistema energético, à agricultura sustentável, à restauração de ecossistemas e muito mais.

"O Panorama Ambiental Global apresenta uma escolha simples para a humanidade: continuar no caminho para um futuro devastado pelas mudanças climáticas, natureza em declínio, terras degradadas e ar poluído, ou mudar de direção para garantir um planeta saudável, pessoas saudáveis e economias saudáveis. Não se trata de escolha alguma, na verdade", disse Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA.

"E não nos esqueçamos de que o mundo já fez muitos progressos: desde acordos globais que abrangem as mudanças climáticas, a natureza, a terra e a biodiversidade, a poluição e os resíduos, até mudanças reais na indústria em expansão das energias renováveis, a cobertura global de áreas protegidas e a eliminação gradual de produtos químicos tóxicos", acrescentou. "Apelo a todas as nações para que aproveitem estes avanços, invistam na saúde do planeta e conduzam suas economias rumo a um futuro próspero e sustentável."

Um caminho melhor

O relatório apresenta dois caminhos de transformação, analisando: mudanças comportamentais para dar menos ênfase ao consumo material; e mudanças nas quais o mundo depende principalmente do desenvolvimento tecnológico e dos ganhos de eficiência.

Os caminhos de transformação preveem que os benefícios macroeconômicos globais começarão a aparecer em 2050, crescerão para US$ 20 trilhões por ano até 2070 e, a partir daí, atingirão US$ 100 trilhões por ano. Os caminhos projetam a redução da exposição aos riscos climáticos, a redução da perda de biodiversidade até 2030 e o aumento das terras naturais.

Nove milhões de mortes prematuras podem ser evitadas até 2050, por meio de medidas como a redução da poluição do ar. Até 2050, quase 200 milhões de pessoas poderiam sair da subnutrição e mais de 100 milhões de pessoas sairiam da pobreza extrema.

Para atingir emissões líquidas zero até 2050 e garantir financiamento adequado para a conservação e restauração da biodiversidade, é necessário um investimento anual de cerca de US$ 8 trilhões até 2050. No entanto, o custo da inação é muito mais alto.

Transformações radicais necessárias

Seguir os caminhos da transformação exigiria mudanças radicais em cinco áreas principais. O relatório descreve as medidas recomendadas para cada área, incluindo:

• Economia e finanças: ir além do PIB para métricas abrangentes e inclusivas de riqueza; precificar externalidades positivas e negativas para avaliar corretamente os bens; e eliminar gradualmente e redirecionar subsídios, impostos e incentivos que resultam em impactos negativos sobre a natureza.

• Materiais e resíduos: implementar o design circular de produtos, a transparência e a rastreabilidade de produtos, componentes e materiais; transferir investimentos para modelos de negócios circulares e regenerativos; e mudar os padrões de consumo para a circularidade por meio de uma mudança de comportamento.

• Energia: descarbonizar a matriz energética; aumentar a eficiência energética; promover a sustentabilidade social e ambiental nas cadeias de valor de minerais críticos; e enfrentar os desafios de acesso à energia e de pobreza energética.

• Sistemas alimentares: Mudar para dietas saudáveis e sustentáveis; aumentar a circularidade e a eficiência da produção; e reduzir a perda e o desperdício de alimentos.

• Meio ambiente: acelerar a conservação e restauração da biodiversidade e dos ecossistemas; apoiar a adaptação e resiliência climática, apoiando-se em soluções baseadas na natureza; e implementar estratégias de mitigação climática.

O relatório apela ao co-desenvolvimento e à co-implementação paralelos dessas soluções. Considerar diversos sistemas de conhecimento, especialmente o conhecimento indígena e o conhecimento local, é crucial para transições justas que abordem tanto a sustentabilidade ambiental quanto o bem-estar humano.

O relatório exorta governos, organizações não governamentais e multilaterais, o setor privado, a sociedade civil, a academia, organizações profissionais, o público e os povos indígenas a reconhecerem a urgência das crises ambientais globais, aproveitarem os progressos alcançados nas últimas décadas e colaborarem na co-concepção e implementação de políticas, estratégias e ações integradas para proporcionar um futuro melhor para todos.

Degradação crescente

Com base em diversas fontes, o relatório também detalha as consequências atuais e futuras dos modelos de desenvolvimento habituais.
As emissões de gases de efeito estufa aumentaram 1,5% ao ano desde 1990, atingindo um novo pico em 2024 — elevando as temperaturas globais e intensificando os impactos climáticos. O custo dos eventos climáticos extremos atribuídos às mudanças climáticas nos últimos 20 anos é estimado em US$ 143 bilhões por ano.

Estima-se que entre 20% e 40% da área terrestre mundial esteja degradada, afetando mais de três bilhões de pessoas, enquanto um milhão das cerca de oito milhões de espécies estão ameaçadas de extinção.

Nove milhões de mortes são atribuíveis anualmente a alguma forma de poluição. O custo econômico dos danos à saúde causados apenas pela poluição do ar foi de cerca de US$ 8,1 trilhões em 2019 — ou cerca de 6,1% do PIB global.

O estado do meio ambiente piorará drasticamente se o mundo continuar a impulsionar as economias seguindo o caminho atual. Sem ação, o aumento da temperatura média global provavelmente excederá 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais no início da década de 2030, excederá 2,0 °C na década de 2040 e continuará subindo. Nesse caminho, as mudanças climáticas reduziriam 4% do PIB global anual até 2050 e 20% até o final do século.

Espera-se que a degradação da terra continue nos níveis atuais, com o mundo perdendo terras férteis e produtivas do tamanho da Colômbia ou da Etiópia anualmente — em um momento em que as mudanças climáticas podem reduzir a disponibilidade de alimentos por pessoa em 3,4% até 2050.

Os 8 bilhões de toneladas de resíduos plásticos que poluem o planeta continuarão a se acumular — elevando as perdas econômicas anuais relacionadas à saúde, hoje estimadas em US$ 1,5 trilhão, decorrentes da exposição a substâncias químicas tóxicas presentes nos plásticos.

Notas aos editores:

Sobre a metodologia de modelagem do GEO-7
A metodologia de caminhos de transformação do GEO-7 constrói novas narrativas para ilustrar transformações alternativas dos cinco sistemas e utiliza um conjunto de modelos para quantificar essas narrativas, bem como as tendências atuais.

Esses modelos abrangem elementos-chave dos cinco sistemas, crises ambientais globais e seus objetivos relacionados, além das implicações ambientais e socioeconômicas. Os modelos estão interligados para levar em conta as interdependências críticas e o feedback entre os modelos componentes. Os resultados são comparados com bancos de dados de cenários estabelecidos e literatura existente para abordar a incerteza e a consistência com a comunidade de cenários mais ampla. Embora a metodologia forneça insights valiosos, ela é limitada em termos de escopo do cenário, cobertura de questões e nível de agregação.

Esses cenários são baseados em uma estrutura que inclui modelos bem estabelecidos e validados, amplamente utilizados por outras avaliações ambientais globais, incluindo aquelas produzidas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), pela Plataforma Intergovernamental de Ciência e Política sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), pela Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD) e pelo Painel Internacional de Recursos (IRP).

Sobre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) 
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente é a principal autoridade ambiental global que define a agenda ambiental global, promove a implementação coerente da dimensão ambiental do desenvolvimento sustentável dentro do sistema das Nações Unidas e atua como um defensor autorizado do meio ambiente global. 

Para mais informações, entre em contato com: Unidade de Notícias e Mídia do PNUMA através do email unep-newsdesk@un.org



Combate à corrupção: UNODC e Petrobras apoiam pequenas e médias empresas


No Dia Internacional de Combate à Corrupção, 9 de dezembro, data que marca a assinatura da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (UNCAC), o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) - guardião da UNCAC - e a Petrobras reforçam a importância de apoiar pequenas e médias empresas  na adoção de padrões elevados de integridade, transparência e gestão de riscos.

Parceria já capacitou 331 participantes de mais de 200 empresas e lançou uma Matriz de Riscos de Integridade com manual, cartilha e FAQ voltados às pequenas e médias empresas.

Foto: © UNODC Brasil

Neste 9 de dezembro, Dia Internacional de Combate à Corrupção e data que marca a assinatura da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (UNCAC), o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) no Brasil — guardião da UNCAC — e a Petrobras reforçam a importância de apoiar pequenas e médias empresas (PMEs) na adoção de padrões elevados de integridade, transparência e gestão de riscos.

Desde outubro de 2025, as duas instituições realizaram quatro treinamentos presenciais (Rio de Janeiro e São Paulo), além de dez edições online, alcançando 331 participantes de 247 PMEs diferentes, com previsão de novas turmas em janeiro. Os treinamentos compõem o Projeto de Fortalecimento da Integridade de PMEs, voltado à cadeia de suprimentos do setor de energia. A parceria entre UNODC e Petrobras busca traduzir diretrizes internacionais – como a própria UNCAC – em ações concretas de capacitação e ferramentas práticas para o dia a dia das empresas.

Os encontros presenciais contaram com a participação de parceiros como SEBRAE, Controladoria-Geral da União, Pacto Global, BNDES, Siemens Brasil, Vale, Equinor e TotalEnergies nas rodas de conversa, ampliando o diálogo sobre integridade na cadeia de valor do setor de energia. Para apoiar a implementação das práticas discutidas em sala, o projeto desenvolveu a Matriz de Riscos de Integridade para PMEs, acompanhada de um Manual para Preenchimento, que detalha o passo a passo para mapear, avaliar e tratar riscos de integridade, incluindo critérios de probabilidade e impacto, mapeamento de controles internos e definição de risco residual. 

Complementarmente, uma Cartilha da Matriz de Riscos de Integridade apresenta, em linguagem acessível, os principais conceitos, componentes e benefícios da ferramenta, mostrando como ela pode ser usada por empresas de diferentes portes e segmentos, ainda que com estruturas reduzidas. O conjunto se completa com o FAQ da Matriz de Riscos de Integridade, que responde às dúvidas mais comuns das PMEs sobre integridade, gestão de riscos, desenho de controles, planos de ação e relação da Matriz com programas de compliance e padrões internacionais, como ISO 31000, COSO ERM e diretrizes de órgãos nacionais e internacionais.

No Dia Internacional de Combate à Corrupção, UNODC e Petrobras ressaltam que fortalecer a integridade de pequenas e médias empresas significa proteger empregos, contratos e cadeias produtivas inteiras, aproximando a prática empresarial cotidiana dos compromissos assumidos pelos Estados na UNCAC e contribuindo para uma economia mais ética e sustentável.

Foto: © UNODC Brasil

Cooperação Internacional e boas práticas brasileiras

Ainda em 2025, A Petrobras e o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) no Brasil participarão da 11ª sessão da Conferência dos Estados Partes da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (COSP), principal instância de decisão do tratado anticorrupção da ONU, que será realizada de 15 a 19 de dezembro de 2025, em Doha, no Catar. Na ocasião, as instituições apresentarão boas práticas nacionais em integridade e governança em eventos paralelos como BRICS: Incentivos para que o Setor Privado Adote Medidas de Integridade, Caminhos Digitais para a Integridade: Ferramentas e Práticas para a Transparência na Governança das Contratações Públicas e Cooperação pela Integridade: Mecanismos de Controle que Impulsionam Mudanças Sustentáveis, com participação de órgãos como a Controladoria-Geral da União (CGU), Itaipu Binacional, Siemens Energy e a Associação das Autoridades Anticorrupção da África Oriental.

Em linha com essa agenda internacional, o UNODC, em parceria com a OCDE, lançou em 2024 a publicação "A Resource Guide on State Measures for Strengthening Business Integrity", que oferece a Estados e ao setor privado um quadro de referência para promover a integridade empresarial, com estudos de caso e boas práticas que dialogam diretamente com os objetivos do projeto realizado com as PMEs do setor de energia no Brasil.


UNAIDS e Globo lançam campanha sobre estigma relacionado a pessoas vivendo com HIV e AIDS


Para celebrar o 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta contra a AIDS, o UNAIDS e a Globo lançaram uma campanha que aborda o estigma e a discriminação em relação às pessoas que vivem com HIV. 

Com imagens de personagens marcantes da dramaturgia brasileira, a iniciativa mostra que, após 40 anos da resposta ao HIV no Brasil, viver com o vírus não define ninguém — mas o preconceito, sim.

Foto: © UNAIDS Brasil/Thiago Santos

Para celebrar o 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta contra a AIDS, o UNAIDS e a Globo lançaram uma campanha que aborda o estigma e a discriminação em relação às pessoas que vivem com HIV. Com imagens de personagens marcantes da dramaturgia brasileira, a iniciativa mostra que, após 40 anos da resposta ao HIV no Brasil, viver com o vírus não define ninguém — mas o preconceito, sim.

A data é simbólica por celebrar a vida de quem vive com HIV, lembrar das milhares de pessoas que — no Brasil e no mundo — não puderam testemunhar os avanços no tratamento e evidenciar que ainda temos um longo caminho na busca por uma sociedade livre de estigma e discriminação.

"Reconhecemos que as mensagens sobre HIV precisam ser comunicadas de forma que as pessoas entendam. Celebramos essa colaboração com a TV Globo para que falemos sobre estigma e discriminação relacionada ao HIV confiando no poder da televisão aberta para alcançar pessoas que muitas vezes não têm acesso às informações disponíveis na internet ou redes sociais. A linguagem estigmatizante gera comportamento discriminatório e é essa a mudança que queremos promover", destaca Andrea Boccardi Vidarte, diretora e representante do UNAIDS no Brasil.

Em 2024, segundo dados do Índice de Estigma em relação às pessoas que vivem com HIV, lançado por organizações da sociedade civil com apoio do UNAIDS, 52,9% das pessoas com sorologia positiva para o HIV já sofreram ou vivenciaram algum tipo de discriminação apenas por viverem com o vírus.

"Com o avanço da ciência, felizmente, muitas pessoas que vivem com HIV, vivem com qualidade. Não podemos permitir que o preconceito dificulte a inserção dessas pessoas na sociedade. A melhor forma de proteção para todos é informação e respeito. A Globo apoia essa causa e lança esta campanha, em parceria com o UNAIDS, como forma de combate ao estigma e de valorização da vida. Juntos, com conhecimento e empatia, podemos construir uma sociedade mais justa e acolhedora para todos", explica Ana Paula Brasil, gerente de Valor Social da Globo.

A parceria em campanhas entre a área de Responsabilidade Social da Globo e o UNAIDS é de longa data. No âmbito da campanha "Viver Melhor", houve inserções em "Malhação – Seu Lugar no Mundo", direcionadas ao público jovem; na série original do Gshow "Eu Só Quero Amar", com temas como prevenção, tratamento e testagem, profilaxia pós-exposição (PEP), convívio familiar e escolar, bullying, leis e direitos de pessoas vivendo com HIV e, principalmente, histórias de amor entre casais sorodiferentes; e na novela "Totalmente Demais", para incentivar a adoção de crianças vivendo com HIV.

campanha é exibida na TV Globo, que alcança em média 70 milhões de pessoas por dia em território nacional, entre os dias 01 e 20 de dezembro de 2025. 



OIT divulga diagnóstico inédito sobre trabalho infantil no Brasil

Um diagnóstico inédito da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostra que a maioria das crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil no país são jovens negros que vivem fora das capitais e regiões metropolitanas. 


Em 2023, 1,6 milhão de crianças e adolescentes estavam nessa condição, sendo 586 mil em atividades perigosas. 

O estudo reforça que a erradicação do trabalho infantil exige ações intersetoriais, fortalecimento da rede de proteção e políticas públicas sustentáveis.

Estudo realizado a partir de dados oficiais atualizados e inéditos revela avanços e desafios para a erradicação do trabalho infantil no país.
Legenda: Estudo realizado a partir de dados oficiais atualizados e inéditos revela avanços e desafios para a erradicação do trabalho infantil no país.
Foto: © OIT


Jovens negros que moram fora das capitais e regiões metropolitanas. Esse é o perfil majoritário das crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil no Brasil, segundo um diagnóstico inédito realizado pelo Escritório da 
Organização Internacional do Trabalho (OIT) para o Brasil

O estudo "Dimensões do Trabalho Infantil no Brasil: desafios persistentes e caminhos para acelerar a erradicação" reúne informações de diversas fontes oficiais de 2023 e apresenta uma avaliação detalhada sobre o perfil das crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, incluindo suas condições de vida, escolaridade, ocupações e riscos associados. 

"Os resultados desse diagnóstico inédito reforçam como o trabalho infantil no Brasil está associado a desigualdades sociais, raciais e de gênero, e que sua erradicação exige ações intersetoriais, fortalecimento da rede de proteção, ampliação da fiscalização e políticas públicas sustentáveis", disse o diretor do Escritório da OIT para o Brasil, Vinícius Pinheiro. 

O diagnóstico destaca ainda que a proteção de crianças e adolescentes é um elemento essencial dos direitos humanos. Também traz informações sobre ações de fiscalização, acolhimento e políticas públicas, além de recomendações para erradicação do trabalho infantil até 2025, conforme a meta 8.7 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Resultados principais

Em 2023, havia 1,607 milhão de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos em situação de trabalho infantil, o equivalente da 4,2% do total de crianças e adolecentes nessa faixa de idade e o menor número da série histórica do IBGE iniciada em 2016.  Desse total, 586 mil -  ou cerca de quatro em cada 10 - exerciam trabalho em condições perigosas, insalubres ou degradantes. 

No mesmo período, entre essas crianças e adolescentes, a maioria era de meninos (1,026 milhão),  negros (1,259 milhão), entre 16 e 17 anos (895 mil), vivendo em áreas urbanas (1,174 milhão), fora das capitais e regiões metropolitanas (1,291 milhão) e nas regiões Nordeste (506 mil) e Sudeste (478 mil).

A maioria das crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil atuava como empregados (676 mil) ou trabalhadores na produção para próprio consumo (425 mil) na agropecuária (443 mil), no comércio (316 mil) e em serviços (419), com destaque para ocupações perigosas como vendedores e trabalhadores em restaurantes. 

Mas quando analisado o Trabalho Infantil Doméstico (TID), atividade exercida por a 77 mil crianças e adolescentes em 2023, o perfil muda e a maioria passa a ser de meninas (82%) e negras (62%). 

Os dados oficiais do IBGE relativos a 2024, lançados após a conclusão deste diagnóstico, mostram uma interrupção da trajetória de queda do contingente em situação de trabalho infantil no Brasil, com 1,650 milhão (4,3% do total de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos de idade) em situação de trabalho infantil e 560 mil exercendo uma das piores formas de trabalho, números que afastam ainda mais o país do alcance da meta 8.7 dos ODS de erradicar o trabalho de crianças e adolescentes até 2025.

Avanços, pandemia e desafios 

O trabalho infantil está fortemente associado à pobreza, desigualdade racial e de gênero. A maioria das crianças em situação de trabalho infantil vive em domicílios com renda per capita de até meio salário-mínimo (786 mil). Apesar de 86,1% frequentarem a escola, esse número é inferior à média nacional (97,5%), indicando vulnerabilidade educacional. 

A pandemia da COVID-19 agravou o problema, com aumento do contingente em 2022 para 1,88 milhão (4,9%), embora reduzido posteriormente em 2023.

Assistência Social e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes

Entre 2017 e 2025, segundo o estudo, os Centros de Referência (CRAS/CREAS) acolheram 7.233 crianças em situação de trabalho infantil e 1.931 vítimas de exploração sexual. Enquanto auditorias fiscais retiraram 12.697 crianças entre 2017 e 2024, 44% em atividades ao ar livre sem proteção ou em vias públicas.

Apenas 2,6% dos municípios possuem delegacias especializadas para proteção da infância; 19% têm legislação específica contra violência sexual. O programa MAPEAR da Polícia Rodoviária Federal identificou 17.687 pontos vulneráveis à exploração sexual infantil nas rodovias federais, com destaque para os estados de Minas Gerais e Piauí.

Recomendações

O estudo reforça que o trabalho infantil no Brasil está associado a desigualdades sociais, raciais e de gênero, e que sua erradicação exige ações intersetoriais, fortalecimento da rede de proteção, ampliação da fiscalização e políticas públicas sustentáveis.  Por isso, apresenta uma série de recomendações para ajudar na erradicação do trabalho infantil, entre elas: 

  • Produção regular de estatísticas específicas sobre trabalho infantil e uso de plataformas de dados como o Smartlab para monitoramento.
  • Garantia de orçamento para ações de erradicação do trabalho infantil.
  • Identificação escolar de crianças em situação de trabalho infantil e ampliação da jornada escolar com oferta de cultura e qualidade de ensino.
  • Fortalecimento da aprendizagem profissional inclusiva (API).
  • Proteção social ampliada para famílias vulneráveis com expansão de políticas de transferência de renda condicionadas.
  • Políticas fiscais e setoriais sustentáveis para geração de emprego com promoção do trabalho decente para famílias vulneráveis.
  • Fortalecimento da fiscalização com suporte das polícias e agências, incluindo a melhoria da estrutura dos CRAS/CREAS nos municípios.
  • Infraestrutura mínima para emergências como pandemias e eventos climáticos.


Lula diz que ma não sabe descascar banana

"Eu queria até fazer um apelo. Se o Zema quiser, eu posso fazer um cursinho à distância para ensiná-lo a descascar banana e comer", afirmou Lula, durante a Caravana Federativa em Belo Horizonte.


segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Ypê plantará uma árvore a cada litro de amaciante concentrado Ypê Green até chegar a 200 mil unidades




A Ypê já plantou mais de 1 milhão de árvores. Falta você!


WWF Brasil - Dia Internacional da Onça-pintada