terça-feira, 20 de fevereiro de 2024
Vitória na Colômbia - Milho Crioulo
Atlas do Agronegócio - fatos e dados do uso dessa substância na agricultura - acesse aqui
Podcast novo sobre aroecologia
No Brasil e na contramão - rotulagem de transgênicos
O Senado vai retomar as análises sobre o projeto de lei (PL 34/2015) que trata da retirada do símbolo de transgênico dos alimentos. A lei hoje prevê que os alimentos que contenham mais de 1% de OGMs em sua composição devem adotar rotulagem específica. Mas caso esse PL seja aprovado, as embalagens dos produtos deixarão de informar que os transgênicos são sua matéria prima.
Na mesma onda, as tecnologias de edição genética, que não figuram como OGMs na legislação brasileira segundo a interpretação praticada pela CTNBio, seguem se ampliando. A Embrapa Soja adquiriu uma licença para usar a tecnologia Crispr da empresa norteamericana Corteva - detentetora do maior número de patentes de edicação genética no mundo! A variedade de soja desenvolvida por uma empresa pública, agora com a tecnologia da Corteva, será comercializada e os lucros serão divididos com a própria empresa norteamericana. Além disso, nada de aviso nos rótulos aos consumidores, já que não se trata, na concepção da CTNBio de um organismo transgênico.
Na Europa… um grupo de pesquisadores/as de diversos países se reuniu para se opor e advertir sobre a proposta legislativa apresentada pela Comissão Européia, na qual plantas obtidas por meio da "nova" engenharia genética poderiam ser liberadas sem uma avaliação prévia de riscos. Eles/as alertam sobre os riscos para o meio ambiente a evolução natural das espécies, assim como para a saúde das pessoas.
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024
Dicas da SOS Mata Atlântica para o Carnaval
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quarta-feira, 24 de janeiro de 2024
ONU oferece apoio financeiro para participação no Fórum Permanente de Afrodescendentes
O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos está oferecendo apoio financeiro para que representantes da sociedade civil possam participar da sessão deste ano do Fórum Permanente de Afrodescendentes.
A solicitação de apoio financeiro deverá ser feita por e-mail até o dia 21 de janeiro (domingo).
A terceira sessão do Fórum Permanente será realizada em Genebra, na Suíça, entre os dias 16 e 19 de abril de 2024.
Legenda: O Fórum Permanente de Afrodescendentes recebe solicitações de apoio financeiro para representantes e organizações da sociedade civil até o dia 21 de janeiro de 2024.Foto: © Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH)O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos está oferecendo apoio financeiro para que algumas pessoas integrantes da sociedade civil possam participar da terceira sessão do Fórum Permanente de Afrodescendentes, em Genebra, entre os dias 16 e 19 de abril de 2024.
As solicitações de apoio deverão feitas através do e-mail pfpad@un.org, com o preenchimento e assinatura do formulário (disponível em espanhol, inglês e francês).
As pessoas serão selecionadas com base em seu trabalho de proteção e promoção dos direitos humanos de pessoas afrodescendentes. A seleção também terá como base o potencial das pessoas para contribuir para os debates específicos da agenda do Fórum Permanente. O processo de seleção também levará em conta critérios de diversidade geográfica e de igualdade de gênero.
Independente de receber ou não apoio, as pessoas interessadas em acompanhar a Terceira Sessão do Fórum Permanente devem se registrar na plataforma de conferências da ONU (https://indico.un.org/event/1004528/) antes de 05 de abril de 2024.
O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos está oferecendo apoio financeiro para que representantes da sociedade civil possam participar da sessão deste ano do Fórum Permanente de Afrodescendentes.
A solicitação de apoio financeiro deverá ser feita por e-mail até o dia 21 de janeiro (domingo).
A terceira sessão do Fórum Permanente será realizada em Genebra, na Suíça, entre os dias 16 e 19 de abril de 2024.
O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos está oferecendo apoio financeiro para que algumas pessoas integrantes da sociedade civil possam participar da terceira sessão do Fórum Permanente de Afrodescendentes, em Genebra, entre os dias 16 e 19 de abril de 2024.
As solicitações de apoio deverão feitas através do e-mail pfpad@un.org, com o preenchimento e assinatura do formulário (disponível em espanhol, inglês e francês).
As pessoas serão selecionadas com base em seu trabalho de proteção e promoção dos direitos humanos de pessoas afrodescendentes. A seleção também terá como base o potencial das pessoas para contribuir para os debates específicos da agenda do Fórum Permanente. O processo de seleção também levará em conta critérios de diversidade geográfica e de igualdade de gênero.
Independente de receber ou não apoio, as pessoas interessadas em acompanhar a Terceira Sessão do Fórum Permanente devem se registrar na plataforma de conferências da ONU (https://indico.un.org/event/1004528/) antes de 05 de abril de 2024.
Mais informações:
- Visite a página da ONU Direitos Humanos para instruções para o preenchimento do formulário e documentação exigida: https://www.ohchr.org/es/events/sessions/2024/third-session-permanent-forum-people-african-descent
- Em caso de dúvidas, favor entrar em contato com jocelyn.fucio@un.org e flomel.cabrera@un.org.
- Nas redes sociais, siga @onuderechoshumanos para atualizações sobre o Fórum Permanente.
- Visite a página da ONU Direitos Humanos para instruções para o preenchimento do formulário e documentação exigida: https://www.ohchr.org/es/events/sessions/2024/third-session-permanent-forum-people-african-descent
- Em caso de dúvidas, favor entrar em contato com jocelyn.fucio@un.org e flomel.cabrera@un.org.
- Nas redes sociais, siga @onuderechoshumanos para atualizações sobre o Fórum Permanente.
Sobre o Fórum Permanente de Afrodescendentes:
O Fórum Permanente foi criado pela Assembleia Geral das Nações Unidas como parte das ações da Década Internacional de Afrodescendentes (2014-2024). Ao declarar esta Década, a comunidade internacional reconheceu que os povos afrodescendentes representam um grupo distinto cujos direitos humanos precisam ser promovidos e protegidos.
Legenda: Existem aproximadamente 200 milhões de pessoas vivendo nas Américas que se identificam como afrodescendentes. Muitos mais vivem em outros lugares do mundo, fora do continente africano.Foto: © Década Internacional de Afrodescendentes.Um dos principais temas de debate do Fórum Permanente tem sido a elaboração de uma Convenção da ONU sobre promoção, proteção e respeito aos direitos humanos de pessoas afrodescendentes.
O Fórum contribui com a inclusão política, econômica e social das pessoas afrodescendentes e avalia boas práticas, desafios, oportunidades e iniciativas relacionadas à implementação da Declaração e Programa de Ação de Durban e da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial.
O Fórum Permanente foi criado pela Assembleia Geral das Nações Unidas como parte das ações da Década Internacional de Afrodescendentes (2014-2024). Ao declarar esta Década, a comunidade internacional reconheceu que os povos afrodescendentes representam um grupo distinto cujos direitos humanos precisam ser promovidos e protegidos.
Um dos principais temas de debate do Fórum Permanente tem sido a elaboração de uma Convenção da ONU sobre promoção, proteção e respeito aos direitos humanos de pessoas afrodescendentes.
O Fórum contribui com a inclusão política, econômica e social das pessoas afrodescendentes e avalia boas práticas, desafios, oportunidades e iniciativas relacionadas à implementação da Declaração e Programa de Ação de Durban e da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial.
FIDA e BID lançam projeto conjunto para melhorar a vida de 210 mil pessoas da zona rural do semiárido do Piauí
O Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola da ONU e o Banco Interamericano de Desenvolvimento lançaram, em parceria com o governo do Piauí, programa conjunto para melhorar a segurança alimentar e nutricional em uma das regiões mais vulneráveis do Brasil.
Com um orçamento total de US$ 147,5 milhões, o programa Piauí Sustentável e Inclusivo apoiará 210.000 pessoas na região do semiárido do estado.
O investimento visa promover o desenvolvimento rural sustentável, abordando questões estruturais como escassez de água, degradação ambiental, falta de saneamento em comunidades rurais, baixa produtividade agrícola e vulnerabilidade dos pequenos agricultores à mudança climática.
O Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) da ONU e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) uniram forças para aumentar a renda dos pequenos agricultores e melhorar a segurança alimentar e nutricional nas bacias do Piauí-Canindé, atingindo 210.000 pessoas da zona rural do Piauí, uma das regiões mais vulneráveis do Brasil.
O novo projeto de financiamento conjunto, Piauí Sustentável e Inclusivo (PSI), foi lançado recentemente em parceria com o governo do Piauí e também melhorará o acesso a serviços básicos, incluindo água e saneamento, e apoiará as comunidades rurais a se adaptarem à mudança climática.
O FIDA concederá um empréstimo de US$ 18 milhões; o BID, um empréstimo de US$ 100 milhões; e o estado do Piauí contribuirá com US$ 29,5 milhões, totalizando um orçamento global de US$ 147,5 milhões.
A diretora regional do FIDA para a América Latina e Caribe, Rossana Polastri, destacou que este é o primeiro projeto financiado conjuntamente entre o FIDA e o BID no Brasil:
"A parceria com o BID permite que o FIDA intensifique os investimentos em recuperação ambiental, nutrição saudável e soluções digitais, ao mesmo tempo em que amplia nossas operações em água e saneamento, de acordo com nosso objetivo de impulsionar o desenvolvimento sustentável das famílias rurais em uma das regiões mais vulneráveis do Brasil".
O representante do BID no Brasil, Morgan Doyle, expressou sua "satisfação com o início do projeto e ressaltou a importância do foco em populações vulneráveis, em particular mulheres, jovens e comunidades quilombolas". Ele acrescentou:
"BID está fortemente comprometido com a melhoria da produção agrícola dessas comunidades, assim como o acesso a alimentos e o desenvolvimento da capacidade de adaptação à mudança climática"
Uma parte significativa do território do Piauí está localizada no Sertão, a região semiárida do nordeste do Brasil, que abriga a maioria dos pequenos agricultores do país. Historicamente, a área tem sido o maior bolsão de pobreza rural da América Latina. Atualmente, 3 milhões de pessoas vivem em extrema pobreza no Sertão, das quais quase metade vive em áreas rurais.
O governador do Piauí, Rafael Fonteles, explicou:
"O novo projeto ampliará uma intervenção anterior bem-sucedida que impactou positivamente o bem-estar de milhares de famílias na região semiárida do estado. O investimento melhorará a situação das famílias mais vulneráveis em áreas rurais remotas que registram o menor índice de desenvolvimento humano, com foco especial nas mulheres e nas comunidades tradicionais".
O investimento conjunto visa promover o desenvolvimento rural sustentável, abordando questões estruturais como escassez de água, degradação ambiental, falta de saneamento em comunidades rurais, baixa produtividade agrícola e vulnerabilidade dos pequenos agricultores às mudanças climáticas.
As operações se basearão na experiência e na parceria de investimento de longa data do FIDA com os governos estaduais do nordeste do Brasil e com os pequenos produtores e as comunidades rurais locais.
O FIDA espera expandir a parceria com o BID no Brasil e em toda a região para aumentar o alcance e o impacto na redução da pobreza, na produção e na comercialização.
Nota ao editor:
O investimento do FIDA-BID oferecerá oportunidades para mulheres e jovens da zona rural. Novas oportunidades de renda serão criadas por meio de investimentos produtivos em apicultura e cultivo de caju, entre outros. O acesso e o controle sobre os recursos naturais serão fortalecidos com assistência técnica. As atividades também incluirão treinamento em liderança e promoverão as habilidades de tomada de decisão das mulheres nas organizações de agricultores.
A igualdade de gênero também será promovida por meio da introdução de tecnologias, como energia renovável e coleta de água, que devem levar à melhoria do saneamento doméstico, da higiene e da diversidade nutricional. A carga de trabalho das mulheres será reduzida, principalmente com fogões ecoeficientes e acesso à água.
As obras do projeto PSI melhorarão o abastecimento de água potável graças às cisternas domésticas que podem coletar e armazenar água da chuva para consumo humano, bem como por meio de sistemas simplificados de abastecimento de água que fornecem conexão individual doméstica a fontes comunitárias (água superficial ou subterrânea), gerenciados em conjunto.
Serão construídas ou restauradas sistemas de saneamento básico simplificados para as famílias, incluindo sistemas individuais de tratamento de esgoto doméstico, sistemas individuais para o reuso de águas cinzas em quintais, e fossas verdes; e o estabelecimento de passagens molhadas, uma forma ambientalmente correta de acesso a cursos d'água intermitentes para reduzir as interrupções no transporte durante as estações chuvosas.
Sobre o FIDA:
O FIDA é uma instituição financeira internacional e uma agência especializada das Nações Unidas. Com sede em Roma - o centro de alimentos e agricultura das Nações Unidas - o FIDA investe na população rural, capacitando-a a reduzir a pobreza, aumentar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e fortalecer a resiliência. Desde 1978, fornecemos mais de US$ 24 bilhões em doações e empréstimos a juros baixos para financiar projetos em países em desenvolvimento.
Uma grande variedade de fotografias e conteúdo de vídeo com qualidade de transmissão do trabalho do FIDA em comunidades rurais está disponível para download no Banco de Imagens.
ONU Brasil lança página integrada para #EducaçãoAmbiental
Na semana em que se celebra o Dia Internacional da Educação (24 de janeiro) é o momento ideal para refletirmos sobre a importância da educação ambiental em todos os setores da sociedade.
O Dia da Educação nos lembra da necessidade de promover e valorizar a educação em todas as suas formas, especialmente a ambiental, como um pilar para o desenvolvimento sustentável.
Esse tema, essencial para professores, acadêmicos, empreendedores, ativistas e formuladores de políticas públicas, ganha uma relevância ainda maior em um mundo que enfrenta desafios ambientais crescentes: secas prolongadas, incêndios florestais, enchentes, temperaturas extremas, e os inúmeros efeitos da tripla crise planetária, que inclui mudança climática, poluição e perda da natureza e da biodiversidade.
Estudos globais da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) de 2021 mostram que, embora 95% dos professores de ensino fundamental e médio entrevistados acreditam que o ensino da mudança climática é importante, menos de 30% têm recursos suficientes para ensiná-lo. Além disso, 70% dos jovens afirmaram ter dificuldades para explicar o que é mudança climática.
Navegue pelos nossos cursos, publicações e materiais interativos
Neste processo contínuo de conscientização sobre o meio ambiente, capacitar indivíduos e comunidades a resolver problemas ambientais é fundamental.
Por isso, com a participação das agências especializadas, fundos e programas das Nações Unidas no Brasil, reunimos diversos materiais que podem servir de guia na jornada para entender melhor as questões ambientais.
Visite a página sobre #EducaçãoAmbiental para acessar recursos para professores, estudantes, jovens ativistas, sociedade civil, empreendedores e formuladores de políticas.
Entenda o papel das Nações Unidas na Educação Ambiental
Historicamente, a educação ambiental tem sido um pilar fundamental nas políticas das Nações Unidas. Desde a Conferência de Estocolmo em 1972, a ONU reconheceu a importância crucial da conscientização e educação ambiental como ferramentas para o desenvolvimento sustentável. Este evento marcou o início de uma jornada global em direção a uma maior compreensão e ação em relação às questões ambientais.
Desde a Conferência de Estocolmo em 1972 até a Cúpula da ONU sobre Transformação da Educação em 2022, vários eventos e documentos internacionais enfatizaram a importância da educação ambiental. Isso inclui a Carta de Belgrado de 1975, a Conferência de Tbilisi de 1977, o Relatório Brundtland de 1987, a Agenda 21 da Cúpula da Terra de 1992 e a Convenção sobre Diversidade Biológica de 1993.
A pandemia de COVID-19 destacou a necessidade urgente de transformar a educação para enfrentar a crise climática e ambiental, levando à Parceria de Educação Verde, que promove ações coordenadas para preparar os aprendizes para um futuro sustentável.
Um estudo da UNESCO revelou que apenas 30% de 80 países possuem orçamentos de educação sobre mudança climática publicamente disponíveis, destacando uma lacuna significativa na transparência e no comprometimento com este tema crucial.
O levantamento, que compila perfis de países sobre leis e políticas educacionais nacionais relacionadas à comunicação e educação sobre mudança climática, constatou que apenas 38% desses países possuem uma lei, política ou estratégia em nível nacional especificamente voltada para a educação sobre mudança climática.
Além disso, 63% dos países incluem planos de capacitação de professores que abordam a mudança climática, indicando um reconhecimento da importância do tema, mas também revelando uma necessidade de maior integração e implementação de políticas educacionais voltadas para a conscientização e ação climática.
Ao considerar os esforços contínuos das Nações Unidas, fica claro que a educação ambiental é mais do que uma disciplina acadêmica; é uma necessidade urgente e uma responsabilidade compartilhada. À medida que avançamos em 2024, há uma oportunidade renovada para reafirmar nosso compromisso com o meio ambiente, através da educação e da ação.
Saiba mais:
- Visite a página da ONU Brasil: https://bit.ly/ONU_EducacaoAmbiental
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segunda-feira, 22 de janeiro de 2024
ONU confirma que 2023 bate recorde de temperatura global
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) oficializa que 2023 é o ano mais quente já registrado.
Seis conjuntos de dados internacionais confirmaram que a média global anual foi 1,45°C, com margem de erro de mais ou menos 0,12°C. O valor se aproxima cada vez mais de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, o marco limite do Acordo de Paris.
Segundo a OMM, o ano de 2024 pode ser ainda mais quente, acompanhado por enormes impactos socioeconômicos.
Foto: © John Towner/Unsplash
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) confirmou oficialmente que 2023 é o ano mais quente já registrado, por uma margem enorme. A temperatura média anual global aproximou-se de 1,5° Celsius acima dos níveis pré-industriais – um valor simbólico porque o Acordo de Paris sobre as alterações climáticas visa limitar o aumento da temperatura a longo prazo (uma média para décadas e não para um ano individual como 2023) para não mais do que 1,5° Celsius acima dos níveis da era pré-industrial.
Os seis principais conjuntos de dados internacionais utilizados para monitorar as temperaturas globais, consolidados pela OMM, mostram que a temperatura global média anual foi 1,45 ± 0,12 °C acima dos níveis pré-industriais (1850-1900) em 2023. As temperaturas globais em todos os meses entre junho e dezembro estabeleceram novos recordes mensais. Julho e agosto foram os dois meses mais quentes já registrados.
"As alterações climáticas são o maior desafio que a humanidade enfrenta. Está afetando todas as pessoas, especialmente os mais vulneráveis", disse a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo. "Não podemos esperar mais. Já estamos tomando medidas, mas temos de fazer mais e rapidamente. Temos de fazer reduções drásticas nas emissões de gases de efeito estufa e acelerar a transição para fontes de energias renováveis", explica.
"A mudança do arrefecimento da La Niña para o aquecimento do El Niño, em meados de 2023, reflete-se claramente no aumento da temperatura em relação ao ano passado. Dado que o El Niño normalmente tem o maior impacto nas temperaturas globais depois de atingir o pico, 2024 poderá ser ainda mais quente", afirma.
"Embora os eventos do El Niño ocorram naturalmente e venham e vão de um ano para o outro, as alterações climáticas a longo prazo estão aumentando e isso acontece, inequivocamente, às atividades humanas. A crise climática está agravando a crise da desigualdade. Afeta todos os aspetos do desenvolvimento sustentável e mina os esforços para combater a pobreza, a fome, os problemas de saúde, o deslocamento e a degradação ambiental", afirma a secretário-geral da OMM, que assumiu o cargo em 1º de janeiro de 2024.
Desde 1980, cada década tem sido mais quente do que a anterior. Os últimos nove anos foram os mais quente já registrados. Os anos de 2016 (El Niño forte) e 2020 foram anteriormente classificados como o ano mais quente já registrado, com 1,29 ±0,12°C e 1,27 ±0,12°C acima da era pré-industrial.
Com base nos seis conjuntos de dados, a média de dez anos 2014-2023 foi 1,20 ±0,12°C acima da média de 1850-1900, tendo em consideração uma margem de incerteza. "As ações da humanidade estão queimando a Terra. 2023 foi uma antevisão do futuro catastrófico que nos espera, se não agirmos agora. Devemos responder aos aumentos recordes de temperatura com ações pioneiras", afirma o secretário-geral da ONU, António Guterres.
"Ainda podemos evitar o pior da catástrofe climática, mas apenas se agirmos agora com a ambição necessária para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus Celsius e proporcionar justiça climática", afirmou em um comunicado. O monitoramento das temperaturas globais a longo prazo é apenas um indicador do clima e da forma como este indicador está mudando.
Outros indicadores-chave incluem as concentrações atmosféricas de gases de efeito de estufa, o calor e a acidificação dos oceanos, o nível do mar, a extensão do gelo marinho e o equilíbrio da massa dos glaciares.
O Relatório Provisório sobre o Estado do Clima Global em 2023 da OMM, publicado a 30 de novembro, mostrou que os recordes foram quebrados em todos os níveis. As temperaturas da superfície do mar foram excepcionalmente elevadas durante grande parte do ano, acompanhadas por ondas de calor marinhas severas e prejudiciais. A extensão do gelo marinho antártico foi a mais baixa já registrada, tanto para o mínimo do final do verão, em fevereiro, quanto para o máximo do final do inverno, em setembro.
Essas mudanças de longo prazo no nosso clima afetam a meteorologia no dia a dia. Em 2023, o calor extremo impactou a saúde e ajudou a alimentar incêndios florestais devastadores. Chuvas intensas, inundações e ciclones tropicais de rápida intensificação deixaram um rasto de destruição, morte e enormes perdas econômicas.
A OMM publicará seu relatório final sobre o Estado do Clima Global 2023 em março de 2024, que incluirá detalhes sobre os impactos socioeconômicos na segurança alimentar, no deslocamento e na saúde.
Conjuntos de dados oficiais
Os números consolidados da OMM baseiam-se em seis conjuntos de dados internacionais para fornecer uma legítima avaliação de temperatura. A OMM usa conjuntos de dados baseados em dados climatológicos de locais de observação, navios e bóias em redes marinhas globais, desenvolvidos e mantidos pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), pelo Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA (NASA GISS), pelo Met Office Hadley Center do Reino Unido e a Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia (HadCRUT), e o grupo Berkeley Earth.
A OMM também utiliza conjuntos de dados de reanálise do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo e do seu Serviço de Alterações Climáticas Copernicus, e da Agência Meteorológica do Japão (JMA). A reanálise combina milhões de observações meteorológicas e marinhas, inclusive de satélites, usando um modelo meteorológico para produzir uma reanálise completa da atmosfera. A combinação de observações com valores modelados torna possível estimar temperaturas a qualquer momento e em qualquer lugar do globo, mesmo em áreas com dados escassos, como as regiões polares. 2023 foi classificado como o ano mais quente em todos os seis conjuntos de dados.
Acordo de Paris
O Acordo de Paris procura manter o aumento da temperatura média global bem abaixo dos 2°C acima dos níveis pré-industriais, ao mesmo tempo em que se esforça para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. O Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas afirma que os riscos relacionados com o clima para os sistemas naturais e humanos são maiores para um aquecimento global de 1,5 °C do que o atual, mas inferiores aos de 2 °C.
Um estudo da OMM e do Met Office do Reino Unido previu no ano passado que há uma probabilidade de 66% de que a temperatura global média à superfície terrestre, entre 2023 e 2027, seja mais de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais durante pelo menos um ano. Isto não significa que iremos exceder permanentemente o nível de 1,5°C especificado no Acordo de Paris, que se refere ao aquecimento a longo prazo durante muitos anos.
A probabilidade de ultrapassar temporariamente 1,5°C tem aumentado constantemente desde 2015, quando estava perto de zero. Para os anos entre 2017 e 2021, havia 10% de hipóteses de superar este número.
A Organização Meteorológica Mundial é a autoridade do Sistema das Nações Unidas para a Meteorologia, o Clima e a Água.